sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DO FUNDO DO BAÚ

Pessoal,

Prometi a mim mesmo só escrever textos novos apos o mês de janeiro. Tive a tentação de responder imediatamente ao texto “O colapso da autonomia das universidades estatais”, postado nesse blog - bem intencionado, mas muito equivocado em suas análises e conclusões - mas mantenho a minha decisão. Tornarei pública a minha opinião num momento futuro. Atualmente, só estou divulgando alguns textos mais antigos que ainda têm alguma atualidade.

Estava limpando os meus arquivos antigos quando encontrei o primeiro dos textos abaixo, encaminhado quando era membro do CEP, às vésperas da votação sobre a “adesão” ou não ao REUNI. Nele, como sempre fiz, tornei pública minha opinião e externei algumas preocupações sobre o futuro, caso não tivéssemos a maturidade necessária para entender o momento que a Universidade Pública está passando. Premonitório, acho que parte dos meus temores se concretizou.

O segundo texto também saiu “do fundo do baú” e trata do assédio moral no trabalho. Já o divulguei aqui, creio, e o faço de novo, por achá-lo atualíssimo.

Uma das principais motivações para eu solicitar, em 2008, após dois anos de atividades, o afastamento da presidência da Comissão de Ética Pública da UFF foi uma certa frustração por não poder atender de fato as muitas pessoas que me procuraram tratando desse assunto.

O texto foi encaminhado para alguns colegas (técnico administrativos e docentes) enquanto eu ainda estava na Comissão. Ele é procedente pois, infelizmente, em alguns setores do serviço público, o assédio moral ainda é usado como instrumento para calar ou intimidar pessoas e/ou grupos que buscam manifestar suas opiniões.

Lembro que o assédio é uma questão de difícil verificação. Infelizmente, ainda buscamos fechar os olhos e fingir ignorar o que algumas vezes acontece ao nosso lado. O basta ao assédio depende da informação, organização e mobilização de todos nós.

Aí vão os textos, que dedico ao meu camarada João pela sua persistência e coragem. Por ousar lutar e conseguir vencer.

Heraldo

PS: Em breve será analisada no CUV a questão da consulta eleitoral para as Direções dos pólos e Unidades isoladas. Aos interessados – prestem atenção e conversem com os seus representantes.

SOBRE O REUNI

Colegas,

Em breve será apreciada, numa reunião conjunta dos Conselhos Superiores da UFF, a proposta de projeto da UFF elaborada para pleitear recursos dentro do REUNI – Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Como sempre fiz, desde que me tornei representante dos docentes do CTC no CEP, apresento a seguir minha posição pessoal sobre esse assunto para conhecimento de todos. Críticas e sugestões sobre o assunto são muito bem vindas.

Sou e continuarei sendo um ferrenho crítico do REUNI na sua forma atual, pela equivocada proposta acadêmica que o originou (a “universidade nova” – mesmo que tenha sido abandonada posteriormente), e pela forma como foi concebido. Dentro do processo de discussão desse programa há promessas de recursos inimagináveis na época FHC (os recursos adicionais sugeridos de forma virtual para a UFF até 2010 - cerca de 185 milhões de reais - teriam a mesma ordem de grandeza do que o previsto no mesmo período para a obra do arco rodoviário do Rio de Janeiro dentro do PAC).

Além disso, há sempre risco real de se optar pela simples maquiagem de indicadores (bacharelados fajutos de 3 anos para “reduzir a evasão”). Há, ainda, outras questões dúbias que precisam ser mais bem definidas e explicadas para o efetivo estabelecimento de grandes programas de estado.

O argumento de que a reforma universitária “emperrou” no congresso e de que ela deve ser discutida de forma “fatiada” através de Decretos do Poder Executivo é muito ruim. Pior ainda é o argumento de que “só adere ao REUNI quem quiser” - mas, caso não haja adesão, não haverá nenhum aporte de recursos adicionais até 2010. É como se o Reitor da UFF outorgasse um novo Regimento para a Universidade sob o argumento de que essa discussão “emperrou” no CUV. Como complemento, ele diria candidamente – como sou um democrata, cada Unidade é livre para aderir, ou não, ao novo Regimento, mas, neste caso, ela não poderá participar de nenhum dos programas do PDI.

