terça-feira, 29 de junho de 2010

"Universidade federal não olha o mercado", entrevista com Jorge Nogueira

Para professor, instituições públicas precisam se concentrar em cursos estratégicos
O professor e economista Jorge Madeira Nogueira, da Universidade de Brasília, afirma que o Ministério da Educação é capaz de impedir o temido "apagão" de mão de obra qualificada no Brasil.

O MEC, diz, precisa fechar os cursos baratos das universidades federais e transferi-los para as faculdades privadas. As federais ficariam só com os cursos que formam profissionais estratégicos para o crescimento do país.

Leia a entrevista:

- Existe, de fato, o risco de a economia travar por falta de profissional qualificado?

Formamos muitos advogados e administradores, mas um país não se faz só com advogados e administradores. Muitas empresas já não conseguem encontrar engenheiros dentro da qualificação necessária. A nossa graduação está formando pouco e mal.

- Mas o governo tem multiplicado as vagas nas federais...

Lamento essa estratégia. O Brasil não tem dinheiro para manter 70 universidades federais. Está diluindo recursos. Com pouco dinheiro, as federais passam fome e fazem pesquisinha. Entre numa federal de Mato Grosso e você vai chorar. E é justamente lá a fronteira agrícola. Por outro lado, as federais sempre têm um curso de contabilidade. Não adianta fazer universidade pública com cursos baratos. Quero ver abrir engenharia nuclear ou mecatrônica. O governo deve escolher dez universidades e investir pesado, para que se tornem fontes de recursos humanos top de linha.

- E os cursos baratos?

As faculdades privadas podem cuidar deles. Os alunos que não puderem pagar terão bolsas de estudos. Não podemos querer que a universidade pública se encarregue de tudo. O Brasil não está tendo a coragem de fazer a divisão entre público e privado no ensino superior. Antes, dava-se um diploma ao jovem e pronto. Ele conseguia emprego. Hoje há o mercado. A empresa quer o jovem com uma qualificação bem específica. Se não tiver, ele não serve para o mercado.

- Não é perigoso deixar as universidades federais formando só para o mercado?

Não é pecado. É claro que as federais não devem formar só o que o mercado quer, mas também não devem formar só o que o mercado não quer. A esquerda tem um ranço de que é preciso formar universitários com uma visão humanística, mas assim deixa-se o mercado a ver navios. Não me venham com o papo de que 70 federais de péssima qualidade geram pensamento. O governo pode deixar um grupo menor [de universidades] com qualidade fazendo esses novos pensamentos. Quando se quer todas as universidades fazendo tudo, elas ficam medíocres.
(Ricardo Westin)

(Folha de SP, 29/6)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Efeitos da Copa


Sexta feira, 25 de junho de 2010, 15:00 da tarde, em pleno dia útil, Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda: Ninguém nos departamentos, nas coordenações, na direção, na xerox, só cadeados nas portas, e eu aqui, tentando aplicar uma verificação suplementar de Elementos de Máquinas, precisando de cópias das provas, de folhas de provas, de autorização para cópias, em fim, da escola funcionando para fazer o meu trabalho, pelo qual eu e todos aqueles que não estão aqui hoje recebemos. Vejo também muitos alunos precisando da biblioteca. Nem pensar, tudo fechado.

Gostaria de saber em que momento foi “declarado” este feriadão. No site da uff encontro a seguinte informação: No dia 25 de junho, sexta-feira, o jogo Brasil e Portugal será às 11h (horário de Brasília). Haverá recesso nas unidades de Niterói. Nos polos universitários e em outros municípios onde funcionam unidades da UFF cada dirigente terá autonomia para adequar o horário de funcionamento ao jogo, considerando algumas atividades já marcadas, como concursos públicos.

Não recebi nenhuma comunicação de qualquer dirigente do nosso pólo/escola/departamento sobre alterações no horário de expediente desta sexta feira. Mesmo que assim fosse, não devemos deixar de nos alarmar com a quantidade de feriados e dias não trabalhados neste ano. Como diria Ancelmo Gois, parece piada, e é. É fácil entender porque o serviço público é o sonho de consumo de 11/10 brasileiros.

Sds

Durán

terça-feira, 22 de junho de 2010

País perde US$ 15 bi com má formação de engenheiro

Valor é estimativa dos prejuízos com falhas nos projetos de obras públicas
A baixa qualidade do ensino médio, sobretudo em disciplinas como física, química e matemática, tornou-se obstáculo para a formação de engenheiros no Brasil. Essa falha, agravada pela alta demanda gerada com o crescimento do país, tem custo - e não é pequeno.

Cálculos de entidades de engenharia mostram que o país perde US$ 15 bilhões (R$ 26,5 bilhões) por ano com falhas nos projetos das obras públicas. A cifra, equivalente a 1% do PIB, foi apresentada em encontro nacional de engenheiros, em Curitiba, na semana passada.

A reunião levou à capital do Paraná 850 engenheiros de todo o país com o único propósito: buscar meios de frear a crise sem precedentes da engenharia nacional.

