segunda-feira, 31 de maio de 2010

OS VIVOS E OS MORTOS

Franco Vive!

Foi o que muitos falaram quando o juiz Baltasar Garzon foi suspenso de suas funções depois ter sido indiciado por "investigação indevida" de crimes anistiados – clara vingança por ele ter, entre outras coisas, buscado reabrir processos sobre crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura do Generalíssimo Francisco Franco, "Caudillo de España por la gracia de Dios" .

Apesar de entender e compartilhar da indignação dessas pessoas, me permito discordar – o problema não é o fantasma do Generalíssimo, mas os vivos, as "viúvas" do Franquismo e todos os omissos, que geralmente se calam e não querem se envolver com nada (mas que sempre aderem ao vencedor do momento).

Em novembro do ano passado divulguei um texto intitulado O SENADO BRASILEIRO E O ANJO DE LORCA, iniciado com o seguinte parágrafo: "Nos últimos tempos, não sei por que, tenho lido muito sobre a ditadura de Franco na Espanha. Misteriosa Espanha. Em sua história conviveram as mais elevadas e vanguardistas manifestações culturais junto com o mais bárbaro e absoluto obscurantismo". Premonitório.

Tal qual um filme B de Hollywood, os mortos-vivos do franquismo levantam de suas tumbas para saciar sua sede de sangue. Os mortos-vivos da política me preocupam, seja lá na Espanha ou aqui no Brasil. Ficam enterrados um tempão, calados e imóveis, mas mostram que ainda estão ativos quando pensam que suas vítimas estão frágeis e/ou distraídas. Sempre querendo acabar com as idéias novas, comendo os miolos dos seus desafetos.

Talvez os passivos e omissos sejam os mortos-vivos que mais me irritem. Não querem saber de marola. Sempre considerando qualquer novidade um prenúncio de confusão que perturbará sua paz de cemitério. Sempre lavando as mãos e se eximindo de qualquer responsabilidade nos atos dos mortos-vivos ativos, mas, também, sempre encontrando uma justificativa moral para aderir aos seus parceiros caso eles sejam vencedores (para, posteriormente, na derrota, fazer um "mea culpa" meio torto e dizer – Foram as circunstâncias! Eu não tive nenhuma responsabilidade nisso! Não sou e nunca fui igual a eles!).

Declaro aberta a temporada de caça aos mortos-vivos. Caça ecológica, serão todos colocados numa reserva para animais selvagens. Vou me especializar nos mortos-vivos passivos e omissos. Aqueles com cara de cera, bonzinhos e cordiais como uma serpente. Do além, Mario de Andrade me sopra seus versos:

Eu insulto o morto-vivo
Aquele que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!

Morte às adiposidades cerebrais!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora morto-vivo!...



Saudações acadêmicas
Heraldo

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pré-Vestibular Social - Lançados edital e ficha de inscrição para candidatos a professores




Após grande empenho da equipe de projeto do Pré-Vestibular Social, foi foi tornado público o edital com as condições para a inscrição dos candidatos a professores. Para inscrever-se,basta preencher a ficha também disponível para download e formalizar a inscrição na Sala do Diretório Acadêmico ou da Empresa Júnior Pulso Consultoria, munido de documentos de identidade e CPF. A inscrição poderá ser realizada até o dia 11 de Junho. Desejamos a todos boa sorte e agradecemos por compartilhar conosco este ideal.



Motivação:

A ampliação da atuação da Universidade Federal Fluminense em Volta Redonda através de seu Pólo Universitário fez surgirem demandas que compactuam com o Papel de uma Universidade Pública nesta cidade. A partir desta constatação, o estreitamento do relacionamento dos alunos com a Universidade é fator decisivo para a competência da UFF em atender as expectativas da população.

O atendimento destas demandas passa pela criação de atividades de Extensão, programas que tem como fim o diálogo entre a Universidade e a Sociedade por meio do debate e solução de problemas da realidade concreta da comunidade atendida. Eventos culturais, científicos, tecnológicos, cursos, feiras, entre as diversas possibilidades de interação, são caracterizados como atividades ou projetos de extensão, e tem seus benefícios compartilhados entre quem os criam, estudantes e Universidade, e deles os usufrui a comunidade externa.

A EJr. Pulso Consultoria, em parceria com o Diretório Acadêmico Dezessete de Julho, possui em seu portfólio de projetos a criação de um Pré-Vestibular Social, que contribuirá não somente na criação de uma atividade de extensão na cidade, como marcará um período de amadurecimento da percepção de uma Universidade Pública com seus benefícios e sua onipresença.

Não há argumentos plausíveis contrários à educação. Sua disseminação promove a cidadania e o bem-estar social, é matéria-prima com a qual se constrói o futuro. Diante da nobreza do projeto, as direções da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica e do Pólo Universitário e do recém-criado Instituto de Ciências Exatas manifestaram apoio. Assim, um pré-vestibular gratuito, reservado para alunos, jovens ou adultos, oriundos de escolas públicas, será uma celebração dos ideais de alunos, funcionários e professores, unindo experiências pessoais, sonhos e expectativas.

