quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mercadante lança o Programa “Ciência sem Fronteiras”


O anúncio ocorreu hoje (26/7), na 38ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em Brasília, com a presença da presidenta da República, Dilma Rousseff, do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Glaucius Oliva, além de outros ministros, empresários e autoridades.

Mercadante lembrou que hoje o Brasil é o 13º no ranking de produção científica mundial, uma média cinco vezes maior que a do restante das outras nações, contudo, o país precisa produzir mais patentes. “É evidente que há um descompasso entre a produção científica e a capacidade de transferir conhecimento para a inovação. No Brasil as empresas investem pouco nesse segmento comparado a outros países. No mundo, dois terços das patentes são geradas nas empresas. No Brasil dois terços das patentes são geradas pelos cientistas”.

Ao todo foram selecionadas 238 universidades, 50 em cada área. “São os melhores estudantes do Brasil, nas melhores universidades do mundo. Assim poderemos superar o maior desafio do país e dar um salto quântico na formação para áreas estratégicas de forma sustentável, ampliando os setores de média e alta tecnologia”.

Em seu discurso, a presidenta Dilma afirmou que o Programa é uma etapa e cumpre uma proposta de formação, pois o país necessita aumentar formação de profissionais nas áreas das Ciências Exatas. “Temos hoje no Brasil essa deficiência e necessário saná-la. Hoje, precisamos dos engenheiros para fazer projetos, infraestrutura e pesquisa. Para que seja possível fazer inovação de forma generalizada. Vamos formar a base de pensamento do país. O Brasil tem hoje nesse Programa um dos construtores do seu futuro”, ressaltou.


Ciência sem Fronteiras


O Programa Ciência sem Fronteiras objetiva estimular o avanço da ciência nacional em tecnologia, inovação e competitividade, por meio da expansão da mobilidade internacional. Para alcançar esse objetivo é preciso aumentar a presença de pesquisadores e estudantes brasileiros em instituições de excelência no exterior. Além de atrair jovens talentos científicos e investigadores para trabalhar no Brasil.

Ao todo o governo irá custear 75 mil bolsas e espera que a iniciativa privada arque com mais 25 mil, totalizando 100 mil bolsas até 2014. O CNPq concederá 35 mil bolsas, um investimento de R$ 1.429.441.973. Já a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) concederá 40 mil bolsas, com recursos de R$ 1.731.424.647. No total serão investidos R$ 3 bilhões e R$ 160 milhões.

Veja a apresentação do ministro: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0217/217221.pdf

Áreas estratégicas

- Engenharias e demais áreas tecnológicas;
- Ciências Exatas e da Terra: Física, Química e Geociências;
- Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde;
- Computação e Tecnologias da Informação;
- Tecnologia Aeroespacial;
- Fármacos;
- Produção Agrícola Sustentável;
- Petróleo, Gás e Carvão Mineral;
- Energias Renováveis;
- Tecnologia Mineral;
- Tecnologia Nuclear;
- Biotecnologia;
- Nanotecnologia e Novos Materiais;
- Tecnologia de prevenção e migração de desastres naturais;
- Tecnologias de transição para a economia verde;
- Biodiversidade e Bioprospecção;
- Ciências do Mar;
- Indústria Criativa;
- Formação de Tecnólogos.

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Assessoria de Comunicação Social do CNPq

