terça-feira, 27 de outubro de 2009

A nanotecnologia e a pesquisa no Brasil

A nanotecnologia tem como idéia fundamental a criação de novos materiais e desenvolver produtos ou processos baseados na possibilidade de se manipular a matéria em escala atômica, molecular ou macromolecular. A Royal Society e a The Royal Academy of Engineering do Reino Unido definem “nanotecnologias” como “projeto, caracterização, produção e aplicação de estruturas, dispositivos e sistemas pelo controle da forma e do tamanho numa escala nanométrica”. Dentre as aplicações da nanotecnologia, pode-se destacar: o aumento da capacidade de armazenamento e processamento de dados dos computadores; a produção de suportes eficientes para a entrega de medicamentos e o desenvolvimento de materiais mais leves e mais resistentes do que os convencionais. A Royal Society reporta que o setor produtivo prevê que o mercado mundial de produtos nanoestruturados deverá movimentar cerca de 2 trilhões de dólares até 2012. Atualmente, estima-se que nesta área emergente da tecnologia mais de oito bilhões de dólares por ano são investidos em pesquisas e no desenvolvimento de novos materiais em países como Estados Unidos da América, Coréia do Sul, China, Japão e a União Européia. Vale ressaltar que a nanotecnologia engloba as Ciências Naturais (física, química e biologia) e também a Engenharia e Ciência dos Materiais. E no Brasil, quais seriam estes valores destinados à pesquisa e qual a perspectiva do setor produtivo nacional em auferir lucros com produtos baseados nos avanços nanotecnológicos?


De acordo com Camila Fusco (Nanotecnologia para os outros”, Revista Exame, edição 954, nº. 20, p.126-127, 2009), o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) já investiu cerca de 240 milhões de reais em projetos de nanotecnologia no nosso país desde o ano de 2004. Assim, a resposta a primeira pergunta feita anteriormente estaria plenamente respondida. E em relação à segunda pergunta, acredito que também seria razoável que o artigo publicado na revista Exame também pudesse abordar tal questão. Para a minha surpresa, a autora não indicou nenhum valor. Entretanto, neste artigo foi mencionado alguns exemplos de como a burocracia e a falta de financiamentos pode prejudicar os negócios de algumas empresas (Quattor Petroquímica S.A. e Aquamare) quando se pretende licenciar e inserir os seus produtos nanotecnológicos no mercado nacional.


Devo confessar que inicialmente comecei a ler o artigo sem pensar em pesquisa. Contudo, fiquei bastante perplexo ao notar que a jornalista após citar o montante de dinheiro investido pelo governo federal, aproveitou a oportunidade e disparou que a verba “financiou pesquisas que resultaram apenas em artigos em publicações científicas” (sic). Analisando-se as dificuldades reportadas pela repórter sobre a lentidão na avaliação que deveria ser realizada pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) em relação aos produtos da petroquímica Quattor e da Aquamare, até parece justo aceitarmos esta infeliz frase veiculada no artigo da seção - Tecnologia inovação - do periódico. Entretanto, qualquer pesquisador poderá relatar que a realização de uma publicação original cuja a contribuição científica seja considerada relevante para a Comunidade Acadêmica Internacional pode possuir um valor agregado similar à produção de patentes. Além disso, também merece destacarmos as grandes diferenças em relação aos recursos investidos até o presente momento pelo MCT em nanotecnologia quando comparamos os financiamentos das outras grandes potências econômicas. Também deveríamos lembrar a sociedade que não dispomos de toda infraestrutura científica necessária a um pleno e constante desenvolvimento tecnológico no nosso país da criatividade (ou como alguns preferem, do jeitinho brasileiro). Em outras palavras, se tivéssemos os recursos físicos compatíveis com as instituições de pesquisa no exterior, talvez pudéssemos produzir não “apenas” publicações científicas ou artigos em periódicos com seletivo corpo editorial, mas também um número considerável de produtos e patentes. Se acreditarmos que o pensamento indicado pela jornalista possa refletir o da nossa sociedade, iremos concluir que no Brasil nenhum esforço ou trabalho sério fica à margem de críticas superficiais e raramente deverá receber o devido reconhecimento.

Saudações Universitárias,

Fabrício Lins

O ESPELHO E EU

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis, 14-2-1933

Oi pessoal,

Em função das mensagens postadas aqui nesse blog, achei oportuno “requentar” um texto de 2006. Quase fui processado (processado de verdade) quando o divulguei, aparentemente por estar “comparando a UFF com o Congresso Nacional” (!). Pode parecer engraçado, mas, sempre que tenho oportunidade, reitero tudo o que escrevi e republico. Aí vai.

O ESPELHO E EU (agosto de 2006)

Colegas,

Já fui muito criticado pelo que vou escrever a seguir, mas reafirmo – como estamos num regime democrático no qual ninguém é obrigado a escolher quem não quer, as nossas representações políticas (incluindo aí as Câmaras Municipais, as Assembléias Legislativas Estaduais, o Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado - e os Conselhos Superiores da UFF) são amostras bastante fiéis do que, de fato, nós somos como sociedade.

Outro dia me olhei no espelho e achei que a imagem estava com menos cabelo e com mais barriga do que eu na realidade. Provavelmente um defeito do espelho, pensei. Com as nossas instituições acontece a mesma coisa – a imagem que vemos não condiz com a idéia abstrata que temos de nós mesmos como sociedade, mas é a expressão da realidade.

A imagem da UFF e de nossos conselhos pode não agradar a algumas pessoas - mas ela é uma amostra fiel do que nós somos como instituição, do nosso grau de consciência política e do respeito que temos em relação à sociedade (somos servidores públicos, não é mesmo?).

Se alguém não gostar dessa imagem, deve buscar mudá-la e não negá-la como sendo uma coisa “dos outros”, porque no seu entorno imaginário todos seriam sempre bacanas.
....

Saudações Universitárias
Heraldo

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Democracia e Transparência

Prezados Leitores do Pensamento Acadêmico

Li, com atenção, as colocações dos artigos postados, durante a semana a acadêmica, pelos meus Colegas Heraldo e Emannuel da Escola de Engenharia de Niterói. Para quem ainda não os leu sugiro a leitura .

De fato, tanto no que se refere à legislação e regimentos vigentes para nomeações de dirigentes, quanto à transparência na condução dos projetos institucionais, deixamos muito a desejar em termos de democracia e transparências.

No caso de Volta Redonda, temos nossas preocupações voltadas à condução do projeto ligado aos nossos laboratórios e aos prédios que abrigarão os novos cursos. Temos também preocupações com a distribuição de funcionários do quadro técnico-administrativo, que foram, recentemente, contratados para o PUVR.

E neste ponto de vista, não entendemos porque se achou que em nossas unidades não temos uma pessoa capaz de conduzir estes projetos, visto que são frutos de nosso próprio trabalho. Jamais assisti a tamanha desconsideração com uma comunidade acadêmica, constituída de docentes/pesquisadores de elevado nível. É um desdém sem par. A motivação da nomeação, nas próprias palavras do Diretor do PUVR, recentemente nomeado, foi fundamentada nos interesses dos assessores do Reitor.

A acreditar nessa afirmação, perguntamos: E os interesses acadêmicos como ficam?

A comunidade de Volta Redonda, através de reunião do Conselho do PUVR já manifestou seu desejo de escolher seu dirigente e o CUV já foi informado. Não há razão alguma para protelar a Consulta.

Consulta já para os Pólos que a desejarem!

Saudações Acadêmicas e até breve.