O pré-vestibular contará com professores voluntários, que cederão tempo e conhecimento em troca de no máximo carga-horária, diploma de participação e auxilio de custos indispensáveis para a manutenção da sua participação no projeto. A seleção destes professores deverá contar com as premissas ideológicas dos candidatos e deverá ser baseada em uma avaliação ‘prova-aula’, pela qual o candidato apresenta à banca uma aula da disciplina da qual pretende ser titular.

Esperamos, assim, contribuir com a Sociedade, fornecendo ferramenta para que o jovem ou adulto desestimulado, descrente nas oportunidades, veja na Educação um caminho para um futuro melhor.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

ASSÉDIO MORAL É CRIME! Em VOLTA REDONDA parece FOLCLORE!

Desemprego. Milhares de pessoas concorrendo por uma vaga pública. Neste terreno infértil do mercado de trabalho, cabe perguntar: o que leva um funcionário público, recém concursado, a buscar outra vaga em outra instituição, pelo mesmo cargo, pelo mesmo salário?

Se pararmos para analisar a história recente do PUVR, ou mais especificamente, da EEIMVR iremos ver que a pergunta acima cabe perfeitamente em Volta Redonda. Quantos servidores chegaram e já se foram em apenas 4 (quatro) anos? Entre professores e técnico-administrativos contabilizamos alguns tantos. Motivos pessoais? Profissionais? Ou um ambiente hostil, coronelesco, meio parecido com uma antiga novela de Dias Gomes?

Se alguns professores debandaram por um local de trabalho melhor (porque a base salarial pouco varia), técnico-administrativos fizeram o mesmo. Funcionários em início de carreira vislumbram uma realidade impossível de se sonhar no PUVR/EEIMVR. Pedíamos pouco: apenas a possibilidade de realização de nossas funções para as quais o governo nos pagava e, claro, um pouco de ética e respeito, porque isto, ao que parece (não aqui!) faz parte da relação de trabalho, estabelecida há anos pelo mesmo que inaugurou essa unidade de (sic) ensino. (Consegue se revirar no túmulo, Vargas?)

Mas o que encontramos foi um terreno podre, que cheirava a política pequena, com “p” bem minúsculo: desvio de função, tapinha nas costas, conversas de gabinete que mais tarde geravam “dívidas”, sorrisinhos e escárnio, vetos para funcionários públicos participarem de trabalhos públicos, com perseguição de pessoas, achaque, brigas estapafúrdias entre iguais (tão desiguais nesses tempos de currais), promessas de processos administrativo e o jargão do “você está em estágio probatório!”. Contudo, nada era pior do que o boicote contra atividades acadêmicas que tentávamos implementar, na tentativa (nossa) de melhorar o processo de ensino-aprendizagem e no esforço (deles) de “cortar nossas asinhas”. Tudo porque tínhamos ideologias a respeito de educação pública diferentes. Excelência Acadêmica??? Pra quê? Quando cupinchas vivem de tico-tico e assim se vai levando a Educação Superior Pública nesse país tão atrasado quanto o mundinho da UFF sucupirense (ops, Volta Redondense...não que a niteroiense seja lá muito diferente).

UFF Inovadora??? Já começo a pensar nos companheiros que aí estão. Se até agora o assédio moral a funcionários rolou solto, me arrepia a espinha só de imaginar as novas artimanhas contra o lado que a corda sempre arrebenta que pode estar vindo com esse espírito de inovação! Mas, se Dias Gomes imortalizou Odorico, a UFF há de entrar para o folclore nacional com a paródia da vida real de sua Sucupira Cinzenta!
"Como diria o rei dos persas, Dario Peito de Aço, pra cada problemática tem uma solucionática". (Odorico Paraguassu)
Freira.[1]


[1] Pseudônimo de quem crê numa educação pública, gratuita, laica e digna.