domingo, 24 de julho de 2011

Em Niterói, aula em contêiner e quadra

Clarissa Thomé - O Estado de S.Paulo
Nos últimos cinco anos, o número de alunos matriculados na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, cresceu 52% - passou de 21.115, em 2006, para 32.097, em 2011. Mas o ritmo das construções de salas de aula não acompanhou esse aumento, escorado nas verbas do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Com obras atrasadas ou paralisadas, os estudantes assistem às aulas em locais improvisados, como contêineres e quadras esportivas.
"A universidade disponibilizou vagas antes da infraestrutura e o dinheiro não veio na mesma velocidade. Deu chabu. Algumas unidades estão estranguladas", resume o professor Francisco Palharini, conselheiro da UFF, que reconhece os "méritos da expansão", mas é crítico do crescimento sem estrutura.
Na pressa, a UFF deixou de apresentar o estudo de impacto de vizinhança da construção de 15 prédios na Boa Viagem, bairro residencial e de ruas estreitas. Sem licença, a obra foi embargada pela prefeitura e a universidade foi multada duas vezes, em R$ 75 mil no total.
A obra também é alvo de ação judicial do Conselho Comunitário da Orla da Baía de Guanabara. "Não sabemos qual será o impacto viário ou ambiental. O reitor nunca quis discutir o projeto e diz que vai apresentá-lo no momento oportuno. Quando será isso, quando for fato consumado?", indaga o vice-presidente do conselho, Carlos Augusto Valdetaro.
Segundo o aluno de Direito Lucas de Mello Braga, do Diretório Central dos Estudantes, as instalações precárias estão principalmente nos câmpus do interior. "Em Pádua, as aulas foram improvisadas numa quadra poliesportiva."
O reitor Roberto Salles defende o Reuni e afirma que os contêineres são "salas de aula climatizadas, com estrutura metálica". "Na UFF não há nenhuma obra parada", disse, em e-mail, contradizendo o último relatório da Superintendência de Engenharia e Projeto, de abril, que aponta três obras paralisadas, além de atrasos. Sobre a reforma na Escola de Arquitetura, o laudo, publicado no site da UFF, informa: "Sem atividade. Permanece inalterado o quadro de paralisação, sem previsão para o reinicio dos serviços."
Salles também diz que o Reuni permitiu a contratação de docentes. Apesar disso, a Coordenação de Graduação em Serviço Social distribuiu nota informando que não receberá matrículas para o vestibular 2012 no curso vespertino. O motivo: "Escassez de docentes e sobrecarga de trabalho."

Universidades federais têm 53 obras paradas

Projeto de expansão do ensino superior federal do Ministério da Educação esbarra em construções incompletas e licitações refeitas


Lisandra Paraguassu - O Estado de S.Paulo
O Ministério da Educação tem hoje quase 2 milhões de metros quadrados em obras nas universidades federais. A expansão e renovação das instituições, no entanto, está com 53 obras paradas em 20 diferentes universidades, segundo levantamento do próprio ministério.
Marcos de Paula/AE
Marcos de Paula/AE
Falta de sintonia. Na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, construção de salas de aula não acompanhou crescimento do número de alunos.
São moradias estudantis, laboratórios e salas de aula que consumiram alguns milhões de reais, mas ainda não estão prontas. De acordo com o ministério, porque construtoras e empreiteiras abandonaram canteiros, faliram e ficaram sem recursos para cumprir seus compromissos.
Como consequência, estudantes assistem às aulas em espaços improvisados, avançam em suas graduações sem laboratórios prontos, sofrem com falta de bibliotecas e locais para moradia.
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) é a que está com o maior número de obras paradas. São nove, que incluem de prédios de salas de aula no câmpus de Garanhuns a laboratórios, auditórios e bibliotecas do câmpus de Serra Talhada. Todas foram iniciadas, nenhuma delas foi inaugurada.
A empresa Erdna Engenharia Ltda, responsável pelo trabalho, teria abandonado as obras e falido. A empresa trabalhava para a UFRPE desde 2005. De acordo com o Portal da Transparência do governo federal, recebeu R$ 11,6 milhões até 2010 para tocar a expansão dos câmpus das duas cidades. O sistema não informa nem o ministério sabe dizer quanto foi pago pelas obras que não foram finalizadas.
O pró-reitor de Administração da UFRPE, Francisco Carvalho, afirma que o maior prejuízo foi a paralisação da construção dos laboratórios, necessários para o bom desempenho dos alunos dos cursos oferecidos pela unidade de Serra Talhada: Agronomia, Zootecnia, Biologia e Química. No total, o câmpus recebe 2,5 mil alunos.
A Universidade Federal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é a segunda com mais obras paradas. A Engepar Construtora atrasou e não cumpriu os contratos de salas de aula nos câmpus de Santa Mônica, Pontal e em Uberlândia, além da ampliação da reitoria e dos prédios de moradia.
A empresa teria alegado falta de capital de giro e a própria universidade rescindiu quatro dos contratos com base na "precária situação financeira da contratada". Em outra obra, o contrato ainda não foi rescindido.
A Engepar também tem um longo histórico de trabalhos para a UFU, iniciados em 2006. Desde então, recebeu R$ 23,6 milhões do governo. Em 2010 foram R$ 2,2 milhões e neste ano, apesar da paralisação, recebeu R$ 9 mil. Segundo o reitor Alfredo Júlio Fernandes Neto, as aulas em Ituiutaba, por exemplo, vão começar no mês que vem sem que o edifício esteja pronto.
O problema se repete na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), que tem quatro obras paradas, entre elas uma biblioteca, um hospital veterinário e laboratórios. "As construtoras que vencem as concorrências abandonam a obra logo depois de iniciá-la", explica o superintendente de Implantação e Planejamento da instituição, Vital Pedro da Silva Paz.
A construção da biblioteca, na cidade de Cruz das Almas, é a mais atrasada. Começou há três anos e seria concluída, segundo a projeção inicial, em um ano. Hoje, o andamento da construção não chegou a 15% - e está na terceira licitação. Com isso, o valor da obra saltou de R$ 3,5 milhões para R$ 4,5 milhões. A última a abandonar a obra, a Construtora Macadame, de Feira de Santana, havia vencido a concorrência, em 2009, projetando o preço em R$ 4 milhões.
O caso que causa mais preocupação é o do hospital. "Existe um impacto acadêmico com a falta dessa estrutura", admite Paz. "Os alunos precisam ser encaminhados a outras instituições para ter acesso a essa parte prática de seus cursos."
A Universidade Federal de Goiás também tem quatro construções problemáticas. As Federais de Grande Dourados (MS), Alagoas e Espírito Santo estão com três obras paradas (mais informações nesta página).
As construtoras envolvidas nas obras não foram localizadas para falar sobre os problemas.
Justificativas. O ministro da Educação, Fernando Haddad, reclama das dificuldades que o governo federal e as instituições têm para cancelar os contratos quando há abandono ou paralisia das obras por qualquer motivo. Ele afirma que há orçamento, que foi feito um cronograma e os pagamentos estão sendo feitos em dia, mas mesmo assim as obras atrasam ou param.
"A legislação é muito desfavorável ao setor público. O mau empresário que ganha uma licitação tem penas muito pequenas. Ele não se incomoda de abandonar um canteiro, de atrasar uma obra e colocar a faca no pescoço do reitor em busca de um aditivo", afirmou em entrevista ao Estado. Haddad afirma que há casos recorrentes de empreiteiras que ganham uma licitação, iniciam um trabalho, mas quando vencem outro contrato, mais lucrativo, tiram a mão de obra do canteiro.
"A legislação deve ser aperfeiçoada no sentido de punir os empreiteiros que realmente não têm compromisso com a causa pública. Ganham licitações e depois não entregam as obras prontas." / COLABORARAM ANGELA LACERDA, MARCELO PORTELA e TIAGO DÉCIMO 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Administração é o curso que mais formou profissionais com bolsas do ProUni