Luiz Carlos Rolim Lopes

sábado, 24 de outubro de 2009

A UFF e o Planejamento

O planejamento é “o cálculo que precede e preside a ação”, conforme o definia Carlos Matus, Ministro do Planejamento do ex-presidente Salvador Allende do Chile. Portanto, o planejamento não é apenas o que precede a ação, o que vem antes de iniciar o trabalho concreto mas também o que preside, o que dirige, o que acompanha e o que aperfeiçoa a ação, corrigindo os desvios e melhorando os cálculos das próximas ações.
Essa idéia do planejamento é tão antiga que podemos encontrá-la até mesmo na Bíblia, no Evangelho Segundo São Lucas, onde Jesus chama a atenção para a importância de se calcular previamente as coisas para depois não ficar com obras pela metade. Jesus apresenta o exemplo de um homem que queria construir uma torre e tinha que calcular antes pra ver se conseguiria chegar até o fim com os recursos que dispunha ou que poderia obter. Veja como Jesus conta o caso em Lucas 14, 28-30:
"Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este homem começou a edificar e não pôde acabar".
Nenhuma organização, pública ou privada, nenhuma instância de Governo, seja Federal, Estadual ou Municipal pode dispensar o planejamento de suas ações sem sérias conseqüências para os seus próprios objetivos, para a sua Missão. No caso do setor público o planejamento é uma necessidade legal pois trata-se de condição fundamental para o uso transparente de recursos públicos.
Paradoxalmente, no entanto o Reitor da UFF não partilha desse pensamento. Até onde podemos acompanhar insiste em não compreender e/ou utilizar as boas práticas e os dispositivos do planejamento. O Orçamento e a Prestação de Contas anuais por exemplo, que poderiam ser a vitrine de uma condução democrática, transparente e eficiente da universidade, são transformados em peças de ficção, despojados totalmente do seu caráter e da sua força como instrumentos do planejamento, desrespeitando inclusive o Conselho Universitário e o Conselho de Curadores que são os órgãos que devem aprovar, no final das contas, estes documentos.
O Orçamento Anual, cuja proposta inicial, definida através de um levantamento intitulado Quadro de Detalhamento de Despesa (QDD), deve ser enviada ao MEC no primeiro semestre do ano anterior ao ano cujo orçamento se elabora, não reproduz nunca as demandas reais da instituição, é preparado de forma burocrática, nos limites finais dos prazos legais, de forma que não possa mesmo ser discutido e muito menos questionado.
A Comissão Mista de Orçamento e Metas, um espaço de planejamento institucional democrático e aberto criado em 2003 e que se reúne toda semana no Instituto de Física para discutir, elaborar e propor o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFF, tenta avançar progressivamente para além da mera discussão dos 17% de OCC atribuídos aos programas do PDI, mas não consegue obter as informações necessárias, não tem acesso à caixa-preta das chamadas despesas fixas que consomem 73% dos recursos de OCC e não possui informações acerca dos valores operados via fundação de apoio, que manipula anualmente um montante de recursos que já ultrapassa todo o orçamento de custeio e capital da própria universidade.
A Prestação de Contas Anual, que por determinação do Conselho Universitário deveria ser apresentada e examinada quadrimestralmente, não é apresentada nos prazos corretos e a prestação do final do ano é apresentada em reunião extraordinária do CUV convocada com prazos exíguos, que impedem definitivamente qualquer conselheiro de examinar minimamente o documento. Na prestação de contas de 2008 pude constatar, e denunciei no próprio plenário do CUV, a existência de problemas de estrutura, de linguagem e de matemática no documento apresentado, que fora encaminhado ao Conselho nas vésperas da sessão extraordinária. Pesa sempre sobre os conselheiros a ameaça de que se não aprovarem aquela prestação de contas tal como está a universidade ficará sem orçamento no ano seguinte. Agindo dessa forma com a Prestação de Contas perde-se a oportunidade de utilizá-la para aperfeiçoar as bases orçamentárias da instituição, verificando onde houve discrepâncias, avaliando-se suas causas, formulando ações corretivas e melhorando o próprio orçamento do ano seguinte.
Por que o dirigente máximo da universidade age dessa maneira? Sabemos que os neo-liberais de todos os matizes e os autoritários de todas as vertentes nunca gostaram de planejamento, argumentando que o “mercado” planeja sozinho. De fato o planejamento, quando bem feito, deixa claro quais são os investimentos e forma de alocação de recursos desejados pela comunidade, respeita as prioridades definidas por esta através dos mecanismos democráticos e elimina ou reduz significativamente a chamada “política de balcão”, pedra de toque do dirigente clientelista que busca transformar a alocação de recursos públicos em um favor que presta à comunidade. Este dirigente adora dizer que passando por ele está resolvido e pra isso ele precisa de recursos não transparentes. A universidade já tem uma estrutura que facilita este tipo de prática que é um culto à personalidade elevadíssimo centrado na pessoa do reitor, o Magnífico.
Vivemos particularmente um momento em que todas as universidades federais do país não apenas tiveram aumento nos seus orçamentos anuais como também, por conta do processo de expansão, tiveram acesso a recursos para investimentos, obras, contratação de professores e técnico-administrativos como não acontecia há muitos anos. Tudo isso vinculado a um Acordo de Metas assinado com o Ministério da Educação que fixa resultados esperados em termos de expansão do número de vagas que não são fáceis de serem alcançados. Usar os recursos repassados fora do que fora planejado, segundo critérios não transparentes e não discutidos com a comunidade acadêmica, pode comprometer seriamente nos próximos anos a integridade do fazer acadêmico e a autonomia didático-pedagógica, financeira e administrativa da instituição.
Embora tenha havido o “cálculo que precede” no início da expansão, liderado por equipes indicadas no Conselho Universitário e pela Comissão Mista de Orçamento e Metas, não está havendo na medida necessária o “cálculo que preside”, quando o recurso já está na universidade e passa a ser tratado como capital político de interesse particular do Reitor. É hora portanto das forças progressistas e democráticas da universidade ficarem atentas sobre o que irá acontecer com os dois instrumentos centrais do planejamento que são, para utilizar a terminologia do Carlos Matus, “o cálculo que precede” (o Orçamento 2010) e “o cálculo que preside” (Prestação de Contas 2009) a ação. Não é prudente deixar de examinar com cuidado estes instrumentos para que não suceda com a nossa universidade o que poderia ocorrer com o tal homem relatado por Jesus no Evangelho de Lucas que construía um torre sem os cuidados necessários para que ela não ficasse inacabada.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

7 DIAS (com adendos)

Após a postagem inicial, resolvi aumentar um pouco o texto . Portanto aí vai o texto com adendos:

Oi pessoal,

Em mensagem recente citei o Art. 7 do Decreto nº 1.916, de 23 de maio de 1996, o qual regulamenta o processo de escolha dos dirigentes de instituições federais de ensino superior:

“Art. 7º: O Presidente da República designará pro tempore o Reitor ou o Vice-Reitor de universidade e o Diretor ou o Vice-Diretor de estabelecimento isolado de ensino superior QUANDO, POR QUALQUER MOTIVO, ESTIVEREM VAGOS OS CARGOS RESPECTIVOS E NÃO HOUVER CONDIÇÕES PARA PROVIMENTO REGULAR IMEDIATO.

PARÁGRAFO ÚNICO. A DESIGNAÇÃO DE DIRIGENTE PRO TEMPORE CABERÁ AO REITOR QUANDO SE TRATAR DE DIRETOR OU VICE-DIRETOR DE UNIDADE UNIVERSITÁRIA.”


Certamente, não há argumento minimamente razoável para justificar a nomeação “pro tempore” de Diretor do pólo de Volta Redonda, sem consulta eleitoral.

Alguns colegas argumentaram que não seria possível fazer consulta eleitoral para direção de um pólo ou unidade isolada do interior caso todos os professores ainda se encontrassem e estágio probatório (não é o caso de Volta Redonda, mas pode ser o de Nova Friburgo ou de Rio das Ostras, por exemplo). Como sempre, fui estudar cuidadosamente a legislação existente sobre o assunto. Aí vai a minha opinião.

Realmente, o parágrafo único do Art. 24 do Regimento Geral das Consultas Eleitorais diz que “É inelegível em qualquer consulta o professor em estágio probatório”.

Contudo, o § 3o do Art. 20 da lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos públicos civis da união, das autarquias e das fundações públicas federais, estabelece que:

“§ 3o O SERVIDOR EM ESTÁGIO PROBATÓRIO PODERÁ EXERCER QUAISQUER CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO OU FUNÇÕES DE DIREÇÃO, CHEFIA OU ASSESSORAMENTO NO ÓRGÃO OU ENTIDADE DE LOTAÇÃO (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Portanto, o RGCE da UFF proíbe o que a lei 9.527 permite.

Esse parágrafo terceiro da lei 8.112 foi mudado em 1997, através da lei 9.527, e muita gente não sabe disso. Não creio que uma lei menor (o RGCE da UFF) possa ser mais forte do que uma lei maior (a Lei 9527).

Informo ainda que o RGCE foi aprovado através da Resolução 104/97 do CUV em 3 de dezembro de 1997. A lei 9.527 foi publicada em 10 de dezembro de 1997, 7 dias após a aprovação do RGCE.

PORTANTO, A INELEGIBILIDADE DE DOCENTES EM ESTÁGIO PROBATÓRIO EM CONSULTAS ELEITORAIS, INCLUÍDA NO RGCE DA UFF, FOI TECNICAMENTE CORRETA POR APENAS 7 DIAS (de 3 de dezembro de 1997 até 10 de dezembro de 1997).

É importante observar que, pela lei, nenhum dirigente é efetivamente eleito, mas sim nomeado à partir de uma lista tríplice precedida ou não de uma consulta (que pode ser formal ou informal). A lista tríplice estabelecida pelo colegiado não precisa incluir, necessariamente, os nomes dos candidatos que participaram da consulta e nem o nomeado é necessariamente o primeiro da lista. A questão da consulta, fundamental para a Democracia Universitária, é basicamente política e moral.

