quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Melhor para a UFF: Excelência acadêmica e compromisso social

Por: Francisco de Assis Palharini
Bruno Campos Pedroza

O contexto de eleições e posse de um novo reitor é oportuno para refletirmos sobre os processos democráticos que escolhem os dirigentes universitários. Na UFF, costumamos escolher o Reitor através de consultas eleitorais e elas, muitas vezes, tendem a refletir as mesmas práticas utilizadas nos grotões deste país. Em geral, nossas eleições para Reitor são relativamente caras e de caráter populista. Quando há espaço para que oportunistas e despreparados dêem o bote a cada 4 anos, é sinal que há algo de impostura democrática neste processo. Uma universidade não pode ficar a reboque dos pequenos grupos que loteiam entre si os espaços de poder com uma perspectiva aparelhista. Há que se reconhecer, ainda, que o expediente da reeleição potencializa procedimentos grotescos e nocivos ao desenvolvimento institucional, como atualmente é fácil constatar. Aprofundar, portanto, o debate sobre os rumos do desenvolvimento da UFF faz-se imperativo, se queremos influir decisivamente nos rumos do desenvolvimento da UFF.    
As Universidades têm por função social colocar-se adiante do seu tempo para produzir e pensar o conhecimento de que a sociedade necessita para se desenvolver plenamente. Para cumprir este papel é preciso pensá-las de modo sintonizado com a contemporaneidade e com o contexto no qual desenvolve suas atividades. Aqui, destacamos algumas questões que entendemos como fundamentais se quisermos que a UFF avance efetivamente na direção da excelência acadêmica e do compromisso social.   
O esforço considerável realizado pelos docentes, servidores e estudantes na direção da excelência acadêmica e do compromisso social, apesar da ausência de um projeto institucional e do caráter arcaico da gestão mudou a configuração institucional e a natureza das demandas internas. Mas, a potencialização destes esforços encontra fortes resistências, pois os seus contornos são dados por setores descompromissados com o processo de produção do conhecimento. Assim, pode-se afirmar que a UFF, hoje, tem dificuldade, inclusive, de se reconhecer para enfrentar os desafios internos e externos. Consequentemente, as ações modernizadoras empreendidas pelos docentes, TA´s e discentes dão-se de modo disperso e desarticulado de um projeto que internacionalize a UFF e a insira entre as mais reconhecidas universidades.
Esta desarticulação denuncia a existência de uma cisão, ou dissociação, entre a gestão da UFF e a nova configuração institucional. Esta cisão é decorrente do encastelamento, na reitoria, dos setores político-institucionais interessados em criar dificuldades burocráticas para vender facilidades, em troca de apoio ao seu projeto de poder. Suas práticas de gestão caracterizam-se pelas relações políticas personalistas, de balcão e de que o direito tem preço. E, ao assim proceder, corrompem as relações institucionais e acadêmicas. Para viabilizarem-se politicamente, eles tomam para si fundamentalmente o comando sobre administração orçamentária, de pessoal, de serviços e da fundação de apoio, com algumas concessões à área acadêmica. Neste contexto, as relações internas são frequentemente tensionadas e conflituosas. A modernização pretendida não consegue emergir e o arcaico insiste em se fazer atuante. Evidências desta cisão e dos tensionamentos dela decorrentes manifestam-se nas diferentes dimensões institucionais.
Se considerarmos que o processo educativo está nas salas de aula, no modo de lidar com os problemas internos, nos exemplos dados nos espaços decisórios, cabe perguntar qual modelo de cidadania que praticamos e oferecemos aos estudantes? Se a UFF reproduz práticas políticas onde o direito tem preço ou é um favor, então quais as transformações que produz na sociedade? Afinal, é o papel transformador da educação que está em questão.
Quando o critério para a escolha de chefias, dirigentes superiores e intermediários, é o da troca de cargos por votos e não o de mérito ou capacitação da pessoa; cabe perguntar: de que adianta um servidor se qualificar para o exercício de uma função? Como profissionalizar a gestão? Como estimular as pessoas à um melhor desempenho? Como dar mais agilidade administrativa e reduzir a burocracia, se é justamente ela que justifica os cargos e gratificações que são trocados por votos?
Esperava-se que um conjunto de medidas complementares para o fortalecimento das Unidades fosse adotado em função da extinção dos Centros, mas não o foi, pois desarticularia os esquemas de manutenção do poder. Paradoxalmente, se a extinção dos Centros, ampliou a autonomia das unidades, por outro lado aumentou a dependência em relação à reitoria. Isto porque foram repassadas às unidades muitas das atribuições dos centros sem que ocorresse a contrapartida de recursos necessários. E, assim, incharam-se as pró-reitorias com recursos drenados da área acadêmica.
No CUV, órgão máximo de deliberação, a cisão se evidencia quando tomamos como referência suas pautas de decisão e os métodos utilizados para compor maioria. Debates sobre as questões principais da Universidade raramente estão presentes. A independência do Conselho é comprometida ainda mais quando seus membros ocupam cargos na administração com as gratificações correspondentes. Ou então pela designação de diretores biônicos. Isso para não dizer do medo de retaliação que permeia a decisão sobre como votar. A composição das chapas de representação docente é mediada pelos Diretores e reflete os interesses hegemônicos. A representação da comunidade, escolhida pelo próprio CUV, tende a ser constituída por docentes ativos e até por assessores do reitor, indicada por associações comunitárias de Xiririca da Serra.  
   No CEP, prevalece a discussão sobre o varejo acadêmico e não de políticas que alavanquem a instituição do ponto de vista da qualidade institucional. Não é a toa que em recente ranking do MEC ocupamos a 43ª posição nacional e última entre as IFES do Rio de Janeiro. Nele, até pós-graduação “paraguaia” é aprovada. Na sua composição predomina os indicados pelo Reitor. Os setores acadêmicos e democráticos  são sempre minoritários. Esta configuração lhe valeu o apelido de Conselho Chapa Branca.   
A participação no REUNI destacou-se pelo autoritarismo, ataque a autonomia do Conselho, pela implantação de modo subserviente em relação às metas, ausência de um projeto acadêmico, sem planejamento consistente, com promessas para todos, precipitação no cumprimento das metas, e, hoje, defasagem de 165 milhões para realizar o previsto (o que obviamente inviabiliza o cumprimento do acordado internamente), sem que tenha ocorrido qualquer tipo de definição de prioridades. A expansão proposta orientou-se pelo volume de recursos passível de ser obtido, e em nenhum momento pelas áreas que poderiam fortalecer a instituição, apesar dos inúmeros apelos de alguns setores do CUV. Em alguns locais, a expansão foi intensificada para viabilizar o cumprimento das metas acordadas com o MEC, apesar da infra-estrutura inadequada para a atividade pedagógica. Ao assim proceder, aprofundou assimetrias entre as áreas de conhecimento. Cabe perguntar: o que esperar para a UFF no cenário pós-REUNI? Como melhorar a qualidade do ensino e da pesquisa? O que fazer com as salas de aula superlotadas, falta de funcionários, aumento da carga horária docente?
No HUAP promove-se a oposição entre ser um Hospital Escola, de referência e um Hospital Geral, como se um pudesse existir sem o outro. Modernizam-se instalações, mas reduz-se o numero de leitos e fecha-se a emergência. E, assim, desconsideram-se tanto os compromissos com a sociedade, quanto com a formação. Ignora-se a proposta de um Conselho Gestor. A escolha da Direção é tratada como troca de cargos por votos. A participação efetiva das áreas que compõem o HUAP e dos colegiados é sempre escamoteada. Assim, cabe indagar: como aprofundar a integração com o SUS?  Como ampliar os compromissos com a sociedade? Como fortalecer o caráter acadêmico do HUAP? Como humanizar o atendimento e as condições reais de trabalho?
No âmbito do financiamento institucional, a cisão também se evidencia em toda sua plenitude. A Comissão que cuida do PDI tem na sua composição uma evidente maioria administrativa. Os recursos que lhe são disponibilizados estão muito aquém dos recebidos pela UFF. O argumento é de que o reitor não quer ser uma “rainha da Inglaterra”. As complementações orçamentárias que a UFF recebe não são sequer informadas à Comissão. E 80% dos recursos são direcionados para a rúbrica despesa fixa, sem clareza do que isso significa.
A UFF é uma Universidade Pública, portanto tem o compromisso histórico de defender e privilegiar a educação gratuita em todos os níveis e de exigir os recursos necessários para atender seus compromissos sociais, bem como manifestar-se com altivez na defesa da autonomia pedagógica, administrativa e financeira. Para isso o posicionamento claro da reitoria, na defesa destes compromissos, é fundamental. Se, de fato, por conta das restrições orçamentárias e de pessoal, a UFF é obrigada a recorrer aos cursos auto-sustentáveis para atender demandas de vários setores sociais, faz-se necessário que sua adoção seja acompanhada de amplo controle social na sua proposição e execução, por meio de uma política que regule sua finalidade, natureza e oportunidade, além de oferecer bolsas sociais e qualificação para os TA’s. Mas não é isso que se observa.
Na esfera institucional, por conta da ausência de uma política clara, tratam os propositores de projetos como reféns da sua política de balcão. Foi neste contexto de ausência de políticas e mecanismos de controle social que, há doze anos, encaminhou-se no CUV um plebiscito sobre os cursos “pagos”. O caráter reducionista da decisão, que um plebiscito preconiza, exige um posicionamento, que no nosso caso alinha-se aos compromissos do ideal de Universidade Pública e da própria Constituição, mas que pode colocar a UFF na situação paradoxal de aprovar algo inconstitucional ou, então, de impedir a viabilização de demandas sociais e acadêmicas qualificadas. Mais um impasse gerado por uma reitoria incapaz de pactuar democraticamente soluções para os desafios institucionais que se apresentam.  
Recorrer à criação da FEC possibilitou facilitar o manuseio de recursos orçamentários e de projetos acadêmicos, mas sem dispor de um adequado controle social. Não entram em discussão os usos e abusos que se verificam nos projetos da própria reitoria. Trata-se dos projetos de “modernização administrativa”, promovidos por algumas pró-reitorias, verdadeiras pontes para bolsas e outros instrumentos de cooptação e clientelismo. É neles que se viabilizam os bolsalões ou a transferência de recursos públicos para a órbita privada. Se a FEC serve ao interesse público, porque insiste em afirmar sua natureza privada? Porque não é dada a transparência necessária aos seus recursos próprios (5%, aplicações financeiras dos recursos públicos, receita dos projetos por ela gerenciados). Porque a reitoria não se posiciona com altivez na defesa da autonomia financeira, administrativa e pedagógica? Porque não reivindicar para as IFES a mesma autonomia de que as Fundações dispõem?
Quando consideramos a dimensão do compromisso social, verificamos que ele se materializa nas ações de um contingente expressivo de docentes, técnico-administrativos e alunos. Mas, de novo, por conta das suas ações e do seu esforço. A gestão se interessa pelo volume de recursos á serem captados. Evidências neste sentido são inúmeras. Sublinhamos o episódio recente no qual pesquisadores respeitados realizaram diagnósticos que identificavam encostas habitadas com fortes riscos de deslizamento sob a ação de chuvas, locais onde as previsões se confirmaram e, principalmente em Morro do Bumba, em proporções trágicas. No entanto, o atual reitor lançou sombras de dúvida sobre estes estudos, desqualificando-os e, ao que parece, ofertando ao Prefeito de Niterói o ansiado alívio diante das reiteradas acusações de que vinha sendo alvo por não ter levado em conta as advertências desses especialistas. Com as sombras lançadas o Reitor atingiu frontalmente o principio da liberdade de pesquisa e da avaliação por pares. Que autoridade tem o reitor para dizer se um determinado trabalho de pesquisa está ou não de acordo com o que dele se requer? Isto deve ser objeto de discussão entre as partes e os pares (estudiosos do mesmo assunto).
Outra evidência também associada à tragédia que se abateu sobre Niterói, acima mencionada, foi o desrespeito para com as vítimas, ao inaugurar, com banda de musica e outros adereços, o serviço odontológico com banda de música e outros adereços. É este o modelo de cidadania e compromissos social que o Reitor, oferece a comunidade?
 Construir os caminhos alternativos implica em, necessariamente, promover o diálogo democrático entre os diferentes setores da UFF, na perspectiva de um projeto institucional que reflita os valores e metas que a comunidade aspira, que garanta o compromisso social da universidade, que valorize igualmente a graduação, a pós-graduação, a pesquisa e a extensão, que profissionalize os níveis intermediários de gestão e que incentive o esforço articulado entre docentes, técnico-administrativos e estudantes. Trata-se de pactuar de modo transparente e ético a reconstrução de uma universidade contemporânea, de excelência e com compromisso social.
Se quisermos de fato que a UFF seja reconhecida pela sua excelência acadêmica, e deste modo internacionalizada, impõe-se a necessidade de dotá-la de um projeto acadêmico pactuado democraticamente. Ele,  deverá priorizar a elevação dos conceitos de classificação e visibilidade social de todos os cursos de graduação e pós-graduação; reduzir as assimetrias entre as áreas; garantir para a pós-graduação e graduação os recursos de que necessitam para cumprir as metas a que se dispõem; disseminar as pós-graduações pelo interior; estimular decisivamente a integração de pesquisadores da UFF a redes internacionais de pesquisa; lutar política e juridicamente pela isonomia salarial com a UFRJ; reorientar a composição política da representação docente nos Conselhos Superiores; profissionalizar a gestão. Não podemos mais permitir que o arcaico dite os rumos do nosso futuro. Ou será que é este o nosso paradigma de gestão?

