sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A valorização dos professores na nossa sociedade

Nos últimos dias temos observado uma série de propagandas do governo federal incentivando a carreira docente. O foco desta campanha tem como objetivo principal o recrutamento de jovens vestibulandos para a formação de novos professores que se dediquem principalmente nos ensinos fundamental e médio. Antes de tudo, devemos reconhecer o esforço do MEC nesta difícil e importante tarefa. Afinal de contas, sabemos que uma grande parte dos problemas do nosso ensino reside na falta de qualificação, remuneração e condições dignas de trabalho dos nossos mestres. Por outro lado, as perguntas que estão sendo vinculadas ao material do MEC e veiculadas nos meios de comunicação poderiam descrever bem os atuais dilemas que o crescimento tem causado ao nosso Pólo Universitário de Volta Redonda (PUVR). Por exemplo, perguntas como “Onde você trabalha, as pessoas sempre te dão as opiniões mais honestas?”, “Fazem perguntas que ninguém pensaria fazer?” ou ainda, “Você consegue debater com gente que realmente quer formar sua própria opinião?”, fazem um enorme sentido quando fazemos questionamentos em relação ao futuro bastante próximo dos cursos do ICex (Instituto de Ciências Exatas). Este Instituto deverá formar bacharéis e licenciados para prover a nossa sociedade de mestres qualificados e conscientes do seu importante papel na nossa sociedade. Contudo, as frases reproduzidas anteriormente servem para refletir o status quo da comunidade acadêmica de Volta Redonda. Neste momento, deveríamos nos pautar numa discussão saudável e com o objetivo de um pleno e sustentável crescimento da UFF na região Sul-Fluminense. No entanto, vemos o discurso de uma velha e desgastada oligarquia apontar que o principal problema do ICex reside apenas no conceito de que a idéia do novo Instituto deveria ter sido nucleada no Departamento de Ciências Exatas (VCE) da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda (EEIMVR). Não seria este o momento para discutirmos como sugerir e implementar novas ferramentas didáticas, expandir os laboratórios de ensino e pesquisa ou até mesmo divulgar os novos cursos de física, química e matemática do PUVR junto a nossa sociedade? Devemos acreditar que o momento é único e muito oportuno para darmos soluções para a criação deste Instituto e não ficarmos observando retóricas recheadas de ilações apoiadas nos possíveis problemas naturais que sempre acompanham toda etapa de crescimento.
Saudações Universitárias
Fabrício Lins

8 comentários:

  1. Sou aluna de engenharia mecânica da UFF e leciono física no pré-vestibular do CEDERJ. Vejo como meus alunos têm anseio por ingressar numa universidade pública e quando falo que estudo na UFF, seus olhos brilham. Tenho paixão por ensinar, sobretudo, lá. Mas vejo também como nossa universidade é pouco conhecida, na verdade, sinto que não há uma integração de sociedade e universidade. Meus alunos falam da UFF como algo distante de suas realidades. Eu digo: a universidade pertence a vocês. Queria muito que eles sentissem isso verdadeiramente e cabe a nós fazer com que isso seja cada dia mais real.

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  2. É verdade Darla! Embora a Constituição Federal tenha dito em 1988 no artigo 207 que a Universidade Pública tem como missão prover de forma INDISSOCIÁVEL o ensino, a pesquisa e a extensão, isso ainda está muito longe da realidade. Nós somos "filhos da ciência moderna", que transforma tudo em "departamentos" e foi isso que fizemos com a missão que o constituinte estabeleceu: criamos o "departamento do ensino" (PROAC), o "departamento da pesquisa" (PROPP)e o "departamento da extensão" (PROEX). Aí passamos a fazer as coisas separadas e, consequentemente, distante da sociedade, como você muito bem registra. Como também infelizmente os dirigentes da Universidade não têm visão estratégica, essa distorção continua sem ser tocada.
    Ainda bem que temos pessoas como você e muitos outros que, de forma voluntária, vão construindo verdadeiras "pontes" entre a universidade e a sociedade. Temos muita gente assim na Universidade... pena que elas não estão à frente da direção da universidade como um todo, que foi capturada por gente que pensa pequeno e que faz na universidade a mesma coisa que seus pares fazem por exemplo no Senado Federal, para escândalo do país e tristeza dos brasileiros.
    Estarei aí em Volta Redonda na próxima quinta-feira, 17/09/09, às 18 h, participando de um debate na livraria Veredas com o tema: "É possível ter ética na política?". Tem tudo a ver com o que estamos falando aqui...