Todos os pareceres jurídicos contrários à nomeação de docentes em estágio probatório que eu conheço se baseiam no fato equivocado de haver uma “eleição”. Todos esses pareceres foram demolidos pela nota técnica 448/2009 da Coordenação Geral de Legislação e Normas da Educação Superior, do MEC.

O argumento mais usado é que a pessoa nomeada para cargo de direção teria um mandato e, caso fosse reprovada no estágio probatório, não precisaria abandonar o cargo. ERRADO. Se o nomeado para cargo de Direção for reprovado no estágio probatório, ele será demitido e, por conseguinte, se dá automaticamente a vacância do cargo prevista no Art. 33 da lei 8.112/90.

Segundo o Art 33 da lei 8.112/90, a vacância do cargo público decorrerá de (i) exoneração; (ii) DEMISSÃO; (iii) promoção; (iv) readaptação; (v) aposentadoria; (vi) posse em cargo inacumulável; e (vii) falecimento.

Após a vacância, uma nova consulta e nomeação devem ser feitas em até 60 dias, segundo o Art. 6o do decreto 1.916 - "nos casos de vacância dos cargos de Diretor ou Vice-Diretor de unidade universitária, as listas a que se referem o caput e os §§ 1°, 2o, 3° e 4o do art. 1°, serão organizadas no prazo máximo de sessenta dias após a abertura da vaga e os mandatos dos dirigentes que vierem a ser nomeados serão de quatro anos. (Ver também o Decreto nº 4.877, de 2003) "

Resumindo:

1) Não há eleição e sim consulta. Todos Dirigentes são nomeados;
2) A força e importância da consulta é política e moral e não legal;
3) A lei permite claramente que pessoas em estágio probatório sejam nomeadas para cargos de direção;
4) Caso essa pessoa seja reprovada no estágio probatório se dá automaticamente a vacância do cargo;
5) O RGCE não pode ter força maior do que a lei.

Deixo essas informações para avaliação de nossos sábios de plantão e juristas (apesar de ter certeza absoluta de qual é a interpretação correta da lei).

Respeito e entendo as intenções dos conselheiros do CUV quando estabeleceram essa condição no RGCE. Certamente, quando essa legislação foi feita, não havia a menor idéia do festival de nomeações “pro tempore” que aconteceria sob a justificativa da interiorização da UFF. Peço aos conselheiros hoje que reflitam. Além de uma legalidade muitíssimo questionável, esse parágrafo único hoje, de fato, impede que a comunidade universitária nesses pólos manifeste livremente os seus desejos e intenções mais legítimos. Portanto, do ponto de vista da Democracia Universitária, é, sem sombra de dúvidas, uma legislação caduca, inoportuna e equivocada.

Mesmo no caso dos conselheiros do CUV se recusarem a concordar com a minha interpretação das leis, lembro aqui o Art. 3o do Decreto 1.916:

“Art. 3º Quando a universidade, o estabelecimento isolado de ensino superior ou a unidade universitária não contar com número suficiente de docentes de que trata o § 1º do art. 1º (docentes integrantes da Carreira de Magistério Superior, ocupantes dos cargos de Professor Titular ou de Professor Associado 4, ou que sejam portadores do título de doutor) para a composição das listas tríplices, ESTAS SERÃO COMPLETADAS COM DOCENTES DE OUTRAS INSTITUIÇÕES OU UNIDADES QUE PREENCHAM OS REQUISITOS LEGAIS.”

Portanto, nada justifica a inexistência de consulta e, mais grave, a nomeação “pro tempore” de diretores sem a titulação exigida por lei, como é o caso de Nova Friburgo e da Escola de Engenharia.

Consultas já para as Direções dos pólos e de unidades isoladas!

Saudações acadêmicas
Heraldo

terça-feira, 20 de outubro de 2009

POINCARÉ E OITICICA

Oi pessoal,

A programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia está sendo aperfeiçoada a cada ano que passa, e é muito oportuna a iniciativa de coincidir a Semana com a tradicional Agenda Acadêmica da UFF.

Portanto, nessa semana, resolvi dar um tempo nos temas mais específicos sobre a UFF e fazer comentários sobre outros assuntos. Retomo as questões específicas da nossa universidade nas próximas mensagens.

A seguir, apresento um texto voltado principalmente para os alunos. Como sempre, há alguma provocação no conteúdo. Num momento em que há muitas tentativas de fortalecer os laços dos alunos com a universidade prioritariamente através de atividades esportivas e/ou festas, vou num caminho diferente – aposto na reflexão e mando um “tijolaço” com breves considerações sobre estética, ciência e arte. Aproveitem.


I- CÉU DE ÍCARO, CÉU DE GALILEU


“O Binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso...”

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) , 15-1-1928



Sempre gostei muito de Filosofia da Ciência e, também, de História da Ciência. Os aspectos políticos, econômicos e filosóficos da ciência são, há muito tempo, temas de estudos (e de debates). Contudo, nesse texto, eu gostaria de fazer um breve comentário sobre um assunto correlato que sempre me encantou - a ligação entre Ciência e Arte, ou, mais particularmente, sobre uma “Estética da Ciência”.

É senso comum pensar na ciência como algo frio e imaginar os cientistas como pessoas sisudas, absurdamente pragmáticas, necessariamente insensibilizadas em razão da sua atividade profissional. Sob essa visão equivocada, o processo de criação científica seria quase o avesso do processo de criação artística. Grande engano.

A música “Tendo a lua”, do Herbert Vianna (um dos sucessos do “Paralamas do Sucesso”) diz que “O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu”. Nunca gostei dessa frase. Que me perdoe o compositor, mas há muita poesia no céu de Galileu. Basta estar aberto para ver, basta ter olhos para olhar. Portanto, me parece evidente que ainda pouca gente vê a (ou pensa na) dimensão estética da ciência. Isto é - há arte na ciência e, portanto, há, necessariamente, uma “estética da ciência”.

Não se trata de buscar, como muitos autores e filósofos já o fazem e fizeram, uma análise crítica comparativa entre ciência e arte, mas sim de se discutir uma “arte da ciência”. A dimensão estética da ciência reside no modo, ou seja no "como" o cientista representa seu objeto e não simplesmente no "quê" representa já que um mesmo princípio ou descoberta pode ser apresentado sob diferentes formas.

Faço parte de um grupo de pesquisadores que, além de comentar criticamente o conteúdo de um trabalho científico, também avalia a sua forma e as intenções ocultas do(s) seu(s) autor(es). Nesse grupo é usual comentar que um trabalho científico é “muito bonito” - nisso englobando organicamente tanto forma como conteúdo. Os trabalhos científicos bonitos me encantam. Neles há uma estética do simples e/ou do complexo conectando imagens, sonhos e poesia com o pensamento criador e científico.

Nesse sentido, é possível se fazer um paralelo entre compositores de música popular e cientistas. Assim como Roberto Carlos, Caetano Veloso, TomZé ou Zeca Pagodinho podem tratar de forma absolutamente diferente temas absolutamente semelhantes, na ciência, pessoas diferentes tratam temas semelhantes de forma (e com intenções) completamente diferentes.

Na ciência, como na música, é possível ser revolucionário ou conservador, alternativo ou cafona, profundo ou superficial. Há, como na música, os que fazem um sucesso estrondoso por 15 minutos e depois desaparecem e há os que não “explodem”, mas marcam gerações com uma seqüência consistente de trabalhos que dificilmente serão esquecidos. Na maioria dos casos onde há verdadeiro talento científico, trata-se basicamente de uma escolha pessoal e estética.

Para quem pensa que eu estaria inventando alguma novidade, informo que outras pessoas já se ocuparam desse assunto. Cito aqui Henri Poincaré - matemático, físico e filósofo da ciência nascido no século XIX, que também discutiu sobre a dimensão estética da Ciência:

“O sábio não estuda a natureza pelo fato dela ser útil; ele a estuda porque isso lhe dá prazer, e isso lhe dá prazer porque a natureza é bela. Se a natureza não fosse bela, não valeria a pena que ela fosse conhecida;

(...) a beleza intelectual basta a si mesma e é por ela, mais talvez que pelo bem futuro da humanidade, que o sábio se condena a longos e penosos trabalhos.”



Poincaré escreveu numerosas obras de divulgação científica que atingiram uma grande popularidade, como Ciência e hipótese (1902), O valor da ciência (1904) e Ciência e método (1908). Apesar de eu não ter uma visão tão romântica do papel da Ciência quanto o grande Poincaré, creio que seus livros ainda são uma leitura bastante interessante. Recomendo.