terça-feira, 27 de abril de 2010

PERGUNTAR NÃO OFENDE III

Alô Pessoal,

Embora possa parecer repetido para alguns, esse texto trata de assuntos novos. Algumas repetições são necessárias, pois novos leitores estão se incorporando a nossa saudável corrente de discussão. Certamente não tiveram tempo para acompanhar tudo o que já foi postado e pegar o fio da meada. Para os sem paciência, sugiro pular direto para as perguntas. Vale a pena, pois esse é o último texto da série PERGUNTAR NÃO OFENDE.

Perguntas impertinentes podem desafinar o coro dos contentes, mas não significam nada sem as respostas adequadas.

Como não tenho paciência para participar de debates e audiências, apresento a seguir, um conjunto de perguntas para as quais desconheço as respostas.

Continua valendo a promoção: quem me der as melhores respostas ganhará, como prêmio, um bilhete de ida e volta Rio - Niterói (barcas). No caminho, o vencedor (ou vencedora) poderá refletir sobre os mistérios da vida, aproveitando uma das vistas mais deslumbrantes do mundo, que na correria do dia-a-dia deixamos de perceber.

A impertinência, caso exista, estará na sua resposta, cidadão. Ou não.


1) No DOU Nº 123 de 01/07/2009, na página 79 da Seção 3, consta que a FEC foi contratada para “apoio e gerenciamento à organização e realização das atividades inerentes ao Projeto - A Gestão Gerencial (Sic) no Processo de Desenvolvimento da PROAC/UFF - por R$ 5.756.996,00 (cinco milhões, setecentos e cinqüenta e seis mil novecentos e noventa e seis reais). Vigência: 30/12/2008 a 31/12/2009. Aparentemente Já houve uma manifestação da PROAC, divulgada pela mala direta do NUCS, buscando justificar esta movimentação de recursos. Parabéns pela iniciativa. Vai fazer parte do concurso e pode receber o bilhete Niterói-Rio, caso seja a melhor resposta à seguinte pergunta: O QUE FOI FEITO EXATAMENTE COM ESSE RECURSO? HOUVE PAGAMENTO DE BOLSAS? CASO A RESPOSTA SEJA AFIRMATIVA, HOUVE PAGAMENTO DE BOLSA PARA ALGUÉM QUE RECEBA GRATIFICAÇÃO POR CARGO DE DIREÇÃO (CD)?

2) No DOU Nº 238 de 14/12/2009, na página 64 DA Seção 3, consta que a FEC foi contratada para “apoio e gerenciamento do Jubileu de Ouro da UFF” por R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais). Vigência: 11/12/2009 a 11/12/2010. O QUE ESTÁ SENDO FEITO EXATAMENTE COM ESSE RECURSO? HÁ PAGAMENTO DE BOLSAS? CASO A RESPOSTA SEJA AFIRMATIVA, HÁ, OU HOUVE, PAGAMENTO DE BOLSA PARA ALGUÉM QUE RECEBA GRATIFICAÇÃO POR CARGO DE DIREÇÃO (CD)?

3) No DOU Nº 178, de 17/09/2009, na página 58 da seção 3, consta que a FEC foi contratada para projeto destinado a “organização dos documentos relativos aos atos e fatos da gestão orçamentária e financeira da UFF” por R$ 982.983,95 (novecentos e oitenta e dois mil novecentos e oitenta e três reais e noventa e cinco centavos). Vigência: 01/10/2009 a 01/10/2010. O QUE ESTÁ SENDO FEITO EXATAMENTE COM ESSE RECURSO? HÁ PAGAMENTO DE BOLSAS? CASO A RESPOSTA SEJA AFIRMATIVA, HÁ, OU HOUVE, PAGAMENTO DE BOLSA PARA ALGUÉM QUE RECEBA GRATIFICAÇÃO POR CARGO DE DIREÇÃO (CD)?

4) No DOU Nº 145, de 31/07/2009, na página 88 da Seção 3, consta que a FEC foi contratada para “apoio e gerenciamento do projeto desenvolvimento das ações estratégicas e operacionais na execução do plano de expansão e reestruturação – PDI”, por R$ 755.118,00 (setecentos e cinqüenta e cinco mil cento e dezoito reais). Vigência: 29/07/2009 a 30/07/2010. O QUE ESTÁ SENDO FEITO EXATAMENTE COM ESSE RECURSO? HÁ PAGAMENTO DE BOLSAS? CASO A RESPOSTA SEJA AFIRMATIVA, HÁ, OU HOUVE, PAGAMENTO DE BOLSA PARA ALGUÉM QUE RECEBA GRATIFICAÇÃO POR CARGO DE DIREÇÃO (CD)?