POR QUE NÃO SOU CANDIDATO A REITOR


 Tenho sido indagado do porquê não sou candidato a reitor. O apoio recebido na consulta passada, principalmente dos estudantes, sugeriu a muitas pessoas essa indagação.  E, a outras, estimulou algumas especulações.
            O que houve? Mudei de opinião acerca da Universidade Pública? Deixei-me levar pela carreira de dirigente universitário, assumindo uma chefia de departamento e uma vice-direção de Faculdade e me tornei um acomodado às circunstâncias? Tenho novos parceiros de trabalho, cuja amizade e apoio pedem em troca a submissão das minhas idéias?
            Nenhuma dessas hipóteses. Assumi a chefia do Departamento de Administração porque meus colegas me pediram que o fizesse, para enfrentar a situação de desgaste e dilaceração do órgão. Aceitei a vice-direção da Faculdade para construir e zelar por um acordo, firmado em papel e divulgado, que inclui a alternância na direção da Unidade, entre os departamentos, o empenho e apoio na reconstrução do quadro docente e o compromisso com o avanço da democracia na UFF, inclusive o voto paritário.
            Os meus colegas de trabalho, com quem convivo em ambiente de  respeito mútuo e sincera cooperação, os quais apóiam a gestão do professor Roberto Salles, estão cumprindo seus acordos e nunca me pediram qualquer recuo e nenhuma concessão no plano das idéias e do comportamento. Menos ainda esperavam que me afastasse dos meus companheiros que fazem dignamente o movimento docente. Leia-se, em maiúsculas: ADUFF e ANDES.
Igualmente, sabedores do que penso, não me pediram o voto no atual reitor.
            Não sou candidato porque não houve movimento social, político e acadêmico transformador, com vigor suficiente para dar razão a uma candidatura.  Porque foi este o motivo que me levou à disputa, há quatro anos passados. Não foi o meu gosto ou vontade.
            E porque não voto no professor Roberto Salles ?
Porque sinto falta, em seu projeto, do compromisso com critérios acadêmicos e sociais da Universidade pública.
A Universidade pública deve zelar pelas referências acadêmicas, da admissão dos seus professores, ao uso de tecnologias de ensino; do tamanho das turmas, aos processos de seleção dos discentes para seus cursos de pós-graduação. Os padrões de funcionamento devem ser a qualidade do ensino, o incentivo à pesquisa e a verdadeira extensão. Vemos na UFF um excessivo alinhamento com a política de obter estatísticas, seja através de turmas presenciais abarrotadas, seja através do uso indiscriminado do ensino à distância, no espírito do REUNI. Há muito apego à rentabilidade financeira dos cursos de pós-graduação e das pesquisas.Uma distorção crescente da finalidade da extensão, hoje em parte usada como fonte de renda, ao invés da retribuição da Universidade à sociedade – como foi concebida. Vemos finalmente a cadente expressão da UFF no ambiente acadêmico, social e político do Rio de Janeiro e do Brasil. Sua presença no cenário dos grandes debates tem sido irrelevante, absolutamente desigual em relação a outros centros de estudo e instituições. Nossos especialistas de quem, no convívio e na produção diária, temos provas de competência e excelência, não são devidamente projetados, porque a própria Universidade perdeu projeção. Faltam cuidados para que nossos docentes elevem suas qualificações e titulações. Não há orientação e apoio. Continuamos entregues ao esforço pessoal para acessar os mestrados e doutorados que  possibilitem a ascensão no mundo acadêmico e na carreira.
Destaca-se, nesta opção por critérios não-acadêmicos, o predomínio do ensino de pós-graduação pago. Verifica-se assustadora expansão do critério econômico para ter acesso à pós-graduação lato sensu e aos mestrados profissionais. O critério do mérito, que permitiria o acesso das pessoas de baixa renda, perde força na UFF. A universidade pública, concebida para dar oportunidade também aos carentes, estreita a estes suas portas.
Não é válido o argumento de que a pós-graduação é um plus, passo superior, e que apenas a graduação deve ser gratuita. Sabe-se que as oportunidades do mercado cada vez mais exigem a pós-graduação. Se há 30 anos, a graduação era uma condição básica para a busca do emprego, esta condição hoje é a pós-graduação. Frustra-se uma das fundamentais finalidades da Universidade pública, quando, ao contrário de servir aos mais necessitados, aumenta o fosso entre eles e os abastados.  Contribui, assim, a UFF para o aprofundamento da desigualdade, com todas as conseqüências conhecidas, da má qualidade dos serviços e produtos, à insegurança pública.
Este critério econômico igualmente empobrece o campo da pesquisa, dado que não são os melhores graduados que chegam à pós-graduação, ambiente privilegiado da investigação científica, mas aqueles que têm condições financeiras para obter o acesso.
Também não é válido dizer, como se tem dito, que a Universidade não sobrevive sem os 25% dos cursos pagos. Assim como a Universidade obteve recursos para obras, edificações, máquinas e equipamentos, junto ao governo, em programa de recuperação patrimonial que se julgava impossível, também é possível conquistar um programa que sustente a pós-graduação nos termos constitucionais da gratuidade.
Seja como for, não é razoável que em nome da sobrevivência de uma instituição se justifique um procedimento que é o oposto aos fins últimos dessa instituição.
Tenho absoluta certeza de que os professores da UFF integrariam um grande plano de pós-graduação gratuita se a direção da Universidade o assumisse e se esforçasse por implementá-lo. Ademais, não lhe falta capacidade para captar recursos públicos para isto.
Estas são as minhas razões para não votar  no professor Roberto Salles e deste modo não acompanhar inúmeros colegas e até amigos, aos quais continuarei a distinguir e com os quais continuarei a trabalhar, funcional e academicamente.       
A propósito, reconheço a cordialidade dos atuais dirigentes, a disposição de conviver com a diversidade de idéias e de ouvir críticas. É um mérito que tem notável valor no ambiente do estudo, da produção do saber e do trabalho coletivo.
            Mas esta atitude valorosa não deve inibir a fala – ela  existe e é provada exatamente quando se fala o que a autoridade não gosta de ouvir.
            É o que faço agora para dizer que o fato de não ser candidato não significa que esteja satisfeito, nem que não queira mudar.
            Significa apenas que as forças da mudança não voltaram à disputa direta, como fizemos anos atrás. Mas suas concepções de universidade pública vivem. São princípios e quem tem princípios estará sempre recomeçando. Além disto, não devemos nos omitir no processo e na escolha. Devemos falar; como estou falando. Devemos votar; como irei votar.
            O voto nulo tem sentido se acompanhado de uma alternativa de ação. Não é o caso.  
            Por isto, votarei no professor Francisco Palharini.
            Trata-se da escolha daquele que mais próximo se encontra do que pensamos.
             Sentia-me devedor destas explicações - mais pelos que indagam, do que pelos que especulam.
            Saudações acadêmicas, 
 Maio de 2010                                                                             Professor Claudio Gurgel

domingo, 16 de maio de 2010

RENOVAÇÃO X INOVAÇÃO

Prezados colegas da UFF. Após curta campanha e portanto pouco esclarecedora estamos novamente diante de momento decisivo para os rumos de gestão de nossa Universidade.