II - LÁGRIMAS PARA OITICICA

Apesar do fim de semana passado ter sido dominado por notícias envolvendo a questão da segurança pública no Rio de Janeiro, todos devem ter lido ou ouvido sobre o incêndio que destruiu a quase totalidade do “acervo técnico” das obras de Hélio Oiticica.

Um dos grandes artistas brasileiros, Oiticica sempre teve interesse em pesquisar novos esquemas de participação do espectador na obra de arte – Núcleos, Penetráveis, Bólides, Parangolés, Ninhos.

Os Penetráveis são instalações em forma de labirinto, onde cores e sensações táteis se sucedem num certo ritmo, que depende também do espectador.

A partir de meados dos anos 60 executa ambientes-participacionais, chamados de 'manifestações ambientais'. Em 1965, apresentou o Parangolé, primeira manifestação ambiental coletiva. O Parangolé, para quem não sabe, é uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente a partir dos movimentos de alguém que o vista.

Com uma arte que propunha uma direta ligação com o espectador e com a vida, é triste saber que Parangolés e Penetráveis estavam guardados “em condições controladas de temperatura e umidade”.

Mais do que tristeza causada pela destruição do acervo (algumas peças conceituais podem ser replicadas), o que me incomodou foi a forma tradicional como a arte de Oiticica está sendo vista e tratada. Um Parangolé guardado ou pendurado numa vitrine de museu me lembra um pedaço de carne pendurado no açougue ou algum tipo de animal morto empalhado. Eu preferiria que todos Parangolés e Penetráveis queimados nesse incêndio tivessem sidos manuseados, usados, rasgados, vividos e, talvez, completamente destruídos no contato com milhares de pessoas.

Nessa semana Nacional da Ciência e Tecnologia, fecho os olhos e sonho com uma “Casa da Descoberta” na UFF na qual a garotada do primeiro e segundo graus que nos visita , além de se divertir com os experimentos envolvendo conhecimentos de Física, Química, Biologia, etc, também tivesse a oportunidade de interagir e brincar ludicamente com Parangolés e Penetráveis. Conhecimento e Diversão. Ciência e Arte. Curiosidade e Descoberta. Tudo a ver.


Saudações acadêmicas
Heraldo

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

CURTAS

“Conselheiros independentes de toda a UFF uni-vos!
Vocês não têm nada a perder, além das correntes que os prendem.
Têm, em troca, um mundo a ganhar.”


Oi Pessoal,

1) No dia primeiro de outubro, encaminhei uma mensagem para alguns colegas falando sobre o decreto no 6.264 e suas conseqüências - após 22 de novembro de 2007 a nomeação de Diretor de Unidade que não seja doutor e nem faça parte das classes de Associado ou Titular poderia estar descumprindo a lei, pois estaria contrariando o Decreto no 6.264. A seguir um pequeno trecho introdutório dessa mensagem:

“No dia 25 de maio de 2009 a comunidade da Escola de Engenharia da UFF recebeu um e-mail do seu Diretor destituindo publicamente o seu Assessor de Projetos Sociais. O motivo alegado foi o fato do Assessor ter iniciado uma discussão pública sobre as implicações do Decreto nº 6.264 de 22 de novembro de 2007 e, conseqüentemente, sobre a legitimidade da nomeação que reconduziu o Diretor ao cargo. Esse decreto “altera e acresce dispositivos ao do Decreto no 1.916, de 23 de maio de 1996, que regulamenta o processo de escolha dos dirigentes de instituições federais de ensino superior.

A nomeação ou destituição de um Assessor é prerrogativa do Dirigente. Contudo, chamou a atenção a forma como foi feita essa destituição. Informo que esse ex-assessor é responsável pela iniciativa do Vestibular Popular - conjunto de cursos gratuitos que visa preparar alunos de baixa renda para os vestibulares. Essa atividade existe faz quase dez anos na UFF, creio. Atualmente, aparentemente, há dificuldade em encontrar salas para os alunos inscritos nesse programa de extensão, principalmente para o ano que vem. Certamente isso não tem relação com o episódio que motivou a sua destituição. A dificuldade em obter salas, caso exista, deve estar relacionada com o grande número de outros cursos de extensão existentes na Escola de Engenharia e que devem ser considerados prioritários pela sua Direção. ”

No dia 6 de outubro o Diretor da Escola de Engenharia encaminhou uma mensagem à comunidade da Escola de Engenharia com o seguinte trecho:

“Gostaríamos ainda de esclarecer definitivamente a toda a nossa Comunidade que a nossa Escola possui 47 salas de aula e 40 laboratórios, conforme mapa de distribuição dos espaços físicos dos Blocos "D" e "E" existente em nossa Secretaria. Desses 87 espaços existentes, dedicados à Academia, somente 4 (quatro) são ocupados de segunda à quinta-feira pelos cursos e projetos auto-financiáveis. Na sexta-feira à noite, temos 15 (quinze) desses espaços ocupados por esses cursos e projetos, restando ainda outras salas e laboratórios disponíveis para qualquer eventualidade. No sábado, temos apenas 5 (cinco) disciplinas da Graduação sendo ministradas regularmente em nossos espaços, bem como 30 (trinta) espaços ocupados pelos cursos e projetos auto-financiáveis , restando, assim, 12 (doze) salas de aula à disposição para qualquer eventualidade.

Portanto, são inverídicas informações contrárias e deturpadas, propaladas por alguns "aprendizes de feiticeiros" !!!”

Esclarecedora essa mensagem. Já sabemos que não é por falta de salas de aula que há dificuldade na renovação do projeto do Vestibular Popular.

2) Em outra mensagem recente, informei que haveria unidades da UFF no interior e pólos com diretores “pro-tempore” nomeados em situação similar ao diretor da Escola de Engenharia de Niterói.

Pelo o que eu entendi do parágrafo único do Art. 7º do Decreto 1.916 que regulamenta o processo de escolha dos dirigentes de instituições federais de ensino superior, a designação de dirigente "pro tempore" caberá ao Reitor quando se tratar de Diretor ou Vice-Diretor de unidade universitária se, por qualquer motivo, estiverem vagos os cargos respectivos e não houver condições para provimento regular imediato (será que é o caso?).

Tanto o diretor do pólo de Nova Friburgo bem como o Diretor da sua Faculdade de Odontologia foram nomeados sem ter a titulação exigida pela lei. Para maiores detalhes, sugiro consulta aos Boletins de Serviço com as nomeações (página 97 do BS 55/2009 - Portaria 39.939, página 16 do BS 105/2009 - Portaria 40.433 e página 5 do BS 43/2008 -Portaria 37.889). Os CV Lattes também são públicos.

Não estou fazendo nenhum juízo sobre o caráter ou a competência profissional dos dois colegas, apenas apresentando fatos. Creio que uma lei existe para ser cumprida.

Lembro aqui o parágrafo único do Art. 7º do Decreto 1.916 que regulamenta o processo de escolha dos dirigentes de instituições federais de ensino superior:

“Art. 7º O Presidente da República designará pro tempore o Reitor ou o Vice-Reitor de universidade e o Diretor ou o Vice-Diretor de estabelecimento isolado de ensino superior quando, por qualquer motivo, estiverem vagos os cargos respectivos e não houver condições para provimento regular imediato.

Parágrafo único. A designação de dirigente pro tempore caberá ao Reitor quando se tratar de Diretor ou Vice-Diretor de unidade universitária.”

3) O Processo 23069.054235/2009-79, cujo objeto é a legalidade ou não da nomeação do atual Diretor da Escola de Engenharia, começará a ser analisado pelo CUV na próxima semana.

Saudações Acadêmicas,
Heraldo

Programa Globo Universidade

O Programa Globo Universidade deste sábado, 17 de outubro, será sobre a UFF de Volta Redonda.  A reportagem será exibida às 07h15, na Rede Globo. O programa será reprisado no mesmo dia na Globo News, às 13h05, e na quarta-feira (21 de outubro) no Canal Futura, às 16h. Esta edição do programa também estará disponível no site do Globo Universidade.


Saudações Universitárias,
Pensamento Acadêmico UFF - Volta Redonda

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

NÃO SE É PROFESSOR POR ACASO!

Marcondes Serotini Filho


O que temos de mais sagrado em nossas vidas? Nossa família, nosso berço. Infeliz daquele que dispensou, por motivos outros e fúteis, a alavanca e o alicerce que o regaço familiar nos oferece, sem nada cobrar, somente nos fornecendo bases sólidas para enfrentar o mundo.E esta, que é a maior e a mais importante célula da sociedade, somente conta com um profissional que tem a legitimidade e a dignidade suficientes para complementar e enriquecer a tarefa árdua de educar: o professor.