5) No DOU Nº 206, de 28/10/2009, na página 89 da Seção 3, consta que uma assessora externa foi contratada pelo valor total de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) para “prestação de Serviços de Assessoria em subsídio as equipes da UFF nas estratégias operacionais para a execução das ações estabelecidas no Plano de Expansão e Reestruturação e no Plano de Desenvolvimento Institucional da UFF”. Vigência: 17/09/2009 a 17/09/2010. Portanto, a Assessora do Reitor, que não faz parte dos quadros da UFF, está recebendo cerca de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) mensais para essa árdua tarefa. QUE TIPO DE SERVIÇO ESTA ASSESSORA ESTÁ FAZENDO EXATAMENTE? NÃO HÁ NENHUM PROFISSIONAL (OU EQUIPE DE PROFISSIONAIS) DA UFF, DA ÁREA DE GESTÃO E/OU DE ENGENHARIA, CAPAZ DE FAZER ESSE TIPO DE TRABALHO?

6) O valor pago como contrapartida pelo espaço ocupado por agências bancárias dentro dos campi da UFF aumentou muito nos últimos 3 anos, fruto de uma muito acertada estratégia de negociação. QUAL É O PLANO DE APLICAÇÃO DESSE RECURSO? HÁ PRIORIDADES? ALGUMA COISA VEM SENDO TRANSFERIDA PARA O PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL DA UFF (PDI)?

7) Nem todas as atividades administrativas aparecem na página da UFF (nem todos Assessores e Coordenadores de pró-reitorias estão lá, por exemplo). Há alguns desses cargos ou funções que são pagos através da FEC (Fundação Euclides da Cunha). É fato sabido e notório que não é possível acumular gratificações de natureza administrativa, devendo-se optar pela mais alta. COMO PODERIA SER FEITO O CRUZAMENTO DE EVENTUAIS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS EXPLICITADAS NA FOLHA DE PAGAMENTO (COORDENADORIAS DE CURSOS E/OU DE PRÓ-REITORIAS, CHEFIAS, ETC) COM AS GRATIFICAÇÕES PAGAS ATRAVÉS DE BOLSA DA FEC?

8) Burocracia é um dos instrumentos mais eficientes para o exercício do autoritarismo. Os excessos burocráticos intimidam e permitem um “controle” muito maior do que a brutalidade e violência. Na UFF os excessos burocráticos são evidentes, sejam eles involuntários ou não. Diretores de Unidade, Chefes de Departamento, Coordenadores de projetos de pesquisa, Coordenadores de cursos (pagos ou não) são obrigados a desafiar um cipoal de procedimentos injustificáveis e, quase sempre, incompreensíveis para ter qualquer iniciativa aprovada. O resultado é uma enorme insegurança quanto ao cumprimento de prazos e até mesmo quanto a legalidade do que está se fazendo. Beijar mãos e ceder apoios políticos é, para alguns, o caminho mais fácil para abrir caminhos e ter projetos aprovados. QUEM GANHA COM ESTES EXCESSOS BUROCRÁTICOS. COMO REDUZIR A BUROCRACIA NA UNIVERSIDADE?

9) Há mais de dois anos foi criada no CEP uma comissão para rever e reformar o Regulamento dos Programas e Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Federal Fluminense. Essa Comissão elaborou um anteprojeto que previa uma aumento no grau de controle acadêmico, mas reduzindo os trâmites burocráticos para criação e renovação de cursos meritórios. ONDE ESTÁ ESSE ANTEPROJETO? QUANDO ELE SERÁ SUBMETIDO À DISCUSSÃO PUBLICA E SUBMETIDO À PLENÁRIA DO CEP?

10) No Plano de Desenvolvimento institucional da UFF estabeleceu-se a meta de, no máximo, 5% das vagas de concurso para as classes de Assistente e Auxiliar (o resto deveria ser para a classe de Adjunto). Estabeleceu-se, também, um limite para a contratação de professores no regime de 20 horas semanais. QUAL A PERCENTAGEM DE CONCURSOS REALIZADOS NA UFF PARA AS CLASSES DE ASSISTENTE E AUXILIAR NOS ÚLTIMOS 3 ANOS? QUAL FOI A LEGISLAÇÃO DA UFF, APOIADA PELA PROAC, QUE PERMITIU TRANSFORMAR A PONTUAÇÃO DOS PROFESSORES SUBSTITUTOS NO BANCO DE DOCENTES DA UFF EM CONTRATAÇÕES EFETIVAS? QUANTOS PROFESSORES NO REGIME DE 20 HORAS FORAM CONTRATADOS NOS ÚLTIMOS ANOS DENTRO DESSE PROCESSO?

11) A UFF, aparentemente, cedeu para a Prefeitura de Niterói alguns milhares de metros quadrados na beira da Baía da Guanabara, no campus da Praia Vermelha. É uma faixa de terra comprida, que permitirá a duplicação da Avenida Litorânea. O muro separando essa faixa de terreno da UFF já estava em fase adiantada de construção, meio escondido atrás da cerca de arame farpado que delimita a área original do campus, quando a obra foi aparentemente interrompida. Ceder um terreno público federal para um poder municipal é tarefa difícil. COMO FOI O PROCESSO DE CONSULTA À COMUNIDADE E AOS ESPECIALISTAS EM URBANISMO? O QUE A UFF GANHOU EM TROCA? QUANDO FOI APROVADA PELO CONSELHO UNIVERSITÁRIO A CESSÃO DO TERRENO COM A CONSEQÜENTE MUDANÇA DO PLANO DIRETOR DA UFF? A OBRA PAROU OU NÃO PAROU? PAROU POR QUÊ?

12) Há diversos pólos e unidades isoladas com direções nomeadas ad referendum, boa parte, contrariando a legislação federal. QUANDO HAVERÁ CONSULTA ELEITORAL PARA AS DIREÇÕES DOS PÓLOS (E TAMBÉM PARA AS UNIDADES ISOLADAS)?

xxxxx

Já comentei em outras mensagens sobre os anjos tortos - o de Drummond e o de Torquato – um aconselhando a ser “gauche na vida”, outro, “entre um sorriso de dentes, a desafinar o coro dos contentes''. Informei também que, como Drummond e Torquato, sempre tive a companhia de um anjo torto. Meu anjo torto não sorri como o anjo de Torquato - e não está para brincadeiras.

Numa noite, em 1991, acordei e pintei o seu rosto em menos de dois minutos. É o único dos meus quadros que eu deixo sobre a minha cabeceira. Foi o único, até hoje, que a minha filha não perguntou o que (ou quem) era, o que significava ou porque eu o tinha feito. Ele simplesmente estava lá e fazia companhia ao pai.

Meu anjo torto se comunica comigo e faz provocações. No limite, nunca sei se estou tendo alguma visão premonitória do futuro, fruto de sua proximidade comigo, ou se, simplesmente, analisei processos em andamento, intuí tendências e, correndo riscos, fiz previsões fingindo poder ler a mão do Destino, como no caso do recente texto “Águas de Março”.

Águas também correrão em maio, afirmo. Como em março, muita lama, novamente. Teremos novas surpresas e emoções. Nesse caso, mais comédia do que tragédia. Esperem e confiem.


Saudações acadêmicas
Heraldo

MOÇÃO DE DESAGRAVO

Os docentes, técnico-administrati vos e estudantes, que subscrevem esta NOTA, e todos os que quiserem fazê-lo, vêm à público desagravar os pesquisadores da UFF, especialmente os Profs. Elson Antonio do Nascimento e Regina Bienenstein, que recentemente tiveram os resultados dos trabalhos de diagnóstico que identificavam encostas habitadas com fortes riscos de deslizamento sob a ação de chuvas, em Niterói, desqualificados junto à imprensa pelo Magnífico Reitor da UFF Prof. Roberto de Souza Salles.  

Para estes signatários causou perplexidade a manifestação de desapreço com que o Reitor se referiu aos estudos realizados por diferentes especialistas da UFF apontando os riscos que foram dramaticamente confirmados em Niterói por ocasião das chuvas torrenciais que atingiram a região.


É do conhecimento geral que, em momentos distintos, docentes e técnicos do Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (NEPHU), do Instituto de Geociências e da Escola de Engenharia da UFF encaminharam à Prefeitura de Niterói, diagnósticos que identificavam encostas habitadas com fortes riscos de deslizamento sob a ação de chuvas, dentre as quais o Morro do Bumba, Morro do Estado, Beltrão, Vital Brazil, Estrada Fróes e Juca Branco, locais onde as previsões se confirmaram e, principalmente em Morro do Bumba, em proporções trágicas.

No entanto, o Prof. Roberto Salles, magnífico reitor, lançou sombras de dúvida sobre estes estudos, desqualificando- os e, ao que parece, ofertando ao Prefeito de Niterói o ansiado alívio diante das reiteradas acusações de que vinha sendo alvo por não ter levado em conta as advertências daqueles especialistas.