APESAR DISSO, INFORMO AOS SENHORES QUE VOTAREI FAVORAVELMENTE A QUE A UFF SUBMETA UM PROJETO INSTITUCIONAL DENTRO DESSE PROGRAMA para tentar algum recurso adicional do MEC, por três razões simples:

1) Não devemos nos excluir desse processo;
2) Não queremos ser excluídos desse processo.
3) O projeto, pelo menos no papel, é bastante razoável.

Recursos públicos são públicos. Não aceito ficar de fora em nenhum programa que traga recursos públicos para a UFF e nem caio na “casca de banana” da adesão voluntária. Além disso, se é para fazer algum tipo de desobediência, creio que o melhor seria receber os recursos do REUNI e ignorar solenemente algumas metas voluntaristas impostas artificialmente - difíceis ou impossíveis de cumprir e que ignoram a questão da qualidade acadêmica.

Dificilmente essas verbas serão cortadas até 2010, ano eleitoral, independentemente do cumprimento das metas. O que me preocupa é: (i) a gestão coletiva democrática desses recursos; (ii) a falta de capacidade de executar com competência projetos academicamente adequados em tão reduzido prazo de tempo, (ii) o “pós 2010”, quando, certamente, teremos cortes, dependendo da melhor ou pior capacidade de gestão e de execução de cada IFES; (iv) finalmente, também me preocupa se a verba de custeio das universidades aumentará proporcionalmente ao aumento de gastos devido à expansão (energia, água, segurança, limpeza, etc.).

Li com atenção o projeto proposto pela UFF. Ele não nos compromete com nenhum modelo pré-fabricado de universidade e é bastante adequado para o prazo em que foi redigido. Evita, de forma hábil, questões desnecessariamente polêmicas e aponta caminhos quase consensuais tanto do ponto de vista acadêmico como de infra-estrutura. Também não inventa soluções mágicas para a redução de evasão (como os bacharelados de 3 anos para todas as áreas do conhecimento). Em termos de compromissos só apresenta o seguinte:

“Em relação aos objetivos gerais do REUNI, propomos que a UFF se disponha ao seguinte:
1) reverter a tendência de evasão escolar, hoje em 45%, para alcançar uma RELAÇÃO APROXIMADA a 90% entre o número de diplomados em 2012 e de ingressantes em 2007;

2) alcançar, em 2012, o total de 40.576 matrículas e de 2.858 professores do quadro permanente, os quais, EM UM REGIME DE 8 HORAS DE AULAS POR SEMANA, SERÃO EM MÉDIA RESPONSÁVEIS CADA UM POR 2 TURMAS DE 42 ALUNOS, considerando as peculiaridades mencionadas no item (9) acima.”

Peço a todos os colegas que leiam, pelo menos, o resumo da proposta. Não posso discordar de nenhum ponto apresentado.

Não aceito em hipótese alguma que esse desejo de apresentar esse projeto signifique ADESÃO irracional e submissa ao REUNI. Adesão é coisa para esparadrapo ou para político corrupto. Temos um bom projeto acadêmico e queremos participar, respeitando a nossa visão de mundo e de universidade. Se entrar algum recurso adicional do MEC para realizar parte do que está escrito no projeto, para mim está OK, desde que haja uma ampla discussão sobre os mecanismos de gestão e acompanhamento internos dos mesmos. Isso não nos impedirá de ser críticos ao longo do processo (até porque não há nenhum sentido numa universidade acrítica). Não há nenhum impedimento para adaptar ou aperfeiçoar detalhes do que está sendo proposto.
Vejo o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais como um PROCESSO, que começou muitíssimo pior do que está agora, e que já foi bastante alterado, acreditem, porque muitos foram firmes em manter suas críticas dentro dos fóruns democráticos existentes. Vou continuar batendo.