O atual pleito  tem como pano de fundo  questões associadas a cursos pagos por empresas e auto-sustentáveis (pagos pelo cidadão) e às obras e projetos de expansão no contexto do REUNI. Tendo tido a oportunidade de participar ativamente da atual gestão quando ocupamos por 2 anos e 7 meses a Direção do Pólo Universitário de Volta Redonda,  acreditamos ter contribuído significativamente para o desenvolvimento de um projeto acadêmico e construtivo, técnica e economicamente viável. Sentimo-nos, pois, confortáveis para chamar a atenção da comunidade a refletir sobre alguns aspectos que, segundo nos parece, passaram desapercebidos ou, pelo menos, foram pouco aprofundados tanto no início do REUNI, quanto nos recentes debates e  discussões ao longo da campanha eleitoral para o cargo  de Reitor.



É inegável que, após décadas de penúria em temos de investimentos, as IFES puderam receber, por conseqüência de política adotada pelo MEC, uma apreciável quantidade de recursos humanos e financeiros. Enquanto questionável desde o início quanto a seu formato e estratégia, o REUNI deu origem a justas e pertinentes indagações da Comunidade Acadêmica em todo o País. Embora possa se dizer que ao final tenha prevalecido a autonomia das Universidades sobre seus projetos,  não se pode deixar de reconhecer que o estado de carência e demandas reprimidas ao longo de anos de nossas Universidades tiveram papel fundamental no desenrolar e desfecho dos acontecimentos, com a adesão da maioria das IFES.



Por outro lado, não se pode deixar de reconhecer também um efeito paralelo, tão preocupante quanto pouco discutido. Focando-se a discussão especificamente em nossa UFF, é fácil constatar que o súbito  afluxo de recursos financeiros colocou em cheque a nossa capacidade de administrar e aplicar  tais recursos  de modo eficiente. Podemos também dizer que não raramente temos que encarar resultados contraditórios  ao ideal de que as IFES deveriam ser fonte e  depositário da excelência e do conhecimento.   Em verdade, fomos expostos a contradições na medida que, por exemplo, oferecemos cursos de Administração Pública e administramos nossa Universidade da mesma forma como há décadas atrás.  Formamos Engenheiros e Arquitetos para a sociedade brasileira e não somos capazes de produzir, contratar rapidamente nem fiscalizar projetos econômicos  e eficientes para a nossa carente infra-estrutura física. Formamos juristas e nossas licitações e contratos não raramente esbarram em incorreções ou impropriedades. Ensinamos História, Sociologia, Ciência Política, etc., e convivemos com uma política universitária  que se mostra dominada por processos personalizados e  interesses na reeleição.



Não deixa de ser também com certa perplexidade que ouvimos o discurso sobre uma Universidade inovadora e eficiente, quando essas duas características foram justamente das que mais faltaram nesses últimos anos. Tal discurso mostra-se ainda mais paradoxal quando sabe-se que os projetos mais próximos de uma conclusão, após três anos de REUNI, são justamente aqueles desenvolvidos por um Pólo que teve de contornar as dificuldades impostas por um sistema administrativo ineficiente, centralizador e engessado e que em alguns pontos nevrálgicos só funciona ou não entra em colapso graças à enorme boa vontade de alguns funcionários e gestores localizados, a quem seremos eternamente gratos. Premidos entre essa realidade e o tempo, os projetos do PUVR foram desenvolvidos e projetados e ao fim administrados e fiscalizados pelo próprio PUVR, resultando em uma velocidade maior e custos menores do que os demais projetos da Universidade. Somos melhores que os outros? Acreditamos não ser essa a resposta!



Próximo de completar 4 anos de gestão ao final de 2010 e com pouquíssimos projetos perto de uma conclusão ou mesmo efetivamente iniciados às vésperas de uma possível troca de política no Governo Federal e com algumas licitações tendo que ser repetidas, a única resposta dada pela atual Administração sobre como cobrir o já conhecido déficit de mais de R$165.000.000,00 ( cento e sessenta e cinco  milhões de reais)  entre os custos e o orçamento previstos para projetos da UFF no REUNI é no sentido que conta com mais recursos do MEC. Subitamente encontramo-nos em uma situação, onde, se falta dinheiro, nossa resposta inovadora é ir ao MEC e pedir mais!!   No entanto, após a inauguração de um dos prédios do Campus Aterrado em Volta Redonda, já em Niterói declarou o Ministro da Educação a disposição do MEC em garantir os recursos para os “bons projetos”.



