quinta-feira, 5 de agosto de 2010

De olho no Futuro

A notícia abaixo publicada no jornal Valor Econômico indica um novo caminho para aprimorar a gestão do ensino superior no Brasil. Parabéns ao MEC, ao Dr. Fernando Haddad e aos idealizadores da proposta.

Estamos de olho no futuro.

Saudações Acadêmicas

Luiz Carlos Rolim Lopes
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Valor Econômico

De olho na visibilidade externa, MEC promove fusão de sete federais

Luciano Máximo, de São Paulo
05/08/2010


O modelo de consolidação setorial chegou ao ensino superior público. Na terça-feira, dia 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai oficializar a unificação de sete universidades federais das regiões sul e sudeste de Minas Gerais, criando uma única instituição, que passará a figurar entre as cinco maiores do país já a partir do ano que vem.
A superuniversidade terá a figura jurídica de um consórcio composto pelas federais de Alfenas (Unifal), Itajubá (Unifei), Juiz de Fora (UFJF), Lavras (Ufla), São João del-Rei (UFSJ), Ouro Preto (Ufop)e Viçosa (UFV) e já nasce com 46,3 mil alunos em mais de 400 cursos de graduação e programas de pós-graduação, 3,5 mil professores e 4 mil funcionários da área técnica e administrativa.
Inédita no setor público, a fusão foi inspirada em exemplos da França e dos Estados Unidos e prevê dar mais visibilidade internacional ao Brasil na área acadêmica, contou ao Valor o ministro da Educação, Fernando Haddad. "O país tem uma característica singular: é o 13º do mundo em produção científica, mas poucas universidades públicas aparecem como importantes por causa do caráter de excessiva fragmentação do sistema federal." Haddad refere-se às três universidades estaduais de São Paulo - USP, Unicamp e Unesp - e às federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), que aparecem em rankings mundiais de excelência.
As sete federais mineiras envolvidas no processo de unificação têm notas elevadas no sistema de avaliação de qualidade do MEC, o que aumenta as chances de reconhecimento internacional. Arquitetura e Urbanismo na UFV e Biologia na Ufla estão entre os três mais bem avaliados pelo ministério. Por outro lado, há cursos com péssimo desempenho: ciências da computação na Ufla está em 666ª posição no ranking do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
O formato de superuniversidade também traz ganhos de escala à instituição, que passa a ter maior capacidade de atrair investimentos - para pesquisa e novos laboratórios, por exemplo -, simplificar processos e gestão racional de recursos. Um colégio de reitores, com presidência rotativa, responderá pela administração do consórcio.
Para o reitor da Universidade Federal de Viçosa, Luiz Cláudio Costa, os alunos sairão ganhando com a integração acadêmica. "O estudante em Lavras poderá transferir créditos e fazer uma disciplina no campus de Viçosa ou Ouro Preto ou ampliar seu campo de pesquisa, com acesso a uma estrutura muito maior de professores e laboratórios", prevê.
A localização geográfica também pesou na decisão de aglutinar as universidades mineiras, que estão instaladas em 17 cidades situadas em um raio de 200 a 300 quilômetros de distância. Segundo Haddad, o modelo de superuniversidade tem espaço para ser copiado no interior do Rio Grande do Sul e Paraná, onde funcionam pelo menos oito instituições de ensino federais.
No momento, os reitores das sete federais elaboram o plano de desenvolvimento institucional (PDI) do consórcio, que orienta a atuação pedagógica de todo estabelecimento de ensino superior em operação no país. O documento, que será apresentado ao MEC em 15 de outubro, vai enfatizar a integração acadêmica, reforçando as principais atividades de cada federal. Viçosa e Lavras se destacam nas ciências agrárias, Alfenas foca o setor da saúde, com seus cursos de medicina e enfermagem, e Itajubá é reconhecida pela cobertura da área de tecnologia. "No consórcio, essas áreas serão abrangidas de modo complementar, o todo será maior que as partes", explica Costa.

4 comentários:

  1. É uma idéia, mas precisa ser muito bem discutida antes de ser implementada de orelhada (como se costuma fazer no Brasil).

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  2. Prezado Anônimo,
    se bem lermos a notícia, veremos que a proposta foi discutida e inclusive os reitores das instituições questão já elaboram, de modo, do PDI relativo ao grupo de universisdades.
    Não creio que seja uma proposta "de orelhada".

    Cordiais saudações

    Luiz Carlos Rolim Lopes

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  3. Caro prof Rolim, continuo achando a idéia a principio boa, mas ainda penso que foi pouco discutida sim. Toda fusão é muito complicada, pois há muitos detalhes e individualidades que caracterizam cada parte. Estamos falando de instituições centenárias.
    O aproveitamento automático de créditos em disciplinas entre instituições diferentes, por exemplo, me parece extremamente complicado.

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  4. Caro Anônimo,
    Aproveitamento de créditos/carga horária já é questão perfeitamente administrada pelas universidades. Tanto para graduação quanto para pós-graduação. O regulamento de cursos de graduação da UFF, por exemplo, prevê a mobilidade de estudantes. Assim, a equivalência de carga horária cumprida pelo estudante é apenas um ato administrativo da coordenação de um curso (que já deve ter previamente estipulado algumas regras para tal). Diversas universidades mantêm convênios com outras instituições nacionais e internacionais e os estudantes transitam entre elas em programas de intercâmbio. A questão mais delicada é a da política. Acho que esta sim constitui um fator complicador.
    Mas de todo modo, é interessante ver que, enquanto alguns querem dividir instituições e multiplicar burocracia, para criar gastos (onerando o contribuinte) que não estão diretamente ligados ao ensino de qualidade, outros já estão se juntando para promover sinergia.
    Cordiais saudações

    Luiz

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