Dá pra imaginar o tamanho desta responsabilidade? Este professor tem que se misturar à educação fornecida pelos pais e por toda a família de seu aluno, que possuem uma história de gerações passadas, com características individuais e diversas.

Esta responsabilidade não é esforço a mais para ele porque ele exerce sua profissão com entrega total, e os pesos se tornam diminutos diante da vocação.

Saibamos todos, principalmente os professores iniciantes, que se o trabalho em qualquer área se tornar um fardo, urgirá a revisão de nossa vida, para que diretrizes sejam repensadas.

Muito mais isto é válido para um professor.

O professor, se não estiver encharcado da vontade de ensinar, de educar, de se doar, não conseguirá o respeito de seus alunos, de seus pares, muito menos de toda a sociedade.

Não se é professor por acaso!

Quando meio que corajosamente, este cronista lançou seus dois livros, além de seus familiares e alguns amigos mais profundos, quem mais se orgulhou deste fato? Seus ex- professores; todos que ficaram sabendo se revelaram recompensados e orgulhosos de um de seus alunos ter lançado dois livros.Aí está a grande obra de um professor. Acolher seu aluno dentro de seu coração com total paixão, fazendo dele parte de sua própria existência. Isto é para poucos e bons!

Se condoer com as desgraças alheias é fácil. A lágrima é gratuita. Eu quero ver é rir e se alegrar com as conquistas alheias.

Como já escrevi: a alegria é esterilizada, a dor contamina. No caso dos nossos mestres, a nossa vitória se transforma na alegria deles também, porque vocês, professores, nos amam de verdade.

Aos professores que já exercem esta profissão há um médio tempo, é hora de se fazer um balanço das atitudes tomadas até agora. Há de se fazer dos acertos, missões, e dos erros, lições.

Triste é a nação que não privilegia o ensino. O grande exemplo são os E.U.A. A página negra do destrato com os professores está sendo virada. Então, você, professor que já lecionou por alguns anos, tenha certeza que sua luta valeu e valerá a pena. A visão histórica jamais poderá ser esquecida por causa de motivos imediatistas, principalmente por um professor. É líquido e certo que as reivindicações, os protestos, as greves, não foram em vão e, sim, servirão para a grande arrancada que o Brasil sofrerá a partir da valorização da educação e do educador.

Você, professor mais antigo, que já viveu dias melhores, é justo o desânimo, mas não o suficiente para derrubá-lo.Apesar de tudo, eu tenho a certeza que Piaget e Freire sempre foram os seus guias.Mas talvez a maior homenagem que um professor possa receber esteja num fato corriqueiro que acontece no nosso dia a dia e que ilustra bem o significado desta profissão.

Quando queremos elogiar alguém de maneira superlativa, grandiosa, mesmo que esta pessoa não seja formada, como é que nós a chamamos: "ei mestre", ou então, "ei professor!" É o maior elogio que se faz a alguém.


Saudações Acadêmicas,

Renata Faisca

Mensagem do Dia do Mestre

Que prevaleçam sempre as boas idéias do Pensamento Acadêmico. A todos os docentes desejamos:

FELIZ DIA DOS MESTRES


Para embelezar o espaço deixo aqui um poema do grande Mario Quintana

DAS UTOPIAS

Mario Quintana

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Saudações Acadêmicas

Luiz Carlos Rolim Lopes

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Novos tempos em Sucupira Cinzenta

A história do Pólo Universitário de Volta Redonda (PUVR) foi totalmente reescrita a partir dos eventos ocorridos no último dia 22 de setembro de 2009. Nesta ocasião, pudemos observar um momento bastante democrático da nossa Comunidade Acadêmica com a presença de alunos e professores tanto da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda (EEIMVR) quanto da Escola de Ciências Humanas e Sociais (ECHS). Não poderíamos também de deixar de mencionar a importante presença de vários técnicos administrativos no auditório da EEIMVR. As opiniões sobre o que uns classificaram de "manifestação" e outros de "debate" merecem algumas reflexões e considerações.


De uma forma geral, a "reunião" entre o novo diretor do PUVR e a Comunidade foi pautada por questionamentos, que na minha opinião eram bastante oportunos e legítimos, por atropelos e também por uma série de ataques pessoais entre vários professores presentes. Devo lembrar a todos os leitores do nosso blog que naquele exato momento estava eu ocupando a Vice-Direção "pro tempore" do PUVR e que observei de perto aos acontecimentos que pretendo narrar a seguir. Acredito que uma grande parte do auditório ficou bastante perplexa diante do tom partidário (radical e às vezes um tanto exaltado) e acusatório em que a discussão se desenrolou durante um período de cerca de 4 horas. O resultado desta discussão ficou bastante claro para a platéia que rapidamente observou a nítida presença de duas linhas de pensamento, ou melhor dizendo, lado A e lado B, como popularmente vários de nós temos tratado essa taxonomia política. Aproveito a oportunidade para parabenizar os representantes dos diretórios acadêmicos (DADJ e Centro Acadêmico de Administração) que se apresentaram (entraram de forma abrupta e intempestiva) para mediar "o evento" que inicialmente seria uma conversa entre o Prof. Wainer da Silveira e Silva e os alunos do PUVR. Outro fato que também merece ser destacado e que também foi mencionado durante a reunião foi o fato da reitoria não apresentar o novo diretor do Pólo à Comunidade Acadêmica e principalmente não indicar de forma clara e objetiva quais seriam as justificativas para os novos rumos do Projeto Acadêmico da UFF de Volta Redonda. Dentre as principais questões levantadas devemos indicar principalmente o andamento (atrasos, soluções orçamentárias e responsabilidades técnicas, laboratórios de ensino e pesquisa, GREICA, SAEPE e outras questões acessórias) das obras do Campus Aterrado e também a Reforma e Ampliação do Prédio Edil Patury Monteiro. Em relação à ECHS, também foram listados e colocados na pauta de discussão a falta de funcionários e também a ocupação do Colégio Batista. E por último, não poderia deixar de mencionar todos os embates e/ou pedidos para que fossem realizadas eleições do PUVR o mais rápido possível.


Neste contexto bastante sumarizado, gostaria de responder a vários alunos e também a alguns colegas que tem nas últimas semanas me perguntado: Qual foi o resultado da manifestação (ou debate) que presenciamos no auditório da EEIMVR? Entendo que o resultado foi o envolvimento direto e crítico de vários alunos de engenharia e de administração nas questões consideradas por alguns dirigentes como "assuntos superiores" que não diziam respeito a grande massa (de acordo com outros, por definição, apenas de "manobra") . Além disso, também tenho observado que vários colegas também passaram a fazer reflexões menos emocionadas e mais equilibradas a respeito de como devemos construir um projeto de Universidade mais plural e democrática. Gostaria ainda de também expressar os meus cumprimentos ao Jornal ADM INFORMA em que na sua quarta edição mostra outras duas respostas a pergunta mencionada anteriormente. As respostas referem-se aos artigos: "O Debate: Alexandre x Wainer" e a "Crônica "Extintor de Incêndio"" dos autores Púlpito do Auditório e Extintor de Incêndio, respectivamente. Novamente, também deixo nesse espaço democrático a minha admiração pelos alunos que tem revolucionado o nosso PUVR com demonstrações de coragem e sinceridade de pensamento.


Novos tempos, outros rumos e com certeza uma Comunidade Acadêmica revigorada pela coragem daqueles que insistem em pensar e repensar uma nova UFF em Volta Redonda. 


Saudações Universitárias,


sábado, 10 de outubro de 2009

NÃO HÁ VENTO FAVORÁVEL PARA QUEM NÃO SABE PARA ONDE SE DIRIGE

Oi pessoal,

Tenho acompanhado através do blog a discussão sobre as obras no pólo (incluindo as mensagens anônimas) e tenho uma observação a fazer – tudo isso é muito importante, contudo, para mim, não é suficiente.

A grande questão que move a maioria das pessoas que pensam hoje na UFF, na minha modesta opinião, é como conciliar a imprescindível Democracia Universitária com a desejada Excelência Acadêmica.

Construir prédios é importantíssimo, mas eles devem ter um objetivo claro e vão ser ocupados por pessoas. Essas pessoas serão alunos e funcionários (docentes e técnicos administrativos – todos servidores públicos). Discutir qual o perfil mais adequado para esses servidores públicos e, também, que tipo de profissional (e cidadão) queremos formar é essencial. Exigir transparência nos projetos de engenharia e a divulgação dos custos dos mesmos também é fundamental (estamos falando de recursos públicos, não é mesmo?)

Um dirigente “tocador de obras” sem cabeça não serve para muita coisa. Um dirigente que tenha cabeça mas que não respeite a democracia universitária atrapalha mais do que ajuda.
Como nenhum indivíduo é perfeito, a responsabilidade da escolha do dirigente mais adequado (ou do menos inadequado) deve ser coletiva.