    Forte abraço,
    Emmanuel
    Vice-Reitor

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  3. lá Darla e Emmanuel! Olá a todos leitores deste Blog! Como ainda não me registrei, vou me identificar de cara: Meu nome é Adriano de Souza Martins, e sou professor Adjunto da UFF, Campus de Volta Redonda. Sou físico de formação e leciono esta disciplina na engenharia aqui. Feita a apresentação, vamos ao ponto: Darla, existem iniciativas em andamento para se "popularizar" a universidade. Entre as atividades, tenho me envolvido especialmente na divulgação científica. Temos promovido encontros com demonstrações de experimentos nas escolas da prefeitura e ano passado eu organizei, junto com o CEDERJ. a primeira semana de Ciência, Tecnologia e Educação em Volta Redonda. Estas são atividades de extensão, que junto com o ensino e a pesquisa formam o tripé que norteia as ações universitárias, que resumem o serviço destas para a sociedade. Por outro lado, tanto teu e-mail quanto o do Emmanuel passaram longe do foco central do post do Fabrício: a ingerência "política" sobre as ações de crescimento do Pólo Universitário de Volta Redonda. Quando eu coloco a política entre aspas, é que a que está sendo feita não é a política cuja expressão veio do grego (Governo da Polis, da Cidade). A verdadeira política deve estar enraizada nos desejos e aspirações da sociedade. O que estamos vendo aqui é um cruel jogo em que se objetiva somente a permanência de um grupo no poder, e dane-se quem estiver na frente. Entre os obstáculos a serem vencidos na intervenção ora em andamento aqui, está a criação do Instituto de Ciências Exatas, ICEx. Este sim, sonhado, discutido ao longo de dois anos e planejado por um grupo de professores que somentem querem que a Universidade aqui cumpra seu papel social e cresça, oferencendo cursos de qualidade: nossas aspirações não são "políticas" e sim acadêmicas. Apesar do ICEx está com seus quatro cursos já no vestibular deste ano, as ações que estão em andamento aqui comprometem seriamente o cenário futuro. Pior para nós, que desejamos uma carreira acadêmica, pior para os estudantes, que terão menos opções de escolha e pior para a sociedade, que paga a conta, pois os profissionais que aqui seriam formados nas quatro áreas não darão seu retorno para a sociedade.

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  4. Prezados Adriano, Emanuel e Darla,

    Muito obrigado a vocês por comentarem algumas das minhas colocações publicadas no post acima. Como escolhi a carreira acadêmica como projeto de vida e tenho trabalhado em regime de dedicação exclusiva (de fato e fazendo Ensino, Pesquisa, Extensão e acho que agora também esta tal de Inovação por mais de 40 h semanais), fico feliz em observar que tanto os colegas (de VR e Niterói) quanto os nossos futuros engenheiros (e quem sabe futuros docentes) consideram importante que a nossa Universidade cumpra de forma coordenada as suas atividades que deveriam ser indivisiveis. Por essas e outras convicções, acho também que precisamos fazer agora sérias reflexões sobre o futuro dos novos cursos da UFF em Volta Redonda. Estas reflexões precisam ser conduzidas com o auxílio dos atores do processo, ou seja, os alunos, o corpo docente, os funcionários e principalmente a nossa sociedade.


    Saudações Universitárias,

    Fabrício Lins

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  5. Pois é...queria comentar sobre isso mas ainda não tinha achado espaço.

    Falo especialmente dos cursos de licenciatura (não que os outros não tenham que ser discutidos).

    “Onde você trabalha, as pessoas sempre te dão as opiniões mais honestas?”, “Fazem perguntas que ninguém pensaria fazer?” ou ainda, “Você consegue debater com gente que realmente quer formar sua própria opinião?”

    Lidar com essa realidade de questionamentos e opiniões não é tarefa fácil. Estimular esses hábitos que ajudam a formam sujeitos integrais também não é fácil. Ao contrário, a prática docente nas escolas de educação básica deve estar sempre aliada a formação que este professor recebe.
    Os adolescentes podem possuir o espírito do questionamento, mas dependendo da ação que o professor desenvolva, esse espírito crítico pode ser tolhido.

    Logo, agora que os cursos foram aprovados, que as grades estão prontas, acredito ser necessário questionar que tipo de formação esse futuro professor irá receber.
    O nome da moda na área de educação é professor reflexivo ou pesquisador. Que nada mais é do que um profissional crítico a respeito de sua prática cotidiana, de suas convicções, das teorias apreendidas, de si mesmo.

    Lidar com jovens não é fácil e muito do que nosso ensino básico perde hoje está pautado, entre outras coisas também citadas pelo Fabrício, na má qualidade da formação docente.