Guerra

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) calcula que 150 mil vagas de engenheiros não terão como ser preenchidas até 2012. Tamanha demanda diante da falta de profissionais criou uma guerra por engenheiros.

Em 2003,  a formação de um engenheiro custava US$ 25 mil. Hoje, US$ 40 mil, diz a IBM, uma das empresas que mais contrataram engenheiros e técnicos de computação desde quando o Brasil tornou-se base mundial para oferta de serviços.

Essa escassez já atinge a competitividade brasileira. "Em 2009, exportamos US$ 1,5 bilhão em serviços. Só a IBM respondeu por US$ 500 milhões. A Índia exportou US$ 25 bilhões", disse Paulo Portela, vice-presidente de Serviços da IBM, em seminário promovido pela Amcham, em São Paulo.

"Essa disputa [por engenheiros] não ajuda. Vamos perder se entrarmos numa guerra e ampliar a inflação dos custos da mão de obra." O salário inicial, de R$ 1.500 em 2006, já atinge R$ 4.500.

Evasão

O diagnóstico da realidade nos 1.374 cursos no país mostra que a evasão nos cursos de engenharia é de 80%; dos 150 mil que ingressam no primeiro ano, 30 mil se formam.

"Só um 1 em cada 4 possui formação adequada. O Brasil forma menos de 10 mil engenheiros com competência e esses são disputados pelas empresas", diz José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica da USP, uma das mais importantes faculdades de engenharia do país.

A Amcham (Câmara Americana de Comércio) quer o tema na campanha eleitoral. O documento com o diagnóstico e as propostas compiladas por Jacques Marcovitch, professor da USP e conselheiro do Fórum Econômico Mundial, será entregue ao governo e aos candidatos.

É certo que ficará para o próximo governo a busca da resposta para a pergunta: "Por que o jovem quer ser médico e advogado e não quer ser engenheiro e professor de matemática?".

Exemplo de baixa procura pela área ocorreu em concurso para professor de física em  São Paulo. De 931 vagas, só 304 foram preenchidas.

Sem oferta, indústria "caça" engenheiro

Pesquisa do Ibope encomendada pela Amcham aponta que 76% das empresas no Brasil possuem programas de treinamento e formação de mão de obra.

Boa parte desses gastos assegura o futuro engenheiro na companhia. A mineradora Vale, que só em 2010 prevê investimento total de US$ 12,9 bilhões, deu escala a esse modelo.

A mineradora criou cursos de pós-graduação para atrair engenheiros com até três anos de formado. Cada um recebe bolsa de R$ 3.000 para especialização em engenharia de mina, ferrovia, porto e agora pelotização (transformação de finas partículas de minério em pelotas).

Marcelo Brandão, engenheiro ambiental, e Fabio Witaker, engenheiro mecânico, são exemplos recentes. Foram contratados em fevereiro depois de curso intensivo de engenharia ferroviária.

Aproximar-se da academia tem sido a solução. A montadora General Motors é uma das empresas mais agressivas nesse campo. Com a instalação no Brasil de 1 dos 5 centros mundiais de desenvolvimento de produto, a montadora teve de ampliar de 600 para 1.300 o número de engenheiros.

Acordo

Um acordo com a Escola Politécnica da USP, um dos principais centros de formação de engenheiros no Brasil, deu à GM uma vantagem. Os estudantes de engenharia da Poli aprendem a desenhar carros no sistema GM de projetar veículos.

"Quando esses estudantes saírem da universidade, estarão prontos, com parte do treinamento executado", diz Pedro Manuchakian, vice-presidente de Engenharia de Produtos da General Motors na América do Sul.

Com planos para criar centros de pesquisa no Brasil, General Electric e IBM correm para atrair profissionais. A IBM vai repatriar 50 cientistas brasileiros.

O novo laboratório anunciado há duas semanas exigirá cem cientistas, alguns dos quais engenheiros.

"É uma operação de guerra", disse Paulo Portela, vice-presidente de Serviços da IBM. De 3.800 funcionários em 2003, a IBM expandiu para 21 mil. A empresa já treinou 60 mil pessoas, das quais contratou 10 mil.

Conteúdo nacional

A GE também tem planos igualmente fortes no país, sobretudo para ampliar o conteúdo nacional de componentes usados em seus equipamentos. A empresa também anunciou um centro de pesquisa no país, onde contratará 150 engenheiros.

Segundo Alexandre Alfredo, diretor de relações institucionais, a companhia foi buscar profissionais em quatro universidades: as paulistas USP e Unicamp e as federais do Rio e de Minas Gerais.

Governo quer reduzir evasão nos cursos

A principal meta do governo nos próximos três anos é elevar de 30 mil para 40 mil o número de graduados em engenharia no Brasil. A tarefa foi entregue à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A instituição criou uma comissão para cumprir esse objetivo.

Segundo o coordenador da Capes, Jorge Almeida Guimarães, há dois problemas centrais na crise da engenharia brasileira.

A primeira é a precária formação no ensino fundamental e médio, com grandes deficiências em disciplinas básicas das chamadas ciências duras, como física, química e matemática.