Reafirmo que diferenças políticas entre grupos numa universidade existem, são legítimas e normais. Numa universidade democrática, essas diferenças são resolvidas no voto. Para mim é inacreditável que num pólo com tantos cursos (graduação e pós-graduação) e tantos docentes, não haja ninguém competente o suficiente para geri-lo de forma eficiente.

Minha preocupação, no caso dessas indicações de gestores universitários sem participação coletiva, é com a possibilidade de se criar um ambiente de descrédito e frustração na Política como instrumento de organizar/modificar a nossa vida acadêmica.

Todo debate é bem-vindo porque da discussão “nasce a luz” (e são formados os cidadãos).

Eleições diretas no PUVR e nos demais pólos!

Saudações Universitárias
Heraldo

PS.: Uma consulta eleitoral seria interessante para qualquer um dos grupos envolvidos nessa discussão sobre o pólo – o diretor eleito teria mandato e legitimidade. Portanto, não dependeria mais da “generosidade” de ninguém para se manter no cargo. Acho a consulta um assunto de interesse de todos. A disputa política ficaria para a eleição.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

HISTÓRIAS DO PUVR

(Ainda com intuito de esclarecer os fatos ocorridos há cerca de dois anos atrás de forma aberta, aqui nesse BLOG.) Na nossa postagem “Administração Direta e sua Legitimidade” teve início uma troca de idéias não sobre o tema propriamente dito, mas sim sobre as circunstâncias que levaram à definição da Direção do PUVR na época. Consideramos também uma boa oportunidade para que se conheça outra versão dos fatos, diferente da que aparentemente foi ou vem sendo divulgada a respeito e de forma menos afeita ao debate. Nosso gancho é a frase extraída do comentário de um(a) interlocutor(a) anônimo(a).

"Historia mal contada também perde credibilidade, assim como quem a conta"

Não posso deixar de perceber o rancor e a falta de disposição para o diálogo sóbrio nessas palavras. Mesmo assim, vamos lá.

O atual Reitor foi eleito há cerca de três anos atrás com uma votação pífia, é verdade, em Volta Redonda. se não me engano, foram 17 votos docentes.

É preciso, no entanto, lembrarmos também do seguinte. Eram cinco os “cabeças de chapa” e pelo menos três deles, os então candidatos Prof. Roberto Salles, Prof. Sidney e o Prof. Humberto tiveram enormes dificuldades para apresentar suas idéias e conversar com todos aqui em Volta Redonda. Em eleições anteriores, o Diretor reunia o colegiado e os Departamentos em reunião conjunta para permitir que cada candidato expusesse sua plataforma. Em 2006, após a viagem que já conhecemos de Niterói até aqui, pelo menos os três candidatos acima tiveram que se contentar em andar pelos corredores quase sempre vazios e tentar falar com os professores em seus locais de trabalho. Foi assim que conheci, por exemplo, o Prof. Humberto, que esteve em minha sala e apresentou-se como candidato a Reitoria. Registre-se que o mesmo Prof. Humberto, posteriormente Pró-Reitor de Pesquisa, apoiou decisivamente a vinda do MEV para a EEIMVR. Tal situação desagradável até hoje é lembrada e resultou de uma política, ao nosso ver equivocada, de prévio e declarado alinhamento da Direção da Unidade com outro candidato, o qual é hoje, coincidentemente, o atual Diretor do PUVR.

Vale comentar que, para uma Unidade do Interior, tipicamente isolada, consideramos então tal atitude um erro, não apenas pela falta da devida cortesia para com os candidatos, mas também pela falta de estratégia política. Chegamos a comentar esse fato com o Prof. Renato Dietrich que esteve em minha sala pedindo votos para o candidato à Reitor então escolhido pela Direção da Escola, hoje atual Diretor do PUVR. Comentei com ele, que não seria prudente, do ponto de vista político, que nossa Escola se posicionasse tão claramente ao lado de um ou outro candidato.

Quis o destino que o atual Reitor fosse eleito então com uma diferença percentual mínima, menor que 1%. Do total de votos válidos, o equivalente na época a aproximadamente 17 votos docentes.

No entanto, sempre esteve claro para nós que uma política impositiva da futura Reitoria em Volta Redonda, além de não ser correta, não seria construtiva nem resolveria problemas locais. Em face dessas circunstâncias, e após o resultado das eleições para Reitor de 2006, em reunião ocorrida nas dependências do 1o andar do prédio da Reitoria, com a minha presença, do Prof. Rolim, e do Prof. Jayme, e docentes ( prefiro não declinar os seus nomes nesse momento) do grupo de apoio ao Reitor eleito Prof. Roberto Salles que foi sugerida pela primeira vez a possibilidade de um acordo para a política local de Volta Redonda, no sentido de apaziguar os ânimos da fase de eleições.

Em uma segunda reunião, ocorrida no 3o andar da Reitoria, na pequena sala de reuniões próxima à Sala dos Conselhos, essa proposta foi ratificada, nos termos já descritos: formação de uma chapa conjunta entre os dois grupos para a próxima eleição para Direção da EEIMVR e a condução do Diretor da EEIMVR ao cargo de Diretor do PUVR. Tudo isso ocorreu ao final de 2006. Nesse período, o Reitor eleito Prof. Roberto Salles e assessores estiveram novamente em Volta Redonda e se reuniram com o Diretor da EEIMVR. Durante esse período, no final de 2006, eu estive pessoalmente na sala da Direção da EEIMVR, tentando uma aproximação e lhe disse que o Diretor da EEIMVR seria um bom nome para a Direção do Pólo Universitário de Volta Redonda.

Depois de fracassadas as negociações, já em 2007, mas antes da nomeação do Diretor do PUVR, em reunião do Conselho Universitário (eu estava presente), o Diretor da EEIMVR acusou publicamente o Reitor da UFF e presidente do Conselho, Prof. Roberto Salles de lhe ter feito uma "proposta indecente". Em outra Reunião do CUV, o Diretor da EEIMVR, de dedo apontado para o Presidente do Conselho, prognosticou que se projeto do PUVR fracassasse, o responsável seria o "o Prof. Roberto Salles". Tais incidentes, certamente registrados nas Atas do CUV, talvez tenham, quem sabe, precipitado uma decisão para definição da Direção do PUVR.

Talvez o Diretor da EEIMVR tenha feito tal prognóstico por, assim como tantos, desconfiarem da nossa capacidade, e por essa razão a gestão do PUVR tornou-se para nós um desafio e uma responsabilidade maiores ainda, pois o seu fracasso já estava, por assim dizer, vaticinado. Mas não podemos deixar de enfatizar que houve sim uma oportunidade de aproximação. Infelizmente, talvez pela possibilidade ou desejo de um controle total, essa oportunidade foi desperdiçada.

Não tenho condições de narrar o que ocorreu em reuniões em que não estive presente, mas creio que a narrativa acima ajudará alguns entenderem o pano de fundo do que vem ocorrendo de 2007 até aqui no PUVR, e também a entender antigas e profundas ligações entre os envolvidos na política da EEIMVR e do PUVR, de ontem e de hoje.

Saudações a todos.

Prof. Alexandre Silva

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ESPERE SENTADO, OU VOCÊ SE CANSA

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança...

Bom Conselho - Chico Buarque de Holanda


Caros amigos. Porque vocês não aproveitam a Semana Acadêmica para colher assinaturas solicitando a realização de consulta eleitoral para a Direção do pólo de Volta Redonda? Essa solicitação poderia (e deveria) ser encaminhada ao CUV através do protocolo da UFF.