Não nos cabe, enquanto Universidade, julgar as posturas da Prefeitura de Niterói e sim reiterar a importância da participação científica e técnica da UFF neste sofrido episódio. Uma das finalidades precípuas de uma instituição universitária pública é contribuir para o aperfeiçoamento da sociedade que a mantém e fazê-lo inclusive por meio de análises, levantamentos, diagnósticos e projeções baseadas estritamente nos dados da realidade, nos pressupostos teóricos consagrados e nas metodologias amplamente reconhecidas pelas respectivas comunidades de saber.

Esta atitude permite que a busca do conhecimento se faça do modo mais independente possível, livre das pressões inevitáveis que interesses, paixões e preferências particulares, legítimos ou não, tendem a exercer principalmente sobre investigações que possam comprometer os agentes de tais interesses, paixões e preferências. Esta é uma das justificativas fundamentais da autonomia universitária, isto é, não o isolamento em berço esplêndido para se auto-contemplar, mas o reconhecimento original da liberdade indispensável para exercer o conhecimento.

O conhecimento jamais é definitivo, unilateral ou inquestionável. Aliás, sua própria gestação só se faz em ambiente crítico, a tal ponto que o pesquisador deve ser aquele mais desejoso de ter seus métodos e conclusões reexaminados por seus pares. Por isto, tem escassa valia a refutação feita como ato de poder pois detritos, gases, rochas, poeira e lama agem com desenvoltura, respeitando tão somente chuvas, combustões e a gravidade, alheias às arrogâncias dos eventuais ocupantes de fatias de comando. Os mares talvez tenham rido quando Xerxes os açoitou como castigo da tempestade que fez soçobrar a frota de invasão da Grécia.

Até o momento pensávamos que esta compreensão fosse consensual em toda a UFF, mas este triste episódio parece nos advertir que ainda tem fôlego posturas que pretendem submeter a isenção e o rigor do conhecimento às demandas facciosas e demasiado circunstanciais, em troca de benefícios localizados ou fantasiosos.

O que aconteceu é exemplar, pois o mero fato de especialistas da UFF terem se voltado para uma questão pública e obedecido aos requisitos de suas áreas de competência foi o bastante para que nosso Município dispusesse com folgada antecedência da identificação das áreas de risco. É isto que devemos enfatizar, pois evidencia o quanto é decisiva esta contribuição científica e técnica da Universidade —desde, porém, que seu desempenho tenha como referência dominante a verdade acessível ao conhecimento.

Hoje talvez estivéssemos comemorando a eficácia de medidas preventivas e não lamentado tantas perdas irrecuperáveis. Contudo, no âmbito da UFF mostra-se como urgente proclamar e aprofundar o pensamento e a prática dessa autonomia fundada no conhecimento e na consciência cidadã, sem o que estaremos vulneráveis irremediavelmente aos leilões de idéias e aos loteamentos das convicções e cada vez menos capazes de autenticamente nos apresentarmos aos alunos presentes e futuros.

Niterói, 28 de abril de 2010


Alexandre J, da Silva (Professor Associado do Departamento de Engenharia Mecânica do Pólo Universitário de Volta Redonda);
Ana Maria Motta Ribeiro (Professora Adjunto do Departamento de Sociologia);
André Luiz Martins Barreto (Estudante do Curso de Filosofia);
Bruno Campos Pedrosa (Professor Associado da Escola de Engenharia e Chefe do TDT);
Carlos Gabriel Guimarães (Professor Associado do Departamento de História);
Cristina Pinheiro Mendonça (Profa. Adjunto Faculdade de Nutrição);
Dalton Garcia de Mattos Junior (Professor Associado da Faculdade de Veterinária);
Daniel Vieira Nunes (CUV Bancada Estudantil);
Emmanuel Paiva de Andrade (Vice-Reitor);
Florence Cordeiro de Faria (Professora Adjunto do Instituto de Química);
Francisco de A. Palharini (Professor Associado do Departamento de Psicologia e Diretor do ICHF);
Heraldo da Costa Mattos (Professor Titular da Escola de Engenharia);
Jefferson Fabrício Cardoso Lins (Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Metalúrgica do Pólo Universitário de Volta Redonda;
Jorge Luiz Barbosa (Professor Adjunto 4 do Departamento de Geografia);
Jose Carlos Carraro Eduardo (Prof. Associado Faculdade de Medicina)
José Henrique C. Organista (Professor Adjunto de Ciência Política, Campos)
Laís Gouveia (Estudante e 1ª Diretora de Políticas Educacionais da UNE);
Lucia Helena Vinhas Ramos (CUV Representante dos Técnico-administrativos);
Luiz Antônio Botelho de Andrade (Professor Associado do Instituto de Biologia);
Luiz Carlos Soares (Professor Titular do Departamento de História e Coordenador-Adjunto da Área de História da CAPES);
Mara Lucia de Souza Matos (Nutricionista lotada no HUAP);
Marcia Pissiali (Técnico-Administrativa lotada na PROPPI - Financeiro);
Marcos Paiva de Faria (Técnico-Administrativo, Arquiteto e Urbanista);
Mauro de Almeida Santos (Técnico-Administrativo lotado no EGM);
Maximus Taveira Santiago (Professor Adjunto da Faculdade de Medicina);
Metalúrgica e Materiais do Pólo Universitário de Volta Redonda);
Miriam de Fátima Cruz (Bibliotecária);
Renata Del Vecchio (Professora Associada do Instituto de Matemática);
Roberto Carlos Cid (Professor Associado do Instituto de Química);
Rogério de Melo Araújo (CUV Representante dos Técnico-administrativos);
Rosalina Simões Alcântara (Técnico-Administrativa);
Sávio Freire Bruno (Professor Adjunto da Faculdade de Veterinária);
Silvia V. Carvalho (Professora Associada do Departamento de Psicologia);
Théo Lobarinhas Piñero (Professor Associado do Departamento de História e Vice-Diretor do ICHF);
Luiz Valter Brand Gomes (Professor Adjunto 4 do Instituto de Computação);
Theofilo Rodrigues (Mestrando em Ciência Política e Diretor da ANPG);
Thiago Aguiar (Estudante e Conselheiro do CUV);
Thiago Rocha (Estudante e Conselheiro do CEP);
Ulisses Ferreira (Estudante e Conselheiro do CUV);
Vitor Vogel (Estudante e Conselheiro do CUV);
William Kitzinger Costa (Técnico do Laboratório de Informática do Instituto de Computação);
Yuri Saiyé (Estudante e Conselheiro do CEP);

Atividade de pesquisa na Universidade Federal da Bahia: sob ameaça?

por Caio Castilho

"Uma boa universidade pratica bom ensino e interage com a sociedade que a financia. Mas só inova quem faz pesquisa"



Caio Castilho é doutor em Física pela Universidade de Cambridge e professor do Instituto de Física da UFBA. Artigo publicado no jornal "A Tarde":

Algum tempo atrás, ilustre pesquisador da UFBA afirmava: "A atividade de pesquisa na UFBA é uma questão de foro íntimo". Uma frase estranha! Afinal, a pesquisa não é atividade essencial de uma universidade? Seria uma atividade não institucionalizada?

Quando se apresentam candidatos à reitoria, é essencial refletir sobre a situação da atividade de pesquisa na UFBA e o que podem esperar a sociedade e os pesquisadores, dos candidatos à nova gestão.

A UFBA aprovou novo regimento interno, que adota práticas ameaçadoras à atividade de pesquisa. Exemplo é o significativo aumento na carga didática para docentes de cursos de pós-graduação, com atividade regular de pesquisa, formação de mestres e doutores e iniciação científica de alunos de graduação. A carga mínima ora fixada, mais que ameaça, significa sentença de morte. E esta não é a única.

Antes da aprovação do novo regimento já houvera mudanças na estrutura da universidade que causaram e continuam causando danos a ativos e internacionalmente reconhecidos órgãos de pesquisa. São os casos do Centro de Recursos Humanos, Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Mulher, Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia, Centro de Estudos Interdisciplinares em Energia e Ambiente, entre outros. Estes Centros/Núcleos perderam, ou poderão perder, boa parte dos meios administrativos e técnicos mínimos necessários à sua atuação.

Outra ameaça vem de recente determinação do Conselho Universitário, relativa à captação de recursos de pesquisa, que prevê o Nihil obstat de um órgão colegiado no qual uma maioria eventual pode impedir a realização de pesquisas, ainda que aprovadas por comitês específicos, constituídos de pesquisadores com mérito formal e nacionalmente reconhecido, ou mesmo por agências de financiamento vinculadas aos governos estadual e federal.

É universal o reconhecimento de que o exercício da "Liberdade Acadêmica" fica ameaçado se sujeito à mordaça de maiorias, particularmente quando elas se constituem no seio de órgãos de natureza essencialmente política.

O progresso científico, a criação, a invenção e o produzir do novo requerem o oxigênio da liberdade de pesquisa, de indivíduos e grupos, independentemente de serem apoiados por maiorias ou minorias, restringida apenas por parâmetros éticos instituídos.

Sabe-se da influência que dirigentes exercem sobre órgãos colegiados que presidem. Muitos deles não exercem atividade regular de pesquisa, nem atuam em cursos de pós-graduação. As atividades de pesquisador e de dirigente, mesmo não excludentes, não são sinônimas.