    Para que a escola continue (ou volte, ou seja...)o local estimulante, de mentes abertas e preparadas para a análise e o questionamento que as perguntas das propagandas governamentais apresentam, precisamos de uma formação docente de qualidade.

    No PUVR as licenciaturas estão no seu início, então, a hora é agora!

    Bom trabalho para vocês!

    Saudações acadêmicas!

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  6. A colocação do Professor Adriano foi perfeita para se entender o que está acontecendo no momento.

    O nosso Pólo (digo nosso pois pertence a toda sociedade, já que é uma instituição pública)passa por uma série crise de interesses, onde alguns tomam decisões sem pensar no futuro.

    Como disse o Professor Fabrício, deveríamos fazer as perguntas “Onde você trabalha, as pessoas sempre te dão as opiniões mais honestas?”, “Fazem perguntas que ninguém pensaria fazer?” ou ainda, “Você consegue debater com gente que realmente quer formar sua própria opinião?” Caso as fizéssemos, as respostas seriam tenebrosas!

    É triste ver uma instituição onde se deveria formar cidadãos, produzir discursos totalmente ilógicos e irresponsáveis como é feito atualmente no Pólo, permitam-me perguntar: Que cidadãos seremos nós? Já que, alguns dos formadores do nosso caráter fazem politicagem ao invés de trabalhar!

    Parabéns Professor, belíssimo texto!

    Abraço!

    Jean Pinheiro

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  7. Olá Jean,

    Muito obrigado pelos cumprimentos e principalmente pela sua preocupação com o nosso Pólo. Realmente, é triste ver pessoas que deveriam ser educadores fazendo uma politicagem barata e desprezando o trabalho de profissionais sérios. Acredito que o nosso Pólo precisa da ajuda e do apoio de todo o corpo discente da UFF de Volta Redonda para sair desta atual situação "tenebrosa".

    Um abraço,

    Fabrício Lins

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  8. Olá Fabrício, Emannuel, Darla, Aline, Pinehiro e todos leitores,

    Antes de mais nada, parabéns a todos pela participação ativa, sincera e objetiva de vocês nesse blog de discussão cujo foco principal é a nossa academia. A participação em Volta Redonda dos alunos e também dos funcionários e docentes no Conselho do PUVR parece ser incompreensível as pessoas e/ou politiqueiros vindos de outras terras. Além disso, ficou bastante claro que a opinião destas pessoas é que "reuniões de conselho são para seres superiores" e que um docente ou aluno "qualquer" não precisa ter acesso a informações da sua própria casa (Universidade). Este tipo de comportamento me indica que estamos vivendo um período cinzento ou ainda "dias de chumbo" no PUVR. Não podemos aceitar de forma passiva à demonstrações de falta de democracia e de desrespeito aos membros da nossa Comunidade Acadêmica. Faço aqui um apelo aos Conselheiros do Pólo que digam Não à INTERVENÇÃO e expressem as indignações daqueles que eles representam (vale lembrar que eles foram eleitos democraticamente pelos professores, alunos e técnicos) pelo naufrágio do Projeto Acadêmico do PUVR. Naufrágio este muito bem descrito pelo Jean. Também espero dos conselheiros uma cobrança incisiva e constante ao novo gestor do Pólo por soluções aos graves problemas apontados pelo antigo diretor do PUVR (Prof. Alexandre). Afinal de contas, o INTERVENTOR encontra-se diretor já por 4 semanas e até o momento ainda NÃO FEZ NADA!!! E esta estória para boi dormir de querer conversar de forma individual e secreta com cada conselheiro, isto está correto, é ético? Por que o novo diretor interventor não se apresentou para todo TODOS OS ALUNOS, SERVIDORES E DOCENTES? Por que ele insiste em ser TÉCNICO DE FUTEBOL em vez de Diretor (com r maiúsculo)? Por que ele trata os funcionários do Pólo como escravos que tem que viver dentro de uma senzala (colocar 14 colaboradores do Pólo na sala C21 é no mínimo atentar contra qualquer lei trabalhista no Brasil)? Por que os diretores da EEIMVR e ECHS derão boas vindas ao INTERVENTOR e NÃO COBRARAM dele o novo Projeto do Pólo? E as obras do Pòlo, por que estão paralizadas? E o reitor da UFF, por que ainda não veio à Volta Redonda apresentar o INTERVENTOR e explicar a Comunidade sobre o futuro (eleições, andamento das obras e futuras expansões) do PUVR?

    Saudações de um membro da Comunidade que TEME ser perseguido pela sua posição frágil no PUVR (a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, não é?).

    Enfim Saudações...Tempos Difíceis estes

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