segunda-feira, 30 de novembro de 2009

QUANDO O CARNAVAL CHEGAR

“Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...

E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...”


Quando o Carnaval Chegar – Chico Buarque de Holanda


Oi pessoal,

Sou professor lotado na Escola de Engenharia em Niterói, mas acompanho atentamente a mobilização de toda a comunidade da UFF, especialmente a do pólo universitário de Volta Redonda, incluindo o seus estudantes. Li a “Carta do IV Encontro do Interior – Angra dos Reis”, postada neste blog. Gostei. Gostei. Bom texto e boas idéias. Estou contente.

Há muito me incomoda a descrença quase generalizada na Política (com P maiúsculo) como forma de mudar (e melhorar) a sociedade. A pasmaceira e o conformismo generalizado me assustam.

Cenas como as que foram mostradas pela TV no último fim de semana (denunciando políticos flagrados sorridentemente abraçados a pacotes de dinheiro) acabam, por vezes, desanimando alguns. Peço, contudo, que pensem – esse fato não é corriqueiro. Não se vê todos os dias corruptos flagrados em público e denunciados através dos principais telejornais (apesar de todo mundo ter uma vaga noção de que essas coisas acontecem desde Pedro Alvares Cabral). Alguma coisa está mudando.

A novidade é que a “grande imprensa” já manjou há muito tempo que o nível de informação (e, portanto, o de cobrança) das pessoas aumentou. Entrou na “pauta” dos jornalões. Quem não der atenção a isso, perderá espectadores. A quase totalidade da população “está de olho”, atenta, e quer mais detalhes sobre o que é feito com os impostos pagos pelos cidadãos. Pragmatismo e politização. Nada de se satisfazer apenas com discursos de protesto, mas também a exigência mudança real e de resultados visíveis na qualidade de vida. Queremos agora e queremos já. Queremos mais.

Minha satisfação é saber que a UFF não está somente formando bons profissionais, mas também, no processo, formando bons cidadãos. E nesse processo de troca e de participação nas discussões acadêmicas relevantes, todos nós, alunos e servidores (professores e técnicos administrativos), nos tornamos cidadãos melhores.

Fui de uma geração que errou demais no movimento estudantil. Queríamos dar todas as respostas para tudo, quando o mais importante era fazer as boas perguntas e discuti-las coletivamente. Fazer as coisas juntos. Convencer e ser convencido. Mudar e ser mudado. Evoluir e amadurecer. Acreditar na mobilização coletiva para, de fato, mudar o mundo (um pouquinho, que seja). OUVIR OS OUTROS. No processo de amadurecimento, necessariamente perdem-se algumas ilusões. Contudo, desfazer ilusões não é desencanto, é aprumar a voz para cantar ainda mais alto.

A mobilização de muitos aí no pólo para construir uma Universidade ainda melhor - com Excelência Acadêmica e Democracia - me emociona, com uma boa parte dos alunos visivelmente ensaiando os seus primeiros passos nos caminhos da organização e prática da (boa) Política.

Acredito em vocês. Acredito em mudanças. Sem ingenuidades. No processo, errarão (erraremos) muito ainda, mas sem perder o ânimo e o senso de humor, o que é fundamental. Tentaremos, sobretudo.

Para os desanimados, que acreditam na bobagem de que para participar na Política é preciso um enorme “jogo de cintura”, sugiro que façam uma rápida leitura da letra de Chico Buarque, acima. De repente o carnaval chega mais cedo – um carnaval fora de hora, uma imensa Micareta Acadêmica – o samba no pé de cada um sairá naturalmente, tenho certeza

Saudações Acadêmicas,

Heraldo

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