Entendemos que, em que pese a boa vontade de um Ministro ao fim do mandato do Governo Federal, seria a hora e caberia indagarmos a nós mesmos o quão bons  e  acordo com quais parâmetros o são, os nossos projetos ora em construção ou por construir  na UFF, pois a resposta pode definir o seu destino!.



Se coube ao Governo Federal instituir o REUNI e fornecer os recursos, e às Unidades e Pólos da UFF formular os projetos acadêmicos, restaria então à Administração da Universidade a tarefa de sua própria re-organização e de seus órgãos técnicos  para responder com agilidade e competência compatíveis ao desafio colocado. Hoje tem-se uma gestão que relata o número de projetos, mérito das Unidades e  da Comissão do PDI, e o volume de recursos, mérito da política do MEC, mas não dá conta sobre as medidas e providências tomadas para que pudéssemos elaborá-los e concluí-los dentro dos limites de prazo e orçamentários. Com todos seus defeitos, o REUNI foi uma oportunidade que poucos administradores da UFF tiveram, mas o seu aproveitamento e resultado não estão sendo os melhores. De fato, todos os projetos estão atrasados e seus custos são mais altos do que prescreve a LDO em seu artigo 93. Os menos atrasados e mais baratos são justamente aqueles nos quais os órgãos técnicos da Administração central pouca influência tiveram  na elaboração e início de obras, quais sejam: o Campus do Aterrado, em  Volta Redonda e o prédio sobre a assim chamada “lâmina do anatômico”, projeto e estratégia de licitação também preparados pelo grupo que geriu o PUVR. Torcemos todos, obviamente, para que tudo dê certo, mas quem hoje em sã consciência pode assegurar com grande probabilidade de acertar que isso acontecerá?
A nosso ver, há tempo ainda de mudar e adotar a realização idealista e desinteressada visando o  contínuo desenvolvimento e construção de nossa Universidade como princípios. Colocamos por isso todos os resultados e experiências  positivos em termos de projeto que obtivemos em Volta Redonda ao dispor da UFF e de quem a administre, mas consideramos também que outros devam a ter a chance de contribuir para o nosso desenvolvimento.  Foram-se quatro anos e com eles a chance  para inovar. Não há razões para o continuísmo. Agora é tempo de renovar a administração da Universidade, dando-se a chance a outros que possam fazer prosperar os ideais de nossa Universidade Federal Fluminense.  Por todas essas razões,  para a reitoria apoiamos a Chapa 1.

Prof. Alexandre José da Silva, Dr.-Ing.
Associado II
(Ex-Diretor do PUVR)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

UM

CHAPA UM - PALHARINI E BRUNO. Como já é tradição, torno público o meu voto na consulta eleitoral para reitor e vice-reitor na UFF. Imagino que minha opção já estivesse clara para os que tiveram paciência de ler as minhas mensagens. Contudo, acreditem, meu posicionamento foi fruto de um processo bastante intenso e demorado de reflexão. Sem nenhuma ingenuidade e sem buscar nutrir falsas expectativas de mudanças extraordinárias, creio que é a chapa com maior disposição para quebrar velhos paradigmas na busca de um sistema de gestão mais moderno, eficiente e transparente. Sistema criado pela necessidade e não pelo fato dos envolvidos serem seres humanos melhores ou mais iluminados.

Já escrevi antes que a universidade praticamente avança em modo automático, graças aos seus grupos de pesquisadores, programas, departamentos, etc. Basta o reitor não atrapalhar muito. Recentemente divulguei o texto MINIMUM MINIMORUM, apresentando o que para mim seria o piso mínimo para apoiar algum candidato: (i) UMA POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA DEMOCRÁTICA; (ii) UMA POLÍTICA TRANSPARENTE PARA ALOCAÇÃO DE VAGAS E CONTRATAÇÕES; (iii) CONSULTAS DIRETAS PARA DIREÇÕES EM TODOS OS NÍVEIS COM O FIM DAS NOMEAÇÕES "PRO TEMPORE" QUE SE TORNARAM PERMANENTES E (IV) A INDISSOCIABILIDADE DA BUSCA DA QUALIDADE COM A DEMOCRACIA UNIVERSITÁRIA. A chapa dois, a meu ver, pela gestão atual e pelo que promete no futuro, não atende e nem vai atender a essas condições mínimas apresentadas.

Na última eleição para reitor na UFF, em 2006, escrevi o texto UNIVERSIDADE PARTIDA, no qual informava:

"Há quatro anos atrás não apoiei a reeleição do professor Cícero Mauro Fialho Rodrigues. Sem absolutamente nenhuma crítica relevante de cunho pessoal a ele e ao seu vice, professor Antonio José dos Santos Peçanha. Minha posição era justificada por duas questões básicas de princípio:

1) Ser contrário à possibilidade de reeleição para reitores de universidades;

2) A necessidade de romper na UFF uma tradição pouco democrática de compartilhamento do poder (tradição, aliás, verificada num número expressivo de IFES).