Saudações acadêmicas,

Heraldo

Administração Direta e sua Legitimidade

O recente comentário do dia 5 de outubro sobre a postagem "Preocupações com o Pólo ..." sobre a nomeação do Diretor do PUVR traz a oportunidade e tema para uma discussão interessante e de bom nível. A legitimidade dos gestores do poder público. Lê-se no Artigo 1º da Constituição “... Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Todos os cargos da Administração Direta, instâncias do Poder Executivo, são efetivamente nomeados por instâncias superiores, em uma linha direta até o Presidente da República, o único membro do Poder Executivo diretamente eleito pelo povo brasileiro, o verdadeiro “cliente” das IFES. O Presidente nomeia os seus Ministros, que nomeiam, por sua vez, os Secretários, e assim por diante. Mas toda a legitimidade da Administração Direta Federal advém do Presidente da República e das leis elaboradas pelo Congresso Nacional. Excepcionalmente as IFES tem seu gestor máximo, isto é, o Reitor, nomeado pelo Ministro da Educação a partir de uma lista com três nomes gerada em uma “consulta eleitoral”, eufemismo que serve para designar a eleição para Reitor. Isto ocorre, porque o poder em nosso sistema emana do povo e não do subgrupo dos funcionários de um órgão público. Interfere nesse sistema o conceito da assim chamada Autonomia Universitária, conceito que no Brasil foi introduzido em 1911, a partir da chamada Reforma Rivadávia Corrêa. Desde então, entre idas e vindas, avanços e retrocessos durante os regimes de exceção, a nomeação dos Reitores das IFES é feita com uma escolha do Ministro da Educação ou do Presidente da República a partir de uma lista gerada na própria Universidade, de acordo com o estatuto e regras de cada uma, obedecidas as determinações legais. Isto gera duas linhas de legitimidade que se encontram no momento da escolha pelo Ministro por um dos integrantes da Lista Tríplice. O Reitor nomeado pelo Ministro nomeia os seus Pró-reitores os Superintendentes (todos não eleitos). O Diretores de Unidades de Ensino são também nomeados pelo Reitor, a partir de uma lista tríplice. Por outro lado, do ponto de vista do organograma e estrutura da Universidade, acima do Reitor está o Conselho Universitário-CUV. Toda e qualquer questão de ordem regimental, como é o caso da criação de Unidades de Ensino e Pólos, é tratada, com a devida legitimidade, pelo CUV. E assim foi criado o PUVR. Por força das Resoluções 323 e 324 de 2006 do CUV, sendo que a primeira determinou que o primeiro Diretor dos Pólos fosse designado pelo Reitor. Essa, portanto, é a linha de legitimidade dos primeiros Diretores dos Pólos. Uma decisão do Conselho máximo da Universidade, referendada pelo Gestor máximo da Instituição. Se nos permitem brincar com a retórica maniqueísta, vemos, portanto, que não é preciso ser santo ou demônio para entender o processo, ou dele participar. Alguém tinha que ser o primeiro. Se não fôssemos nós, seria um outro que também se sentisse apto, mas também nomeado. Talvez com menos discussão e mais satisfação de alguns. Mas isso, está claro, já é uma questão de preferência pessoal. Vemos que o processo de legitimidade de gestores públicos dá-se na maioria dos casos de forma indireta, a partir de outras instâncias superiores, que por sua vez recebem a legitimidade que emana do Presidente da República, o único legitimamente eleito pelo povo brasileiro. Bem, talvez alguém não queira reconhecer a autoridade e legitimidade, por exemplo, do Ministro da Educação, que é nomeado e não eleito, mas esse é o sistema. Ainda que imperfeito, como diria Churchill, é o melhor que nós temos.
Outra informação pertinente, que aparentemente nosso(a) interlocutor(a) não sabe, é que o primeiro nome cogitado para ocupar a Direção do PUVR ainda em 2006 não foi o nosso, mas sim o de outro docente da EEIMVR, que talvez fosse mais do agrado do nosso(a) interlocutor(a). Foi uma tentativa então de conciliação entre visões políticas locais que já se mostravam divergentes. Foi uma prerrogativa desse docente, por suas próprias razões, não aceitar o cargo e com isso a conciliação, mas certamente não foi porque se tratava de uma nomeação. Quanto a ter aspirações políticas, desde que acompanhadas de propostas de interesse comum, não considero um problema. Problema é depender delas.
Um abraço a todos / Prof. Alexandre Silva

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Esclarecimentos à Comunidade Acadêmica da UFF de Volta Redonda II

Vale ressaltar que o blog Pensamento Acadêmico UFF Volta Redonda tem sido um espaço democrático e não temos como política apagar qualquer comentário ou até mesmo bloquear qualquer contribuição identificada ou anônima postada que seja no campo das idéias. Contudo, estamos presenciando desde o dia 02 de outubro uma série de ataques de cunho pessoal a alguns colaboradores ativos e inativos do blog. Assim sendo, reiteramos que a existência deste espaço só faz sentido se ele servir à veiculação de pensamentos acadêmicos e promover debates que não encontram eco no Campus Universitário. Ou mesmo para conduzi-los ao Campus. A postura do Pensamento Acadêmico é contrária às alusões à vida particular dos indivíduos. Alusões pessoais, ditas sob anonimato não contribuem para a veiculação de idéias. Mas por outro lado, podem contribuir para a promoção das atitudes contrárias ao surgimento de idéias e debates. Dessa maneira, foram retiradas todas as mensagens (comentários) que envolviam identidades de forma clara e objetiva e a moderação dos comentários passou a ser realizada a partir da data de hoje (05 de outubro de 2009). Lamentamos e repudiamos ações desta natureza (anônima) que visam deliberadamente mudar o foco de discussão apresentado pela Comunidade Acadêmica da UFF de Volta Redonda.