Balanço divulgado pelo MEC aponta que 174,5 mil pessoas já se graduaram pelo programa. Há ainda 464 mil bolsistas ativos atualmente.
Administração é o curso que mais formou bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni) desde a sua criação em 2004: 23.429 graduados. Em seguida, na lista dos cursos que mais formaram profissionais pelo programa, aparecem pedagogia (13 mil), direito (11 mil), enfermagem (7,7 mil) e ciências contábeis (7,4 mil).
 
Balanço divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) aponta que no total 174,5 mil pessoas já se graduaram pelo programa. Há ainda 464 mil bolsistas ativos atualmente. Pode participar do ProUni o aluno que cursou todo o ensino médio em escola pública ou estabelecimento privado com bolsa. Também é necessário ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 e atender aos critérios de renda do programa.
 
Para o primeiro semestre de 2011, 1 milhão de candidatos se inscreveram para disputar uma das 92 mil bolsas ofertadas. Ainda está prevista uma terceira chamada, que será divulgada pelo MEC na próxima segunda-feira (25).
 
A maior disputa por bolsas do ProUni na última edição foi no Rio Grande do Norte. Cada uma das 718 vagas disponíveis foi disputada por 15 candidatos. Pernambuco, o Pará, Alagoas, o Piauí, o Maranhão e a Paraíba também registraram mais de dez candidatos por bolsa disponível. Em termos absolutos, o estado com o maior número de inscritos foi Minas Gerais (68 mil), seguido por São Paulo (67 mil), pela Bahia (32,1 mil), pelo Rio Grande do Sul (32 mil) e pelo Rio de Janeiro (29 mil).
(Agência Brasil)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Curso superior de formação geral ganha espaço