Apesar de a UFF estar passando por um processo de afirmação e modernização que é irreversível, este processo poderia (e ainda pode) ser mais rápido ou mais lento, dependendo das circunstâncias. "

Nessa eleição, mantenho a mesma posição manifestada publicamente nos últimos oito anos - continuo contrário a possibilidade de reeleição para reitores e vendo a necessidade de ampliar a transparência e a democracia universitárias. Contudo, no caso atual, tenho também críticas relevantes à administração que busca a sua continuidade através da chapa 2, com a reeleição do reitor.

O candidato a reitor pela chapa 2 teve chance de mostrar ao que veio na atual gestão. Falhou. Do ponto de vista da Administração Central, erros imperdoáveis foram e estão sendo cometidos. Errou na definição de prioridades; equivocou-se na gestão; adotou uma política orçamentária opaca; aumentou a burocracia interna; exorbitou na nomeação "pro tempore" de diretores de pólos e de unidades isoladas no interior; tratou desnecessariamente adversários políticos como inimigos. Na sua gestão houve um retrocesso nos critérios de alocação de vagas e contratações e, também, foram sistematicamente afrouxados critérios de qualidade já consolidados no CEP (exigência de titulação, priorizar contratações em regime de DE, etc.). Salvou-se pelo gongo com o Reuni, apesar de ter feito muito pouco com os mais de 120 milhões de reais transferidos para a UFF e ao seu dispor. Agora informa de que tudo o que não foi feito será realizado, desde que o reelejam.

Ele e seus estrategistas cometeram erros políticos imperdoáveis. Foram desastrosas as intervenções em Volta Redonda e em Friburgo. Também desastroso foi, mesmo tendo maioria no CUV, deixar passar de forma enviesada um plebiscito sobre os cursos pagos com a pergunta mais maniqueísta possível - é sim ou é não - quase na mesma época da consulta para reitor. Com o plebiscito, induziram a mobilização dos grupos e partidos favoráveis à total proibição dessas atividades. Para mim deram a impressão de querer intencionalmente amedrontar a todos os de alguma forma ligados a esses cursos pagos, para posteriormente se apresentar como a última esperança sobre a face da terra - os "salvadores dos empreendedores". Ganhar votos aos borbotões. Aparentemente, acreditam ter o poder de deixar iniciar um processo dessa magnitude, controlá-lo e posteriormente suspendê-lo após tirar disso o maior proveito eleitoral possível. Pura ilusão. Seja essa minha impressão verdadeira ou não, como resultado, assim como no caso da intervenção nos pólos, teremos mais uma crise institucional, previsível e anunciada.

Um fato notável é que a chapa dois vem conseguindo realizar uma proeza: reunir alguns dos melhores quadros da UFF (professores e funcionários), em minoria, com o que de mais atrasado pode haver do ponto de vista acadêmico numa universidade pública. Soma cuja resultante política é menor do que zero, é claro. Minoria que acredita, apesar da experiência dos últimos três anos, que cada pró-reitoria acadêmica (PROPP, PROAC, PROEX) possa ter vida própria independente de todo o sistema universitário. Na prática, a universidade é dividida em partes, como um salame, com fatias distribuídas para os subgrupos de poder que se desprezam dois a dois e que vivem na ilusão de não ser contaminados pelas ações uns dos outros. A única condição é não ver, não ouvir e não falar nada que esteja relacionado com o que os outros estão fazendo com suas fatias do salame.

Alguns dos que, por algum motivo, aparentemente já manifestaram o seu voto pela chapa 2 são pessoas com as quais me relaciono bem do ponto de vista pessoal e que considero meus pares. Dirijo-me especialmente a cada um desses colegas: Pense um pouco mais nas possíveis conseqüências do seu voto. Quem sabe, no escurinho da urna as idéias clareiem, o coração bata mais forte, a mão trema e, num impulso, você crave na cédula: UM.

Conclamo todos a participar conscientemente dessa consulta eleitoral. Apesar de falhas no sistema, ainda não inventaram nada melhor do que a consulta direta para aferir os desejos de uma comunidade. Mas lembrem-se: na política, diferente do que acontece na matemática, UM pode ser muito mais do que dois. Peço aos colegas ainda em dúvida em relação ao seu voto que reflitam sobre isso.

Saudações acadêmicas
Heraldo

domingo, 9 de maio de 2010

CARTA ABERTA AO EXCELENTÍSSIMO SR. MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, Dr. FERNANDO HADDAD

Excelentíssimo Sr. Ministro,

          É com grande orgulho e satisfação que compartilhamos com Vossa Excelência, representando o Governo Federal do BRASIL, a entrega simbólica dos primeiros 4.500 m2 da Universidade Federal Fluminense, construídos com os recursos outorgados pelo programa do REUNI e outros convênios com o MEC, de um total de 17.500 m2, referentes aos projetos concebidos exclusivamente por membros da COMUNIDADE ACADÊMICA do Pólo Universitário de Volta Redonda (PUVR), que inclui docentes, funcionários técnico-administrativos, pesquisadores e discentes. Sendo estes: a construção do Campus do Aterrado em Volta Redonda, com 13.500 m2, a ampliação e reforma do Edifício Edil Patury Monteiro da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, no Campus da Vila Santa Cecília, que se vê acrescido de 3.000 m2. Somam-se a estes, o prédio anexo ao Anatômico no Campus do Valonguinho em Niterói com 1.000m2, este projeto também concebido pela COMUNIDADE ACADÊMICA do PUVR. Todas estas obras somam mais de 19 milhões, já licitados e sendo as únicas da UFF em fase de conclusão.