Outra ameaça diz respeito aos pesquisadores bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq. Esta agência concede bolsas a docentes que realizem pesquisa e que, avaliados periodicamente por seus pares, apresentem indicadores de excelência na formação de recursos humanos, bem como resultados relevantes na pesquisa básica, aplicada e/ou inovação.

Em várias unidades da UFBA, esses pesquisadores, além de não receberem qualquer reconhecimento pela contribuição agregada à instituição, são perseguidos e estigmatizados.

Uma boa universidade pratica bom ensino e interage com a sociedade que a financia. Mas só inova quem faz pesquisa. Inovação aqui num sentido amplo: o de produzir o novo, inventar, descobrir, conceber, reinventar, estabelecer modelos visando compreender o que ainda não se entende, enfim, pesquisar.

Entre as melhores universidades do mundo, aquelas que mais se notabilizam são as que apresentam excelência na pesquisa que realizam. E, porque pesquisam bem, ensinam bem e se relacionam proficuamente com a sociedade.

No momento em que a UFBA escolhe novo reitor, é, pois, relevante que os candidatos ultrapassem o vago compromisso de "defender uma universidade pública, democrática e de qualidade", e assumam propostas objetivas, concretas, claras e de natureza prática, que contemplem a atividade de pesquisa. Só a adoção de ações institucionais que favoreçam a atitude investigativa evitará que a pesquisa na UFBA continue a ser "uma questão de foro íntimo".

segunda-feira, 26 de abril de 2010

MEC poderá "rebaixar" universidades federais

Proposta que será votada em maio, com o apoio do ministério, prevê que instituições sejam avaliadas pela primeira vez

As universidades federais, pela primeira vez, terão que cumprir metas de qualidade para manterem o título ou poderão ser rebaixadas a centros universitários e ter menor autonomia para abrir cursos, por exemplo. O título de universidade dá liberdade para a instituição se expandir, mas exige dela investimentos em pesquisa como contrapartida.

As mudanças constam de resolução que será votada em maio pelo Conselho Nacional de Educação. Há consenso sobre a inclusão das federais no sistema de credenciamento e a exigência, para as atuais universidades, de manterem ao menos três programas de mestrado e um de doutorado.

No setor privado, muitas universidades ostentam esse título sem cumprir exigências em vigor, como ter 1/3 dos docentes atuando em dedicação exclusiva -45% desrespeitam essa exigência, segundo o Censo da Educação Superior 2008 (último disponível). O MEC diz que começou a cobrar essas instituições e que pode puni-las.

No caso das novas exigências da resolução que será votada pelo CNE, estudo feito pelo conselheiro Edson Nunes com base em dados da Capes (órgão do MEC) mostra que 59% das particulares e 15% das federais não se enquadrariam hoje na regra de ter ao menos um doutorado e três mestrados.

Já em relação às federais, a nova resolução quer limitar a prática de criar instituições e chamá-las de universidades sem que estejam preparadas para isso. A prática foi utilizada por vários governos. No de Lula, das 13 universidades criadas, seis hoje não cumprem a determinação de ter ao menos um doutorado e três mestrados.

A resolução faz uma diferenciação entre as universidades já existentes e as que ainda buscam obter este título. Para as novas, a exigência inicial será maior: dois doutorados e quatro mestrados. Entre as já existentes, será dado um prazo, ainda não estipulado, para se adequar a todas as normas.

As novas regras deixarão de fora as universidades estaduais, que respondem a conselhos estaduais de educação, e não ao nacional. Metade delas, segundo Nunes, hoje não estaria adequada às exigências de um doutorado e três mestrados.

Mesmo com a resolução, ainda segundo o conselheiro, continuará havendo discrepância entre as universidades no país, sem haver diferenciação das instituições intensivas em pesquisa daquelas cuja prioridade é o ensino de graduação.

Ministério não espera novas regras para agir, diz secretária

Na avaliação da secretária de Ensino Superior do Ministério da Educação, Maria Paula Dallari, o estabelecimento de parâmetros mínimos de qualidade, vinculados ao processo de credenciamento e recredenciamento das universidades, reforçará a necessidade de se investir em programas de pós-graduação, mesmo que não seja barato nem lucrativo.

Ela afirma, no entanto, que o ministério não está parado esperando as novas regras entrarem em vigor para agir. "Já pegamos a lista de todas as universidades e centros que estavam abaixo do patamar mínimo de docentes em dedicação exclusiva e os notificamos. Eles tiveram prazo para se adequar. Desde então, já expedimos 11 medidas cautelares impedindo a abertura de vagas ou cursos."

Edson Nunes, conselheiro da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, que realizou um estudo sobre o cumprimento das exigências pelas universidades, foi um dos maiores defensores da inclusão das federais no processo de credenciamento.

Ele lamenta, no entanto, que a discussão sobre o que se espera das universidades tenha, em sua visão, ficado praticamente restrita ao estabelecimento de alguns indicadores mínimos.

Líderes de instituições públicas e privadas pedem mais discussão

A Andifes (entidade que reúne reitores de federais) diz que sempre foi favorável à avaliação do ensino superior, mas, segundo seu secretário-executivo, Gustavo Balduíno, é preciso considerar as diferenças com o setor privado.

"O mantenedor de uma universidade federal é o próprio governo. Antes de descredenciá-la, ele precisa prover os meios para que sejam alcançados os indicadores mínimos."

Ele argumenta também que as novas regras deixarão de fora parcela importante do setor público: as universidades estaduais. "Várias delas teriam dificuldade para alcançar os indicadores em debate."

Gabriel Mario Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior, quer ampliar a discussão. "O que se debate é a visão clássica de um modelo de universidade em que pesquisa e extensão precisam estar associadas ao ensino."

Segundo ele, há várias universidades com vocação para formar quadros para o mercado de trabalho. "Nessas instituições, as exigências são menores, pois nem sempre o melhor professor é aquele que tem mais títulos acadêmicos."
(Antonio Góis)
(Folha de SP, 26/4)

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=70461

sexta-feira, 23 de abril de 2010

NOTA DE ESCLARECIMENTO - PMRR

A equipe de pesquisadores do Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e
Urbanos da Universidade Federal Fluminense / NEPHU se solidariza com os
moradores dos assentamentos afetados pelos recentes deslizamentos e
apresenta algumas contribuições para as estratégias de ação do poder
público, instituições e demais entidades da sociedade civil: 

- Avaliamos que as ações emergenciais empreendidas pela Defesa Civil e
Prefeitura devem ocorrer lado a lado com uma política urbana  e habitacional
abrangente que aborde a problemática de cunho mais estrutural, incluindo a
recuperação do estoque de moradias representado pelos assentamentos
populares e a provisão de novas moradias para atender a demanda atual e
futura; 

- Nessa direção, consideramos que deve ser atualizado e implementado o Plano
Municipal de Redução de Riscos de Instabilidade de Encostas e de Inundação -
PMRR, desenvolvido pela UFF e finalizado em 2007, como instrumento de
planejamento e priorização das ações nas diversas áreas; -  Importante
instrumento de planejamento e ação, o Plano Local de Habitação de Interesse
Social  - 

PLHIS,  atualmente em desenvolvimento,  deve ser finalizado em curto prazo,
devendo  contemplar, dentre outras diretrizes territoriais, a definição de
Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS),  para construção de novas
moradias destinadas a atender às famílias a serem reassentadas e à demanda
atual e futura por habitação de interesse social;  

-  Avaliamos que a colocação da  “remoção” de famílias e casas em áreas de
risco como alternativa predominante para o tratamento dos assentamentos
populares tende a criar um falso problema, pois  traz com ela a idéia de que
“os pobres estão sempre no lugar errado”; 

-  Defendemos o tratamento diferenciado de cada assentamento, com soluções
sociais e técnicas que considerem suas características específicas e que
podem ora apontar para a permanência da população em suas respectivas áreas,
ora para reassentamentos parciais e ora para reassentamentos para áreas
próximas e previamente indicadas pelos planos e instrumentos da política
urbana acima citados; 

- Defendemos o direito das diferentes comunidades de participar dos
processos de planejamento e de decisão com relação às ações que irão afetar
diretamente seus destinos, aliás, um direito já garantido no Estatuto da
Cidade; 

- Quanto às ações emergenciais, defendemos que não cabe à Universidade um
papel executor, nem sequer de vistoriar ou emitir pareceres de situações de
risco, isoladamente, mas sim de assessor do poder público e das associações
e comunidades afetadas, no enfrentamento global da problemática. 

Nessa perspectiva, a  equipe do NEPHU coloca-se à disposição para dialogar
com a sociedade civil e o poder público no sentido do desenvolvimento das
ações recomendadas.  

Com relação ao Plano Municipal de Redução de Risco cabe esclarecer que o
mesmo  foi elaborado por equipe composta por professores e alunos de
graduação e  de  pos-graduação da UFF, incluindo  cinco doutores nas areas
de  Geotenia,  Geoprocessamento,  Drenagem,  Urbanismo e  Meteorologia, sob
a coordenação do professor Elson Nascimento. A articulação com as
comunidades, através do contato com as lideranças locais, para viabilizar o
acesso dos técnicos às areas de risco foi realizada sob a coordenação da
professora Regina Bienenstein.  