A História das Obras em Resumo – Parte I - EEIMVR

Primeiramente gostaria de agradecer o convite para participar como colaborador deste blogger. Para aqueles que ainda não me conhecem meu nome é Horácio Guimarães Delgado Junior, Matemático, Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Metalúrgica – EEIMVR/UFF orientado pelo Professor Erlen Viktorovitch Lenski, discente de doutorado do PPGEM, nascido no Hospital São Camilo – Volta Redonda – RJ em 1977, Professor da Escola de Engenharia Civil do UNIFOA, trabalho com carteira assinada desde 17 anos de idade, meu falecido pai era militar e foi de Soldado engajado em 1953 no quartel de Barra Mansa – Área de Segurança da CSN – a Capitão, posto máximo, terminando sua carreira como Delegado do Serviço Militar em Volta Redonda 1988, portanto além de toda a minha formação acadêmica ter sido em Volta Redonda minhas raízes familiares também são daqui desta terra, não sou filiado a nenhum Partido Político, apesar de meu tio ter sido presidente da câmara dos vereadores de Volta Redonda, trabalho com projetos civis desde que me formei tenho contribuído para o crescimento e desenvolvimento da região com mais de mil e quinhentos trabalhos técnicos já realizados em obras industriais, obras de infra-estrutura, obras prediais e obras offshore, tenho obra indicada prêmio talento estrutural e obra citada Guinness, tenho passado por momentos difíceis em minha vida familiar, recentemente perdi minha irmã esquizofrênica a quem eu cuidava desde a morte de meu pai e ainda cuido da minha mãe que permanece no leito face a seqüelas de um acidente vascular cerebral em 2000 e resolvi escrever este histórico para esclarecer os fatos acerca das obras do PUVR em que participei e que vêm ultimamente sendo foco de comentários por parte da comunidade acadêmica. Em meados 2007 fui chamado pelo Professor Alexandre, na ocasião ocupando o cargo interino de diretor do PUVR para avaliar a possibilidade de crescimento da escola de engenharia que passava por dificuldades de espaço, em face do crescimento e a vinda de novos cursos. Havia disponibilidade de capital remanescente de exercícios anteriores que deveria ser licitado ainda dentro do mesmo exercício 2008. Realizamos a avaliação do complexo que abriga a escola de engenharia e como a grande maioria das obras apresentava um quadro hereditário de problemas fruto de crescimento e falta de plano de manutenção preventiva, sendo estes: patologias estruturais, infiltrações, instalações elétricas adaptadas sem a devida reestruturação, vazamento em instalações que poderiam comprometer estruturalmente as lajes, circulações e rotas de fuga inseguras e fora dos padrões normativos, prédio de laboratórios sem canalização preventiva de incêndio, distância entre escadas superiores a quarenta metros, entre outros. É oportuno esclarecer que certamente todas as intervenções realizadas no complexo foram as melhores que se puderam fazer nas ocasiões. A viabilidade técnica-econômica realizada apontou como mais eficiente o edifício Edil Patury Monteiro – Prédio de Laboratórios – que sendo o mesmo estruturado para laboratórios pesados em todas as dependências seria viável a partir de um novo plano de ocupação, laboratórios pesados no térreo, e um mix entre laboratórios leves, salas de aula e gabinetes de professores nos pavimentos superiores, dobrar a área construída sem a necessidade de intervenções significativas nas estruturas e nas fundações. A CAEP atual SAEP na ocasião nos forneceu cópia dos projetos estruturais e de alguns dos projetos de arquitetura e instalações do referido edifício. De posse destas informações elaboramos, em regime de doação e com a cooperação de profissionais ligados ao meu escritório, os projetos básicos de arquitetura, estruturas, instalações, complementares, cronograma físico-financeiro, planilha orçamentária, memorial descritivo, contratos, tudo conforme a lei 8666 e a obra de reforma e ampliação do edifício Edil Patury Monteiro foi realizada em dezembro de 2008. Não haviam todos os recursos para a licitação da obra de reforma e ampliação do Edifício Edil Patury Monteiro, mas em face de sua real necessidade o diretor do PUVR conseguiu viabilizar a complementação orçamentária através de emenda parlamentar da deputada Cida Diogo e com recursos da própria universidade. O projeto de arquitetura foi elaborado e alterado durante a execução da obra com a participação ativa de membros da comunidade acadêmica buscando sempre a melhor solução para o atendimento das necessidades da escola sendo a base da conceituação original a horizontalização máxima do pavimento para otimização, concentração e funcionalidade espaços. A estrutura foi projetada de forma eficiente e uma solução bastante inovadora foi dada permitindo instalar um prédio metálico sobre um existente construído em concreto armado, otimizada, contemplando o uso de mísulas e vigas mistas explorando a vocação regional, reduzindo o prazo de construção e os custos da obra. O custo do metro quadrado construído é de cerca de mil reais, menor que a metade do custo de outra obra licitada pela UFF na cidade na mesma época. Isto permitiu construir o dobro da área com o mesmo recurso. O projeto prevê ainda a reestruturação de instalações como de ar condicionado que irão ser distribuídos através de prumadas especificas e seus condensadores instalados em passarelas sobre o telhado em local de fácil acesso a manutenção, instalação de duas caixas de escada à prova de fumaça locadas estrategicamente na edificação permitindo maior segurança aos usuários, dois elevadores permitindo o acesso a portadores de necessidades especiais a todos os andares do prédio, reestruturação dos sistemas de água e energia elétrica, adequação do sistema de prevenção contra incêndio e pânico, construção de cerca de cem gabinetes individuais de professores com aproximadamente dez metros quadrados cada um todos devidamente climatizados e com completa infra-estrutura de lógica e telefonia permitindo melhor acomodação para os docentes antigos e novos, reordenação dos espaços adequação dos laboratórios com acomodações seguras para professores e alunos, a sustentabilidade, a otimização das áreas úteis, localização do sol, redução do consumo de energia. Apesar de licitada em 2007 a ordem de serviço apenas foi dada em meados de 2008 e após a instalação da empreiteira Lytoranea no canteiro, a retirada do telhado e o inicio das demolições caixas d’água e de elementos de platibandas observou-se que em cerca de um terço da edificação as estruturas apresentavam-se executadas de forma diferente dos projetos fornecidos pela SAEP, pilares que eram para possuir dimensões de 20x110 centímetros em concreto armado estavam revestidos com alvenaria e possuíam na realidade 20x20 centímetros, vigas com armaduras inferiores as projetadas e lajes insuficientes colocando, patologias graves que colocavam a estrutura em risco iminente de colapso, não era possível prever isto na fase de projeto em face da “maquiagem” realizado com as alvenarias em torno da real estrutura – aparentemente a estrutura projetada era a executada. Logo após o início, a obra foi de forma estranha embargada por fiscais da Prefeitura Municipal de Volta Redonda, por motivo de denúncia que nos obrigou, imediatamente a elaborar Laudo Técnico, com o objetivo de esclarecer às autoridades competentes a gravidade dos problemas, e permitir a continuação da obra priorizada por este grande imprevisto. Era necessária a continuidade das investigações com abertura de fundações e a emergencial reforma estrutural impactada pela imediata evacuação da área. Em face disto demos início a uma minuciosa investigação da estrutura e das fundações para que se fosse possível verificar com precisão quais seriam as reais necessidades de intervenção e elaborarmos os projetos de recuperação estruturais e reforços. Na referida região da edificação todos os pilares tiveram que ser encamisados desde as fundações até a cobertura, pois eram insuficientes as lajes e vigas da cobertura tiveram que ser macaqueadas e reforçadas. A realidade é que todo este processo de alteração contratual com a empreiteira, execução de obra e pagamento ainda é muito demorado no serviço público, estes e outros fatores alheios a minha vontade contribuíram para o atraso das obras. As soluções de engenharia propostas foram as melhores possíveis e o que não posso admitir é que pessoas critiquem o projeto sem terem condições de apresentar melhores soluções. Não projeto castelos de areia nem torres de papel... Faço obras dando o melhor de mim. Quando faço um projeto coloco a minha alma e o meu coração, pois é o meu nome e vivo disto. Sobre “Os defeitos”, deixo transcrito a coluna de Paulo Coelho da revista do jornal Extra de 04 de outubro de 2009: “É curioso”, comenta o guerreiro da luz consigo. “Encontrei tanta gente que na primeira oportunidade, tentava mostrar o pior de si. Escondia a força interior atrás da agressividade, mascarava o medo da solidão com o ar de independência; não acreditava no próprio potencial e vivia pregando aos quatro cantos as suas virtudes”. O guerreiro não se deixa enganar pelas aparências, ele sabe que a sua força está no segredo. Mas sempre tenta corrigir suas falhas, já que as pessoas são sempre um bom espelho. Assim, um guerreiro aproveita toda e qualquer oportunidade para ensinar a si mesmo”.

domingo, 4 de outubro de 2009

Laboratórios na UFF de Volta Redonda

A Universidade moderna tem como papel a realização de atividades de Ensino (cursos de graduação e pós-gradução), Pesquisa e Extensão visando sempre servir a sociedade. Essas atividades deveriam ser indivisíveis a fim de se promover a evolução e o aprimoramento das habilidades e capacidades técnicas e analíticas das pessoas. Numa postagem anterior (http://pensamentouffvr.blogspot.com/2009/09/valorizacao-dos-professores-na-nossa.html) por mim redigida, este assunto foi mencionado e discutido tanto por alunos quanto por outros colegas. Nesta ocasião fiquei me questionando qual seria o papel de laboratórios bem montados e equipados dentro de uma Universidade, mais especificamente na nossa realidade da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda - EEIMVR.

Devo confessar que tenho tentado fazer um exercício em que imagino como estarão as nossas instalações daqui a 2 ou 3 anos. Pensei neste espaço de tempo já considerando que os laboratórios estariam em pleno funcionamento e também que pudéssemos avaliar a importância, a abrangência e também o retorno para a sociedade dos vultosos investimentos (cerca de R$ 7.500.000,00 desde 2005, considerando-se apenas equipamentos de pequeno, médio e grande porte) feitos nos últimos anos na nossa Escola. Aproveito a oportunidade para parabenizar todos os pesquisadores da EEIMVR que têm mostrado como a força do trabalho nesta IFES (Instituição Federal de Ensino Superior) pode revolucionar uma Escola de 48 anos de existência. Neste contexto, acredito que a formação dos nossos alunos de graduação e pós-graduação e também que as colaborações e convênios com o setor produtivo serão diretamente beneficiados a médio prazo pelo funcionamento dos laboratórios.

Neste último ano tenho coordenado o primeiro Laboratório Multiusuário de Microscopia Eletrônica (LMME) da UFF e somos reconhecidos como um “caso de sucesso” perante a FINEP (agência de fomento que financiou o LMME) e também pela PROPPi (Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação) da UFF. O modelo escolhido para o funcionamento do LMME se baseia na qualificação de usuários para atender as necessidades de pesquisa, ensino e também extensão por parte dos acadêmicos internos e externos a EEIMVR. Neste sentido, os cerca de 20 usuários já treinados e habilitados têm auxiliado alunos de mestrado, doutorado e graduação na confecção de análises junto aos nossos equipamentos. O setor produtivo e outras Universidades (USP, UNESP, FOA e Universidade Nacional de Rosario. – Argentina) já iniciaram um processo de aproximação e/ou colaboração com o LMME nos últimos meses. No ensino, temos utilizado de forma ativa os equipamentos para ministrarmos nossos cursos. Enfim, estamos consolidando um laboratório moderno e disponível para toda a academia.


Laboratório Multiusuário de Microscopia Eletrônica da UFF.

Assim sendo, quando fico imaginando este cenário sendo repetido com este formato ou com outros que possivelmente serão propostos pelos colegas, tenho certeza que a EEIMVR será considerada referência na região Sul Fluminense e também no Estado do Rio de Janeiro na área tecnológica. Por esta razão, considero saudável e plenamente justificável buscarmos discutir a nossa infraestrutura física que deverá abrigar os nossos laboratórios de engenharia de agronegócios, engenharia mecânica, engenharia metalúrgica, engenharia de produção, física, química e também de outras ciências. Acredito que o blog Pensamento Acadêmico UFF – Volta Redonda pode ser um local para discutirmos estas importantes questões sem partidarismos ou particularidades. Por outro lado, também gostaria que a discussão fosse amplamente abordada em outros fóruns da UFF, como por exemplo, na Agenda Acadêmica e principalmente junto às Coordenações e Departamentos de Ensino da EEIMVR tanto pelos alunos quanto pelos professores e técnicos. A democracia requer o nosso constante trabalho e construção para podermos nutrir um sentimento de dever cumprido para com a sociedade.

Saudações acadêmicas,

Fabrício