Todas estas obras foram projetadas de forma otimizada, observando-se a vocação regional, empregando alta tecnologia atualmente aplicada nos países com alta taxa de desenvolvimento. Trata-se de prédios em estruturas mistas – metálica de aço e pré-moldados de concreto, construção a seco – dry wall, gesso acartonado, que permitiu baixo custo, cerca de 1.100 reais por m2 e velocidade de construção. Obras a serem concluídas em 6 meses. Enfim, um projeto completo, respeitando toda a legislação vigente, eco-sustentável, com sistemas de tratamento de esgoto, re-uso de águas de chuva, preservação de faixas marginais de rios, orientação correta ao sol, permitindo economia de energia, com ampla área de convivência, ambientes climatizados com ar-condicionado, acabamentos com qualidade compatível com sua envergadura, com mármores, porcelanatos e revestimentos cerâmicos. Completa infraestrutura com arruamentos, iluminação e subestação elétrica com grande capacidade de demanda, laboratórios de informática, de Matemática, Física e Química. Dois restaurantes universitários, biblioteca central, xerox, livraria, salas de coordenações de cursos, secretarias, salas de departamentos e gabinetes para professores.

      O projeto concebido pela Comunidade do PUVR é tão eficaz que foi possível a sua conclusão parcial a custos próximos aos licitados, mesmo estando este Pólo, há 8 meses, sob intervenção de um Professor nomeado pelo Reitor, membro da Escola de Engenharia de Niterói, que nunca teve conexão com os projetos de Volta Redonda e que, infelizmente, não logrou êxito administrativo em concluir o restante das obras e reformas, previstas em licitação para conclusão em 6 meses, atrasando-as e gerando ônus ao erário público. E também comprometendo as atividades de ensino e pesquisa com a não implementação dos laboratórios, para os quais a Comunidade Acadêmica do PUVR, por exclusivo mérito de seus pesquisadores/docentes e funcionários técnicos administrativos, obteve a aprovação da importância aproximada de 4,4 milhões de reais em equipamentos, que se encontram, em parte, parados.

          Como o Sr. Ministro pode constatar, o projeto de expansão concebido pela Comunidade Acadêmica do PUVR, projeto completo ao custo de 1.100 reais por m2 (bem abaixo dos custos discutidos hoje, na UFF, de cerca 2.500 reais por m2, acima do preço limite estabelecido, pelo Artigo 93 da LDO) está à altura do desafio que é o desenvolvimento institucional da expansão da educação superior no País. Toda a tecnologia de construção e gestão fica disponibilizada para o MEC, pela Comunidade do PUVR, para futuros projetos de expansão do ensino no País. Esta otimização de projetos contribui para o desenvolvimento, permitindo construir mais com menos custo.

          Não podemos nos esquecer de agradecer a todos que colaboraram para a concretização deste sonho e em especial aos Governos: Federal – Presidente LULA, Estadual – Governador Sérgio Cabral, Municipal – Prefeitos Gotardo e Francisco Neto. Merece nossa especial deferência a Deputada Federal Cida Diogo, pelo brilhantismo e dedicação incondicional ao projeto da Comunidade de Volta Redonda e pelo seu árduo empenho na conquista dos recursos adicionais ao orçamento da universidade, que somam cerca de 2,5 milhões de reais, na forma de Emendas Parlamentares.

Sr. Ministro, agradecemos a sua honrosa visita ao nosso Campus e clamamos a Vossa Excelência pelo restabelecimento da democracia com o fim da INTERVENÇÃO política de Niterói, em Volta Redonda, a fim de se cumprir a decisão unânime do Conselho do PUVR, legitimamente implantado e democraticamente eleito, tomada em reunião ordinária de agosto de 2009, para se realizar a Consulta Eleitoral para Diretor e Vice-Diretor do PUVR. Cumprindo-se assim um anseio da Comunidade Acadêmica, com o término dessa inaceitável e injustificável intervenção.

Pela Expansão do Ensino Superior de Qualidade
Grupo Ação Acadêmica

sexta-feira, 7 de maio de 2010

JUBILEU

“But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams”

Aedh wishes for the Cloths of Heaven
The Wind Among the Reeds. 1899.
W.B. Yeats (1865–1939).



Pessoal,

Já recebi respostas para algumas das perguntas formuladas no texto PERGUNTAR NÃO OFENDE III. O concurso continua valendo. O vencedor ganhará um bilhete Niterói-Rio-Niterói (barcas). Já tenho dois fortes concorrentes que procuraram responder de forma pública e impessoal a algumas das perguntas: (i) a PROAC, buscando explicar o projeto FEC de R$ 5.756.996,00 (cinco milhões, setecentos e cinqüenta e seis mil novecentos e noventa e seis reais) para “apoio e gerenciamento à organização e realização das atividades inerentes ao Projeto - A Gestão Gerencial (sic) no Processo de Desenvolvimento da PROAC/UFF” e (ii) a respeitadíssima professora Ismênia de Lima Martins, que foi levada a tentar publicamente justificar através de e-mail os R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) alocados para o Jubileu de Ouro da UFF no projeto FEC “apoio e gerenciamento do Jubileu de Ouro da UFF” usando o argumento de que “O orçamento em questão previu, em média, menos de 3 mil reais mensais por unidade departamental”.