Informo a todos que sou um ferrenho crítico de alguns critérios usados pela CAPES para avaliar os programas de Pós-Graduação “stricto sensu”. Contudo, como ainda acredito no sistema, participo buscando mudar esses critérios nos fóruns adequados. Caso não acreditasse nessa possibilidade, estaria abrindo mão dos financiamentos da CAPES (incluindo as bolsas) e buscando a criação de cursos de PG livres, independentes do MEC.Já critiquei muito duramente a maneira que a FINEP elaborou e divulgou alguns editais, principalmente no caso do CT-INFRA, mas sempre acreditei que deveríamos participar dos mesmos. Em alguns casos conseguimos, efetivamente, mudar velhos paradigmas e procedimentos.

Um raciocínio análogo vale para o REUNI. Ainda acredito no sistema criado ao longo dos anos para o ensino superior público (Conselhos das IFES, eleições para reitores, ANDIFES, sindicatos, etc, etc.). A não participação num processo como esse seria o reconhecimento de que esse sistema faliu, de que ele não pode ser aperfeiçoado e nem representar a vontade da maioria, e que não temos a menor chance de fazer prevalecer as nossas idéias – portanto só nos resta a desobediência civil. Não nos vejo num momento político tão dramático assim, muito ao contrário. Estou bastante confortável para criticar duramente e participar sem crises existenciais mais profundas. Não consigo entender o dramalhão mexicano que está sendo feito sobre esse assunto.

Também não conheço ninguém que seja contra a redução da evasão escolar e o aumento de vagas no ensino superior público, “mantendo exigências de qualidade acadêmica, de dignidade do exercício profissional e de autonomia das instâncias colegiadas da UFF” (texto tirado do resumo do projeto). Além disso, todos os indicadores imaginários propostos pelo MEC podem e devem ser revistos ao longo do processo, caso contrário estaríamos apenas pondo a nossa vontade na frente da realidade.

Caso esses recursos sejam repassados para a UFF, a grande e verdadeira batalha será pelo controle e a gestão democráticos do programa (pois o papel aceita qualquer coisa), pela fiscalização pública da utilização dos recursos, pela execução competente das obras, por uma política clara de contratações de docentes e pela existência de indicadores para aferir o impacto acadêmico dessas ações.

Saudações universitárias
Heraldo

O QUE É ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO?

É a exposição a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização.

Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para a pessoa e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, em alguns casos, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o “pacto da tolerância e do silêncio” no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, perdendo sua auto-estima.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do indivíduo de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do “mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho.
Estratégias do agressor:

-Escolher a vítima e isolar do grupo.
-Fragilizar, ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em frente aos pares.
-Culpabilizar/responsabilizar publicamente, podendo os comentários de sua incapacidade invadir, inclusive, o espaço familiar.
-Desestabilizar emocional e profissionalmente. A vítima gradativamente vai perdendo simultaneamente sua autoconfiança e o interesse pelo trabalho.
-Destruir a vítima (desencadeamento ou agravamento de doenças pré-existentes). A destruição da vítima engloba vigilância acentuada e constante.
-Levar a vítima a gestos de desespero que podem levá-la a pedir demissão ou a ser demitida, freqüentemente, por insubordinação.

Explicitação do assédio moral:

Gestos, condutas abusivas e constrangedoras, humilhar repetidamente, inferiorizar, amedrontar, menosprezar ou desprezar, ironizar, difamar, ridicularizar, piadas jocosas relacionadas ao sexo, ser indiferente à presença do/a outro/a, estigmatizar os/as adoecidos/as pelo e para o trabalho, colocá-los/as em situações vexatórias, falar baixinho acerca da pessoa, olhar e não ver ou ignorar sua presença, rir daquele/a que apresenta dificuldades, não cumprimentar, sugerir que peçam demissão, dar tarefas sem sentido ou que jamais serão utilizadas ou mesmo irão para o lixo, dar tarefas através de terceiros ou colocar em sua mesa sem avisar, tornar público algo íntimo, não explicar a causa da perseguição, difamar, ridicularizar.