Discordando das  recentes  informações veiculadas na imprensa de que o PMRR
(Estudo da UFF) estaria incompleto, prestamos, os seguintes esclarecimentos:


1. O trabalho está COMPLETO. Eventuais atualizações podem e devem  ser
realizadas,  sobretudo, considerando-se que o referido estudo foi concluído
em 2007.  

2. As  áreas de ocupação  foram  classificadas  em quatro categorias de
riscos, com base na metodologia preconizada pelo Ministério das Cidades: R1
– baixo risco; R2 – médio risco, R3 – alto risco e R4 – muito alto risco,
abrangendo todo o Município.   2 

 

3. Foram  identificados e  caracterizados (após vistorias) 142 pontos de
riscos. Estes foram devidamente descritos por tipo de problema e para eles
apresentadas proposições de solução e o custo de implantação de cada uma
delas;  

4.  Estas informações constam do documento denominado  Produto 5  –  Risco
de Instabilidade de Encostas, entregue à Prefeitura Municipal de Niterói, no
inicio de 2007. A Prefeitura encaminhou a UFF a  copia de ofiíco  enviado  a
Caixa Economica (GIDUR-RJ)  um documento  (Ofício  SSU 008/2007) contendo os
seus comentários sobre o Plano e solicitando que a propria Prefeitura
concluí-se o  referido estudo através do atendimento  aos seus próprios
comentários. Mesmo diante da inusitada e unilateral decisão da Prefeitrua
de Niteroi,  a Equipe Tecnica da UFF atendeu  àqueles  comentários
considerados pertinentes e procurou dar respostas aos demais, conforme
detalhado na minuta de ofício de 10 de Maio de 2007, em anexo.  

5. Ressalta-se, que a elaboração do PMRR iniciou-se com uma Audiencia
Pública através de reunião na Prefeitura com a participação de lideranças
comunitárias, caracterizando o denominado Produto 1. Os Produtos 2 e 3 foram
relatorios parciais  de drenagem e  de  encostas, respectivamente. O Produto
4  - Redução dos  Riscos de Drenagem  foi entregue e aprovado pela
Prefeitura, entretanto,  não temos informação sobre a sua implementação. O
Produto 5 – Redução de Riscos de  Instabilidade de Encostas, conforme
informado  acima,  foi entregue, mas ainda não  recebemos    a  sua
aprovação  ou  qualquer informação sobre implementação.  

6. Embora a imprensa tenha acompanhado, desde o início, e frequentemente
solicitado informações sobre o  referido  estudo, temos  sido comedidos  na
divulgação  de  detalhes dos relatórios,  por entedernos  que estes
documentos  pertencem a  Prefeitura  e compete as  autoridades municipais  a
iniciativa da sua destinação final. 

Entretanto, com o objetivo de contribuir para a construção das AÇÕES
EMERGENCIAIS, divulgamos, a seguir, os locais identificados no PMRR de
Niterõi,  com pontos de riscos classificados como ALTO e MUITO ALTO, na data
de conclusão do estudo:  

·  Locais com pontos de RISCO MUITO ALTO:  

Região Norte: 

RN 5A – Palmeiras Coréia; RN 10 - Lagoinha; RN 11 – Cova da Onça; RN 22 –
Morro do Holofote; RN 24 – Morro da Igrejinha; RN 25 – Morro do Céu; RN 5A –
Palmeiras-Coréia; RN 7 – Morro do Castro; 

RN 8 – Travessa Figueiras; RN 23 – Gerônimo Afonso; Região das Praias da
Baia: RPB 5 – Morro do Preventório;  

·  Locais com pontos de RISCO ALTO:  

Região Norte: 

RN 1 – Morro da Ilha da Conceição; RN 2 – Pátio Leopoldina; RN 3 – Morro dos
Marítimos; RN 4 – Nova Brasília; RN 4A  – Travessa Irani; RN 5  – Vila
Ipiranga; RN 5A  –  Palmeiras-Coréia; RN 10 – Lagoinha; RN 11 – Cova da
Onça; RN 14 – Sabina Teodoro; RN 15 – Morro da Bela Vista; RN 16 – Morro do
São José; RN 17 – Morro do Saraiva; RN 18 – Morro do Bumba; 19 – Serrinha;
RN 20 – Boa Vista; 

Região das Praias da Baia: 

RPB 16 – Morro da Penha; RPB 13 – Morro do Estado; RPB 6 – Morro do Cavalão;
RPB 10 – Morro do Inácio Meneses; RPB 8 – Morro do Viradouro; RPB 10A –
Martins Torres; RPB 7 – Morro do Souza 3 Soares;  RPB  5  – Morro do
Preventório;  RPB  4  – Morro Salina do Peixe Galo;  RPB  2  – Morro do
Morcego;  Região de Pendotiba: RP 4 – Badu; RP 4A - Morro da Cocada; RP 6 –
Morro do Cantagalo; RP 2 – Grota do Surucucu;  Região Oceânica: RO 22 –
Cacilda Ouro; RO 16 – Argeu Fazendinha II; RO 10 – Morro da Luz; RO 7 –
Morro do Cafubá. 

 

Finalizando, a equipe de elaboração do PMRR de Niterói, coloca-se à
disposição para prestar quaisquer esclarecimentos  adicionais que possam
contribuir para a efetiva aplicação deste instrumento, visando a REDUÇÃO DOS
RISCOS DE INSTABILIDADES DE ENCOSTA E DE INUNDAÇÃO na cidade de Niterói e
para dialogar com o poder público no desenvolvimento das ações recomendadas.


 

Niterói, 19 de Abril de 2010. 

 

Prof. Elson Antonio do Nascimento, D.Sc. 

Coordenador do Projeto


Profa. Regina Bienenstein, D.Sc. 

Coordenadora do NEPHU

quinta-feira, 22 de abril de 2010

DO FUNDO DO BAÚ 3

Oi pessoal,

Revirando meus arquivos antigos encontrei o texto apresentado a seguir. Ele foi escrito em outubro de 2007, se não me engano, quando alguns membros da família Pinochet foram presos com base no processo sobre o esquema de desvio de verba pública que teria originado a fortuna do falecido general.

Eu estava pensando no Brasil, no Rio de Janeiro, na UFF e em todas as eleições que ocorrerão esse ano. Não sei por que esse texto me chamou a atenção e voltou à minha cabeça. Como quase sempre, sigo o impulso e coloco o assunto na frente de outros que provavelmente seriam mais atuais e interessantes para um eventual leitor. Aí vai:

xxxxxxxxxx

PINOCHET (texto de outubro de 2007)

Colegas,

Talvez esse assunto esteja longe dos temas de discussão prioritários de quase todos vocês, mas creio ser importante refletirmos um pouco sobre ele.

Na última quinta feira, dia 4 de outubro, li nos jornais que diversos membros da família Pinochet haviam sido presos com base no processo sobre o esquema de desvio de verba pública que teria originado a fortuna do falecido general – cerca de 27 milhões de dólares mantidos comprovadamente em contas no exterior.

Não alivia toda a dor e sofrimento causados pela ditadura chilena, mas, confesso, fiquei contente. Provavelmente todos serão soltos hoje e continuarão na sua linha de defesa na qual dizem que o dinheiro hoje no exterior não é fruto de corrupção – e sim de “doações, economias e rendimentos”.

Inacreditável América Latina, que já exorcizou os fantasmas das ditaduras militares e da tortura como instrumento de estado, mas na qual foram necessários quase 40 anos após o golpe militar de 1973 no Chile para que se pudesse falar publicamente: Augusto Pinochet. Ditador, assassino – e CORRUPTO.

Saudações acadêmicas

Heraldo.

xxxxxxxxxx


Como nos letreiros daqueles filmes que, ao final, explicam o destino dos personagens, informo que:

- Os membros da família Pinochet ficaram presos menos de 24 horas, creio.
- O Promotor do caso sofreu severas perseguições após essa prisão temporária dos Pinochet.

Contudo, ainda acredito que a America Latina conseguirá tratar a questão da corrupção endêmica na vida publica como tratou, e vem tratando, a questão das ditaduras militares e do uso da tortura como instrumento de estado.

Corrupção não pode ser tratada como coisa “natural” na política e na vida. No entanto, apesar de muitos repudiarem os políticos (e, como conseqüência, a política), principalmente pelas suspeitas de que uma boa parte deles não teria compromisso com a Ética Pública, eles votam em boa parte exatamente nesses corruptos. Ignoram solenemente dinheiro acumulado de forma suspeita fingindo pragmaticamente acreditar na explicação de que ele seria fruto “doações, economias e rendimentos”.

Numa América Latina onde as grandes fraudes eleitorais e manipulações de massas praticamente se acabaram, isso nos leva a refletir. O que explicaria esse movimento esquizofrênico de repudiar veementemente a corrupção e a falta de ética, mas votar e eleger um grande número de políticos sabidamente incompetentes, corruptos e pouco comprometidos com a democracia, ou, no mínimo, com um passado para lá de duvidoso?