Onze universidades federais oferecem os cursos, que têm duração média de três anos e foram desenvolvidos para que os estudantes possam resolver "problemas multifacetados" do mundo moderno.
No ano passado, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), 222,4 mil alunos cursaram disciplinas de graduações tradicionais em todo o Brasil. Um número bem menor - pouco mais de nove mil - chegou às universidades para ter aulas em cursos superiores de formação geral, chamados de Bacharelado Interdisciplinar (BI). Ao todo, 11 universidades federais oferecem os cursos, que têm duração média de três anos e foram desenvolvidos para que os estudantes possam resolver "problemas multifacetados" do mundo moderno.- Esses cursos permitem ao jovem ter uma formação ampla. A universidade, principalmente a federal, não pode ser só formadora de recursos humanos. Tem que ser formadora de cidadãos, permitir que o jovem discuta questões éticas e sociais - conta Cláudio Costa, secretário de Educação Superior do MEC. - Mas não são excludentes (os cursos e a graduação tradicional), temos espaço para todos.Os cursos de formação geral começaram em 2005, na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, que, desde a sua criação, só oferece cursos com base nesse modelo. Mais flexíveis que os tradicionais, os Bacharelados Interdisciplinares oferecidos por instituições como UFABC, Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) normalmente são divididos em grandes áreas de conhecimento, como Artes, Humanidades, Ciência e Tecnologia, e Saúde.Na UFBA, oficinas de texto fazem parte do cursoA forma de ingresso em cada universidade varia, mas muitas delas adotam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quem faz o BI pode, depois de formado e já com o diploma em mãos, cursar uma graduação tradicional na mesma instituição de ensino sem a necessidade de novo vestibular. Na UFBA, 20% de todas as vagas das graduações tradicionais são reservadas para os BIs. Quem se forma também pode tentar uma vaga na pós-graduação.O modelo de BI também varia. No caso da UFBA, depois de aprovado, um aluno que se inscreveu no BI de Humanas passará cerca de três anos tendo aulas de disciplinas da área de conhecimento escolhida, mas também terá algumas aulas de Saúde, Artes e Ciência e Tecnologias. E ainda obrigatoriamente disciplinas de Língua Portuguesa, Oficina de Textos e Estudo da Contemporaneidade.Na Universidade Federal Rural do Semi-Árido, no Rio Grande do Norte, o BI em Ciências e Tecnologia é, desde o segundo semestre de 2008, pré-requisito para quem quer cursar Engenharia:- Havia um número alto de evasão e troca de cursos. A pessoa começava cursando Engenharia Mecânica e aí queria mudar para a Elétrica. O BI faz com que os alunos entrem em contato com disciplinas básicas de Engenharia, e isso fica sendo um primeiro ciclo. Depois de três anos, o aluno recebe o diploma em Ciência e Tecnologia, e decide se quer cursar mesmo Engenharia - conta Walter Martins, coordenador do curso de bacharel em Ciência e Tecnologia, lembrando que o curso também serve para quem quiser depois cursar licenciatura."BI não tem lugar reservado no mercado" - Diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência da UFBA e responsável pelos BIs, Sérgio Farias concorda que os cursos permitem que o jovem escolha a carreira que vai seguir com mais maturidade:- Diminui o índice de evasão. Nos BIs é de 19%, enquanto a média da UFBA é de 47%.Walter Martins ressalta a importância do mercado:- O curso tem sido um sucesso, mas o BI não tem lugar reservado no mercado. O aluno se forma e não é engenheiro e não é professor. Ele tem uma boa base de Matemática, de Química, de Física, pode aprender mais e se moldar de acordo com a necessidade da empresa. Mas isso só funciona se a empresa tiver oportunidade para esse tipo de profissional - diz Martins.Bacharel em Ciência e Tecnologia pela UFABC, Juliana Sanchez conta que precisou explicar na empresa em que tentava estagiar como o curso funcionava.- Entenderam e me escolheram exatamente por ter o bacharelado, já que ter feito BI permite que eu converse com engenheiros de várias especialidades - conta Juliana, que decidiu continuar na universidade para cursar Engenharia de Energia.Júlio Facó, chefe de gabinete da UFABC, também vê vantagens na formação:- Não dá para você se tornar apenas um superespecialista. O mundo é dinâmico.Secretário de Educação Superior do MEC, Costa diz que o governo federal não está incentivando especialmente o modelo de formação geral, mas vê "com bons olhos" essas iniciativas. E que, se houver a criação de novas universidades, elas certamente terão vagas para bacharelados interdisciplinares:- Em determinadas áreas, você terá a necessidade do curso de Engenharia tradicional, porque você vai ter ali o investimento maciço da empresa X. Em outros locais, podemos partir para esses modelos. Precisamos ter múltiplas ofertas.(O Globo - 18/07)