A segunda é consequência da anterior. A falta de boa formação no ensino médio tem provocado evasão maciça nos cursos de engenharia. "A primeira missão será garantir que o aluno fique no curso", disse Guimarães.

A Capes vai pedir auxílio à Petrobras para alcançar essa meta. A estatal, responsável por grande parte da demanda brasileira por engenheiros, é uma das empresas mais interessadas em ampliar a formação desses profissionais. Só assim conseguirá pôr em marcha planos de investimentos de US$ 200 bilhões nos próximos cinco anos.

A comissão da Capes estuda repetir iniciativa hoje já usada por grandes corporações e bancar a permanência dos alunos nos cursos.

A ampliação em 10 mil engenheiros em três anos é uma meta modesta para as necessidades nacionais.

Os países que fazem concorrência com o Brasil no mercado internacional formam contingentes muito maiores de engenheiros. Por ano, a China forma 400 mil engenheiros, a Índia, 250 mil, e a Coreia do Sul, 80 mil.

Iniciativas

Jacques Marcovitch, professor da USP, listou iniciativas com o objetivo de modernizar a engenharia nacional em documento a ser entregue pela Amcham (Câmara Americana de Comércio) aos presidenciáveis.

O desafio de todas é inverter a avaliação atual do diretor da Poli, José Roberto Cardoso: "Engenheiros de menos. Escolas de mais".

Agnaldo Brito

Fonte: Folha de SP, 21/6

domingo, 6 de junho de 2010

Site do Pré-Vestibular Social

O projeto Pré-Vestibular Social ganhou um site de divulgação. Nele é possível encontrar os arquivos para realização da Inscrição, como Editais e Fichas de Inscrição. As Incrições para Alunos do Pré-Vestibular tiveram início dia 31 de Maio e serão acompanhadas de uma ampla divulgação, envolvendo visita a escolas, fixação de panfletos, palestra e divulgação na Mídia da Região. As Inscrições para Professores, estas exclusivas para alunos da Universidade Federal Fluminense, terminarão no dia 11 de Junho. Devido às dúvidas que surgiram, acontecerá na Segunda-Feira, dia 07 de Junho às 18 Horas, na Sala N6A, a Palestra sobre a Seleção de Professores. Caso você tenha evitado se inscrever por algum motivo, compareça e esclareça suas dúvidas.


Acesse o site do Projeto:

Clique Aqui


O Pré-Vestibular Social do PUVR é uma realização do
Diretório Acadêmico Dezessete de Julho e da Empresa Junior Pulso Consultoria

Agradecimentos: NAE - Núcleo de Assuntos Educaionais

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Carta enviada à ECHS

Abaixo, uma carta enviada pelo Centro Acadêmico à Direção da ECHS reafirmando nosso posicionamento em relação a todos esses acontecimentos:

O Centro Acadêmico de Administração vem, através deste e-mail, manifestar seu posicionamento contra a ida dos alunos para o prédio do Aterrado na data prevista pelo colegiado e informada pela direção da escola.

Nós do CAADM entendemos e defendemos que a ida para o prédio novo é de extrema importância para os alunos da ECHS, pois o mesmo trará inúmeros benefícios estruturais. No entanto, realizá-la neste momento, final de período, só trará transtornos para nós, alunos.


Não há ainda garantias de que medidas eficazes serão tomadas a respeito dos itens de transporte, biblioteca, xérox, alimentação, informática e segurança, apontados neste momento como os de maior importância. Até dia 07/06 todos os itens citados serão resolvidos?


Tudo o que aprendemos sobre Planejamento, Estratégia e Gestão Participativa será deixado de lado?


Há também a necessidade de se dar tempo aos alunos e funcionários para que possam adaptar suas vidas a essa nova rotina diária que será empregada após nossa ida para o Aterrado.


Principalmente nos itens sobre transporte e segurança, essenciais para todos, o mínimo esperado é que as possíveis medidas tomadas pela direção estarão em pleno funcionamento.


É importante lembrar que os alunos, por algum tempo, ficaram reféns do péssimo gerenciamento da obra, onde éramos sempre mal informados sobre nossa ida para o novo Campus, não sendo possível, nunca, nos planejar com antecedência em relação a tal mudança.


Sendo assim, é momento dos membros do Colegiado tentarem olhar a situação pela ótica dos alunos, maiores prejudicados com toda a situação.


Tomar decisões baseadas em vontades próprias não é o papel de uma entidade que representa e delibera sobre as necessidades e anseios de toda uma escola.


Já estamos quase no final do semestre. Será que a urgência estrutural é tão forte a este ponto?


Pensamos ser possível, sim, ficarmos até o término do atual semestre na EEIM, já que, mudar agora, no final do semestre, somente trará problemas de adaptação e transtornos desnecessários.


Reafirmamos aqui nosso posicionamento em prol da vontade da maioria dos alunos, os quais são responsáveis pela formação da Universidade.


Centro Acadêmico de Administração – UFF/VR
http://caadm-uff.blogspot.com 
31 de maio de 2010

Fonte: http://caadm-uff.blogspot.com/2010/05/carta-enviada-direcao-da-echs.html