Todos clamam por mudança na política, mas há os que esperam que essas mudanças venham “dos outros”, porque a lama toda em sua volta não seria absolutamente responsabilidade sua - cidadão honesto que só conhece gente bacana. Comportam-se de forma extraordinariamente semelhante a alguns prefeitos que alegaram jamais poder ser responsabilizados pelos recentes deslizamentos de terra causados pelas chuvas, pois a lama seria culpa de “outros” – de seus antecessores, de auxiliares e cientistas que não o alertaram, e de São Pedro, naturalmente.

As verdadeiras mudanças sociais quase sempre coincidem com mudanças de mentalidades e, conseqüentemente, do comportamento de cada indivíduo. Jogar a culpa da corrupção e falta de ética na política “nos outros” é fácil. Esperar que as soluções venham “dos outros” também é fácil. Eximir-se de responsabilidades é mais fácil ainda. Difícil é sair da pasmaceira e da acomodação convenientes, e correr riscos. Trombar com alguns supostos “poderosos”. Viver é correr riscos. Eventualmente tudo pode “continuar como está”. Eventualmente, tudo pode mudar, de repente, quase sempre aos saltos.

E se algum cidadão vota num corrupto supostamente por falta de alternativas para assegurar a execução de obras públicas relevantes, ou porque suas perdas (do ponto de vista material, profissional, etc.) seriam muito grandes com a queda desse dirigente político, é bom refletir. Provavelmente já se tornou também, conscientemente ou não, um corrupto.

Se as críticas à incompetência, à corrupção e ao descalabro ético na política feitas pela maioria das pessoas forem sinceras, basta excluir, no voto, em todas as instâncias possíveis, os indivíduos que são a óbvia negação de todas as nossas expectativas de uma sociedade menos injusta e desequilibrada.

Saudações Acadêmicas,
Heraldo

quarta-feira, 21 de abril de 2010

MANIFESTO À COMUNIDADE ACADÊMICA

É com grande satisfação que observamos a conclusão próxima de pelo menos um dos prédios do Campus Aterrado “ainda” no 1º semestre letivo de 2010. É de pleno conhecimento da Comunidade Acadêmica do PUVR que este prédio faz parte de um dos projetos idealizados, concebidos e implantados exclusivamente por membros de Volta Redonda. Entretanto, desde agosto de 2009, por critério da reitoria da UFF, o PUVR encontra-se sob INTERVENÇÃO de um professor da Escola de Engenharia de Niterói sem conexão com os projetos de Volta Redonda. Como os resultados desta ação da reitoria no PUVR: foram suspensas as reuniões do Conselho do PUVR, desmantelou-se o GREICA (Grupo Especial de implantação do Campus Aterrado), os pagamentos da UFF à empresa construtora atrasaram e os investimentos em recursos humanos e materiais foram reduzidos, perdeu-se a qualidade em importantes itens do projeto e tornou-se impossível a conclusão das obras dos três prédios no prazo contratado. Além disso, adiou-se desnecessariamente a reforma dos Laboratórios de Ensino da EEIMVR e funcionários do Pólo se encontram sob um inaceitável assédio moral. Para compensar parte dos danos irremediáveis à Comunidade e ao erário público, impõem-se a ECHS-VR uma apressada ocupação de um Campus ainda inacabado. Solidarizamo-nos com os docentes, alunos e funcionários da ECHS-VR e do ICEx, que por consequência, dessa desastrosa gestão se encontra sem outra alternativa no momento para resolver os seus problemas de espaço físico. Dirigimo-nos aos conselheiros, no sentido de exigir o respeito e cumprimento da decisão unânime do Conselho do PUVR, legitimamente implantado e democraticamente eleito, em reunião de agosto de 2009 para realizar a Consulta Eleitoral para Diretor e Vice-Diretor do PUVR, cumprindo-se um anseio da Comunidade de Volta Redonda, com o término dessa inaceitável e injustificável INTERVENÇÃO.

SOMOS CONTRA A INTERVENÇÃO,
O PUVR DESEJA ELEIÇÃO JÁ!!!
Grupo Ação Acadêmica

terça-feira, 20 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

MICARETA

Oi pessoal,

Cenas como as que foram mostradas pela TV há algum tempo - políticos flagrados sorridentemente abraçados a pacotes de dinheiro, no chamado “Escândalo do Panetone” - acabam desanimando ainda mais os descrentes na Política (com P maiúsculo) como forma de mudar (e melhorar) a sociedade.

Peço, contudo, que pensem – esse fato não foi corriqueiro. Não se vê todos os dias corruptos flagrados e denunciados através dos principais telejornais (apesar de todo mundo ter uma vaga noção de que essas coisas acontecem no país desde Pedro Alvares Cabral).

Só em Brasília (cujo cinqüentenário praticamente coincide com o da UFF), 3 senadores e um governador tiveram os seus mandatos cassados ou tiveram que renunciar para não tê-los cassados nos últimos anos.

Alguma coisa está mudando.

Até a “grande imprensa” já percebeu há muito tempo que o nível de informação (e, portanto, o de cobrança) das pessoas aumentou. Quem não der atenção a isso, perderá público. A quase totalidade da população “está de olho”, atenta, e quer mais detalhes sobre o que é feito com os impostos pagos pelos cidadãos. Pragmatismo e politização. Nada de se satisfazer apenas com discursos de protesto, mas a exigência de mudança e de resultados visíveis na qualidade de vida. Queremos mais e queremos já.

A campanha morna para reitor da UFF indicaria desinteresse e conformismo, ou que mudaram os tempos com o surgimento de novas práticas políticas? Eu acho que muita coisa mudou e que desse eloqüente silêncio da maioria emergirá, através do voto, posições bastantes claras exigindo ética e mudanças.

Apesar de um aparente marasmo, sob a superfície calma do cotidiano acadêmico há uma movimentação de pessoas insatisfeitas buscando construir uma Universidade ainda melhor - com Excelência Acadêmica e Democracia. Mobilização um tanto espontânea e com mais intuição do que certezas, como iniciam quase todos os processos políticos de massas. Nesse processo de busca de mudança acadêmica com democracia, os envolvidos errarão (erraremos) muito ainda, mas sem perder o ânimo e o senso de humor. Tentaremos.

Para os desanimados, que, equivocadamente, na calma vêem desânimo e acomodação - e com isso perspectiva de continuidade - recomendo que façam uma rápida leitura da letra de Chico Buarque, a seguir. De repente, podemos ter um carnaval fora de hora, uma imensa Micareta Acadêmica. O “samba no pé” de cada um aparecerá naturalmente no momento certo, não tenho dúvidas quanto a isso.

Saudações Acadêmicas,
Heraldo
http://www.heraldo-emlinhareta.blogspot.com/


“Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...

E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...”

Quando o Carnaval Chegar – Chico Buarque de Holanda

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Reitor da UFF afirma que não tinha estudos específicos sobre o Morro do Bumba


Túlio Brandão - O Globo




RIO - O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles, disse em entrevista coletiva nesta quarta-feira (14 de abril), junto com o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, que nenhum dos estudos elaborados pela UFF tratava "especificamente" do Morro do Bumba, onde deslizamento de terra na semana passada provocou mais de 40 mortes. O prefeito anunciou também a criação de um instituto de geotecnia de Niterói, que será chamado de Geonit.



Jorge Roberto Silveira e Roberto Salles, na entrevista coletiva desta quarta-feira, na UFF. Fonte: http://www.noticias.uff.br/noticias/2010/04/coletiva-reitor-prefeito.php







- O professor Adalberto, um dos maiores especialistas do país em aterro sanitário e em geologia, citou em um de seus estudos um ponto do Morro do Bumba, mas ele não tinha o conhecimento de que ali havia um aterro. Ele assinalou o morro pela sua inclinação, não pelo aterro - exemplificou o reitor.






Salles comentou ainda um estudo encomendado à universidade pela prefeitura Niterói:
- Trata-se de um trabalho do professor Elson. O estudo foi feito, mas, na ocasião, os técnicos da prefeitura solicitaram alguns ajustes, e o trabalho voltou para revisão.
O professor do Departamento de Engenharia Civil da UFF e coordenador da pesquisa Elson Antônio Nascimento confirma que não tem conhecimento de estudo especifico sobre o Morro do Bumba, mas cita um relatório de vistoria na comunidade feito em conjunto com a professora Regina Bienenstein, coordenadora do Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (Nephu) da universidade.
- Inspecionamos o Morro do Bumba em 2004 e detectamos a presença de gás metano. A professora Regina chegou a elaborar proposta de remoção das pessoas que viviam sobre o lixão e levou à prefeitura -conta Elson.
Nesta quarta-feira, a professora Regina também confirmou as declarações do reitor e minimizou a inspeção feita em 2004 no Bumba, após um deslizamento.
- Foi só uma vistoria que gerou uma proposta de projeto apresentado à prefeitura. Eu sequer elaborei um relatório.
Na semana passada, ementrevista à BBC Brasil , a professora afirmou que "a situação de risco estava clara. Parte dos 400 moradores estavam em cima do antigo lixão. As autoridades sabiam".
De acordo com a entrevista à BBC, havia um projeto que recomendava uma série de medidas, entre elas o remanejamento das famílias que ocupavam o lixão para uma área adjacente que não corria risco de deslizamentos.
"Era possível acomodá-las dentro do próprio assentamento (...) Não houve resposta ao meu projeto. Houve a eleição, o comando dos órgãos mudou e isso ficou esquecido", informou à BBC.