O basta à humilhação depende da informação, organização e mobilização de todos nós. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja vigilância constante objetivando condições de trabalho dignas, baseadas no respeito ao outro, no incentivo a criatividade, na cooperação.

O combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho exige a formação de um coletivo multidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio moral. Estes são passos iniciais para conquistarmos um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de cidadania.

Saudações Acadêmicas
Heraldo



Agência Senado - 08/01/2010 - Alunos de universidades públicas podem ser obrigados a prestar serviços ou pagar pelo curso

Agência Senado - 08/01/2010 - Alunos de universidades públicas podem ser obrigados a prestar serviços ou pagar pelo curso
por Ricardo Icassatti


“Obrigatoriedade de retribuição” é como o senador Valter Pereira (PMDB-MS) chama a sua proposta de obrigar universitários recém-formados em cursos gratuitos a prestarem serviços à comunidade ou contribuir financeiramente. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 47/09) já obteve parecer favorável do senador Wellington Salgado (PMDB-MG) e está pronta para entrar na pauta de votação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).


A PEC também alcança os formandos de pós-graduação de universidades públicas, que ficariam sujeitos às mesmas obrigações de prestar serviços à comunidade na área da sua habilitação profissional ou pagar ao ente federado (União, estado ou município) responsável pelo financiamento do curso. Neste último caso, o dinheiro seria utilizado prioritariamente na expansão de vagas na universidade gratuita.


Walter Pereira justificou sua proposta assinalando que, diante do "fenômeno universal" da urbanização e da complexidade do trabalho na sociedade, aumentou o número de jovens que se candidatam a cursar universidades. Para o senador, os cidadãos não são tratados igualmente em relação à oportunidade de ingressar no ensino superior.


- Uns fazem seus cursos de forma totalmente gratuita, nas universidades públicas, financiados pelos impostos pagos por todos; outros obtêm uma gratuidadeintegral ou parcial em instituições privadas, sustentada por isenção de tributos que poderiam beneficiar a todos; e os que recebem financiamentos são obrigados, no futuro, a ressarcir os gastos federais que representam somas consideráveis da receita das instituições privadas - observou.


Pereira disse que quer promover um ato de justiça, dando a oportunidade aos formandos de universidades públicas de "retribuir à apropriação por eles efetuada dos recursos de impostos pagos por todos que financiaram sua formação".


Em seu parecer, Wellington Salgado salienta a "grita" de autoridades e prefeitos carentes sobre a dificuldade de conseguir a dedicação de profissionais formados em diversas áreas demandadas pela população. Ele disse que essa carência seria suprida se os milhares de profissionais formados em universidades públicas fossem obrigados a prestar serviço comunitário em sua área de especialidade.


- Não se trata, absolutamente, a nosso ver, de limitar a gratuidade da educação superior. É sabido que as universidades e os outros institutos federais são custeados pela receita de tributos, como o Imposto sobre a Renda (IR), o Imposto dobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto dobre Operações Financeiras (IOF) e outras receitas, todas oriundas da população. Acontece hoje que todos pagam, mas poucos se beneficiam, em razão da limitação da receita e dos altos custos do ensino superior - concluiu.


Ricardo Icassatti / Agência Senado

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA DA ECHS-VR


Prezados docentes, técnicos e discentes.

Primeiramente gostaríamos de agradecer aos membros do colegiado da unidade que de forma unânime aprovaram a nossa indicação para assumir os cargos de diretor e vice-diretor da Escola de Ciências Humanas e Sociais de Volta Redonda (ECHS-VR).

Assumimos o compromisso de conduzir a ECHS-VR numa fase importante e que demanda muita atenção e dedicação. Embora seja uma posição pro-tempore, sabemos que a construção de uma unidade acadêmica forte inicia-se com o desenvolvimento de um projeto institucional sólido.
O motivo desta carta é esclarecer a comunidade acadêmica (docentes, técnicos e discentes) sobre as demandas, desafios, competências e os limites da direção nesta fase. Isso se deve ao fato de estarmos em Volta Redonda submetidos à estrutura do Pólo Universitário (PUVR), uma estrutura semelhante aos antigos centros, que existiam na UFF, mas que foram extintos, porém mantidos na interiorização.  Em Niterói as unidades de ensino apresentam uma estrutura administrativa própria com maior autonomia.