Nesse caso, não resisto e faço mais duas perguntas:

A divisão dos R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) por R$ 3.000 dá, aproximadamente, trezentos e um Departamentos. Contudo, na página oficial da UFF são mencionados menos de setenta cursos. Certamente, mesmo com a expansão feita no âmbito do REUNI, não temos nem 100 Departamentos de Ensino na UFF. Portanto, a conta não bate. Seriam mais de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por Departamento. Ou a divisão feita pelos assessores da professora está errada, ou há Departamentos de Ensino não mencionados nas estatísticas oficiais da UFF. QUANTOS DEPARTAMENTOS DE ENSINO TEM A UFF?

Os R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) correspondem a uma vez e meia o definido no PDI para as bibliotecas nesse ano do Jubileu. Não é pouco. Não faço nenhum juízo moral e jamais levantei qualquer suspeita de desvios ou qualquer coisa semelhante. Contudo, questiono seriamente o valor alocado para as comemorações do Jubileu de Ouro. Valor que pode ser até pequeno para alguns diante da importância simbólica da comemoração, mas que é enorme para uma universidade ainda com muito mais necessidades do que recursos.

Os R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) correspondem a uma vez e meia o definido no PDI para as bibliotecas nesse ano do Jubileu. Não é pouco. Tenho certeza de que a Comissão de Orçamento do PDI teria alocado um valor maior para as bibliotecas caso tivesse conhecimento dessa folga orçamentária. Pelo menos, alguma discussão coletiva deveria ter ocorrido no CUV para a definição de prioridades e valores. Mesmo que o valor previsto para a comemoração do Jubileu correspondesse a apenas 3 mil reais por Departamento, PORQUE NO ANO DO JUBILEU DE OURO NÃO SE DISTRIBUI TAMBÉM 3 MIL REAIS PARA CADA DEPARTAMENTO COMPRAR MATERIAL DE CONSUMO – MARCADORES PARA QUADROS BRANCOS, PAPEL, CARTUCHOS E TONNER PARA IMPRESSORAS, POR EXEMPLO?

Isso faria a comemoração do ano do cinqüentenário ainda mais sensacional.



A DANÇA DAS CANETAS

O atual momento político na UFF, incluindo aí a consulta para reitor, é peculiar. Há um evidente marasmo naquelas atividades políticas mais tradicionais – panfletagem, cartazes, passagens em turma, etc., etc. – mas, em compensação, tem havido um ativo e rico debate através da internet, com muitas trocas de mensagens e de textos com as mais plurais manifestações de idéias e propostas - com reflexões, manifestos e, certamente, com provocações e respostas.

Num recente debate, o atual reitor manifestou publicamente, me pareceu, certo desconforto em relação a mim e os meus textos divulgados através do blog, que também são enviados por e-mail para algumas pessoas selecionadas. Citou-me nominalmente após eu ter feito, por escrito e me identificando, conforme as regras da Comissão Eleitoral, a inofensiva pergunta sobre qual seria a posição das chapas em relação à criação de uma Ouvidoria na UFF. Comentou que eu teria promovido “uma caça as bruxas” quando ocupei a função de Presidente da Comissão de Ética Pública da UFF. Não entendi nada, e ele não explicou quais as “bruxas” eu buscava caçar, já que as decisões das Comissões de Ética não têm força de lei.

Raramente fiquei tão constrangido como nesta situação, na qual estava impedido de me manifestar. O desconforto do reitor é surpreendente e desnecessário, até porque os últimos textos (PERGUNTAR NÃO OFENDE III, PINOCHET e MICARETA) não tinham ligação com ele. Associou-se aos textos porque quis e chateou-se não sei por qual razão.

Na prática, o único fato é que nesse preciso momento estamos travando uma dança, uma metafórica dança das canetas. De um lado a caneta cheia de tinta do Dirigente que nomeia, premia e destitui. Prerrogativa de todos os dirigentes, é fato. De outro, eu com a minha a caneta expressando eventualmente, mas publicamente, alguma idéia e/ou opinião, fruto de processo pessoal ou coletivo de reflexão. Não há conflito “stricto sensu”, mas há embate político e filosófico. Embate respeitoso da minha parte, embora recheado com alguma ironia.

Imagino ser um camarada bastante inofensivo, que está apenas seguindo uma das mais antigas tradições acadêmicas – a redação e divulgação de textos com opiniões. Tradição epistolar modernizada pela internet, mas sempre tradição. Devo parecer ainda mais inofensivo para aquelas pessoas que acreditam na força da grana e no poder como os motores da História. De meu lado tenho apenas a força das minhas idéias, alguma capacidade de convencimento e a coerência nas minhas convicções, nada mais.

Saudações Universitárias
Heraldo