_________________________________________________________________________________
COMENTÁRIOS DOS LEITORES DO O GLOBO



  1. escândalo 
    15/04/2010 - 09h 02m
    QUANDO SE VÊ POLÍTICO MENTIROSO/COVARDE, FAZ PARTE( INFELIZMENTE) DE NOSSA CULTURA (ATÉ QUANDO?);AGORA PROFESSOR(ES) É PARA SENTAR NO MEIO FIO E CHORAR LÁGRIMAS DE ESGUINCHO( COMO DIRIA O IMORTAL N.RODRIGUES).VOCES PROFESSORES VÃO DEIXAR UMA MANCHA ( MENTIRA)QUE CARREGARÃO PARA O RESTO DE SUAS VIDAS, JUNTO COM SEUS FILHOS, NETOS, ETC.
    POLÍTICOS NÃO! ELES JÁ SÃO ASSIM!
    PENSEM NISTO.


  2. Edival Junior
    15/04/2010 - 09h 00m
    Entendam!!! PREFEITURA + UFF = GEO NIT


  3. Edival Junior
    15/04/2010 - 08h 58m
    Agora que o Prefeito anunciou que criará a GEONIT em conjunto com a UFF os discursos começam a mudar.
    POLITICAGEM PODRE!!!


  4. Helcio Vasconcellos Dias de - email
    15/04/2010 - 08h 52m
    A única coisa justa em Niterói é pedir o impeachment do Prefeito Jorge Silveira - um governante com três ou quatro mandatos e que nada sabe sobre a situação da sua cidade - certamente contribuiu com tijolos e areia para as construções no morro do Bumba e é diretamente responsável pelas mortes ali ocorridas. Em outras cidades, mesmo no Rio, a distribuição de tijolos se lotes é uma constante desses maus políticos. Vamos expulsá-los, já.


  5. depressao 
    15/04/2010 - 08h 49m
    Assuma Dra.Regina! Todos tiram o corpo fora! Então do que ainda ter o ´saber `, a pesquisa e a universidade? Os conselheiros, de que serverm?
    Vamos protestar, alguém tem que se responsabilizar! Nós, a sociedade pagamos impostos, e vocês? Só roubam? Os intelectuais são uns hipócritas! Ação, chega de teoria e demagogia!
    Vote NULO!


  6. OliviaF 
    15/04/2010 - 08h 46m
    BAS77 - o professor da UFF é concursado e trata-se de servidor público federal com nenhuma ligação com a prefeitura.


  7. OliviaF 
    15/04/2010 - 08h 44m
    RJHaiti, o peso dos votos dos professores ( que fazem a universidade, pois sem eles não haveria) é o mesmo dos funcionários. E é claro que os alunos não podem ter o mesmo peso por serem temporários... quantas alunos vão votar e sair no final do ano??? E quem aguenta são os que ficam professores e funcionarios.


  8. OliviaF 
    15/04/2010 - 08h 42m
    José Porto não existe essa história de perder semestre em faculdade pública...o máximo que acontece é o semestre não acabar no mesmo mês que as faculdades particulares.


  9. SilviaKersh 
    15/04/2010 - 08h 40m
    O atual Reitor da Uff foi eleito por uma quantidade absurda de funcionários da entidade por causa de sua promessa de campanha de fazê-los trabalhar apenas 30 horas recebendo por 44 horas semanais. Belo exemplo de ética...


  10. Marlene de Oliveira Ganime - email
    15/04/2010 - 08h 16m
    Ué, desapareceu ??? meu Deus quanta mentira, quanta hipocrisia!!
    Será que esse "prefeito" não vê que é pior esse tipo de ação?


  11. MENGÃO110 
    15/04/2010 - 07h 16m
    ue, agora sumiu o estudo??

    aí tem....ah se tem!


  12. Markus Cohen
    15/04/2010 - 04h 13m
    Todos os meus comentários estnao sendo barrados? Censura!


  13. ana lúcia torres
    15/04/2010 - 00h 57m
    Tanto o prefeito de Niterói quanto o reitor da UFF, que resolveram produzir factoides juntos para tentar iludir o povo, precisam ser investigados pelo Ministério Público, porque são pesadas as denúncias contra os dois.


  14. José Porto
    15/04/2010 - 00h 51m
    Minha filha está há 2 semanas sem aulas no Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, interditado em razão das chuvas. O reitor da UFF, absurdamente, não tomou providência alguma para ceder outro prédio, emergencialmente, para alojar IACS. 1.500 alunos correm o risco de perder o semestre letivo pela incompetência do reitor Salles.


  15. aline stelman
    15/04/2010 - 00h 47m
    O reitor da UFF, R, Salles, faz faz péssima gestão e tenta desesperadamente aparecer porque sabe que o candidato da oposição, prof. Palharini, é o favorito. Salles é demagogo e inoperante.


  16. RJhaiti 
    15/04/2010 - 00h 44m
    Sera q vai ser possível confiar na GEONIT com esse prefeito q nada sabe e com um reitor q desmoraliza seus professores e/pesquisadores? Com o prefeito a "chacoalhar" com arrogância o trabalho de um professor/pesquisador q alertava para os riscos q desdenharam??? MP cade vcs? Niterói está refém! Pelo visto os professores/pesquisadores tb!


  17. RJhaiti 
    15/04/2010 - 00h 33m
    Que vergonha! primeiro desmoraliza os professores/pesquisadores, depois promete um "cala a boca" com essa empresa - mais um cabide de empregos!reitores são eleitos sim - e nova eleição da uff está próxima- e se não me engano proporcionalmente os votos dos professores tem mais peso... Que vergonha!!! O haiti é aqui! Enquanto isso inúmeros desabrigados, órfãos, familias dizimadas, verdadeiro desdém verdadeiro descaso! Que vergonha! Quem ama cuida! Quem ama não mata! Vergonha! Vergonha!


  18. BAS77 
    15/04/2010 - 00h 28m
    MAIS BALELA!

    A UFF É TRADICIONALMENTE PETISTA!

    É ÓBVIO Q A PROFESSORA ESTÁ PRECIONADA.

    NÃO SERIA DEMITIDA CASO NÃO CEDESSE À PRESSÃO, ENTRETANTO, CERTAMENTE SOFRERIA SÉRIAS CONSEQUENCIAS.

    É ISSO AÍ, E AGORA O PREFEITO CAÔLHA DEPOIS DE TUDO GANHOU MAIS UM CABIDE DE EMPREGOS...

    O POVO TEM OS GOVERNANTES Q MERECE!


  19. BAS77 
    15/04/2010 - 00h 28m
    MAIS BALELA!

    A UFF É TRADICIONALMENTE PETISTA!

    É ÓBVIO Q A PROFESSORA ESTÁ PRECIONADA.

    NÃO SERIA DEMITIDA CASO NÃO CEDESSE À PRESSÃO, ENTRETANTO, CERTAMENTE SOFRERIA SÉRIAS CONSEQUENCIAS.

    É ISSO AÍ, E AGORA O PREFEITO CAÔLHA DEPOIS DE TUDO GANHOU MAIS UM CABIDE DE EMPREGOS...

    O POVO TEM OS GOVERNANTES Q MERECE!


  20. BAS77 
    15/04/2010 - 00h 28m
    MAIS BALELA!

    A UFF É TRADICIONALMENTE PETISTA!

    É ÓBVIO Q A PROFESSORA ESTÁ PRECIONADA.

    NÃO SERIA DEMITIDA CASO NÃO CEDESSE À PRESSÃO, ENTRETANTO, CERTAMENTE SOFRERIA SÉRIAS CONSEQUENCIAS.

    É ISSO AÍ, E AGORA O PREFEITO CAÔLHA DEPOIS DE TUDO GANHOU MAIS UM CABIDE DE EMPREGOS...

    O POVO TEM OS GOVERNANTES Q MERECE!


  21. tullio bonvini macacchero
    14/04/2010 - 22h 42m
    Pronto,o prefeito de niteroi, Jorge aquele que ignora, arrumou m jeito de mais empreguismo na cidade. o tal geonit. mais empregos para os amigos dele. Vcs sabiam que existe um tal conselho consultivo em niteroi, com 25 pessoas ue recem seis mil por mes para não fazer nada?


  22. Poucas 
    14/04/2010 - 20h 23m
    Reitores são eleitos sim. Servidores e alunos da Universidade votam.


  23. VotoNuloJá 
    14/04/2010 - 19h 13m
    Ele é nomeado, não?
    Acho q não podem eleger reitores...
    Essa UFF deve ser melhor q a UNB q até a casa do cara lá bancava a decoração de obras de artes...

    18h58 #metro rio operando com intervalos irregulares. Linha 1 std zn e linha 2. Toh a + 10 min esperando o metro. Rh
    3 minutes ago via The Remote