Como exemplo temos:
•    A unidade possui orçamento próprio, mas dependente da execução do PUVR. Para ilustrar, os recursos para prestação de serviços de segurança e a limpeza saem do orçamento da escola, mas a autorização ocorre pelo PUVR;
•    Os funcionários quando admitidos são destinados ao PUVR e depois lotados nas unidades;
•    A execução das obras está sob responsabilidade do PUVR, qualquer alteração ou sugestão da unidade, passa pela avaliação da direção do PUVR.

Existe um conjunto de prioridades, já apresentado em reuniões do colegiado da unidade e que precisa ser realizado, entretanto é importante informar quais são as responsabilidades da direção da ECHS-VR. Isso não quer dizer que iremos ficar passivos às carências, sejam elas de quaisquer naturezas, pelo contrário, trabalharemos com energia e equilíbrio para buscarmos as soluções possíveis.

Neste sentido elaboramos uma agenda (Quadro) com os principais assuntos que julgamos importantes para serem tratados durante o período que estaremos na gestão da ECHS-VR, indicando a autonomia decisória sobre cada assunto relacionado.

Quadro: Agenda Prioritária da Direção da ECHS-VR



Convidamos todos a participar da gestão da ECHS-VR, pois consideramos este momento uma parte importante da história da UFF em Volta Redonda. Sabendo que muitos desafios virão, o convite é feito para todos aqueles que tenham interesse numa ECHS-VR forte e de excelência.
Aproveitando desejamos um ano de 2010 de muitas realizações.

Atenciosamente.

Professores Murilo Alvarenga Oliveira (Diretor) e Ricardo Thielmann (Vice-diretor).

sábado, 9 de janeiro de 2010

'O colapso da isonomia nas universidades estatais' - O Globo

'O colapso da isonomia nas universidades estatais' - O Globo
por Luis Paulo Vieira Braga

A voracidade fiscal do Estado brasileiro provocou a oneração da folha salarial de modo geral, inibindo a criação de empregos formais e os reajustes salariais. O rebaixamento salarial, agravado na época de inflação alta, provocou reações heterodoxas por parte dos assalariados, que buscaram desde as formas clássicas de reivindicação salarial por meio de greves e protestos, passando pela ação judicial, até procedimentos de natureza individual, que no conjunto estão levando ao colapso da isonomia nas universidades estatais. O presente texto alerta para o caos em que está se tornando o plano de cargos e salários dos docentes das instituições federais de ensino.
O intervencionismo governamental na economia ao longo das recentes décadas produziu uma série de planos emergenciais para tentar corrigir desequilíbrios financeiros e econômicos: Plano Collor, Plano Bresser, Plano Verão etc. Os servidores públicos e suas associaçôes de classe identificaram em muitos casos prejuízos à sua categoria, ingressando então na Justiça para reaver direitos perdidos. Devido às peculiaridades do rito judicial, os ganhos de causa não benefeciaram a todos uniformemente. Dependendo da vara, do escritório de advocacia ou do sindicato, alguns professores foram beneficiados, outros não, configurando uma flagrante quebra de isonomia salarial generalizada por todo o país, gerando novas ações para reparar as consequências das ações precedentes, em uma espiral jurídica infindável.
O emprego público no Brasil sofre de alguns estigmas: ganha-se pouco, mas trabalha-se pouco, difícil de conseguir um, impossível de ser mandado embora. No rastro desta leniência, e aproveitando-se do expediente constitucional sobre acumulação de cargos públicos, muitos professores 40 horas em dedicação exclusiva que tinham tempo para se aposentar assim o fizeram e reingressaram, por concurso, muitas vezes no mesmo departamento, para uma nova matrícula 40 horas em dedicação exclusiva.
O fato contrasta com a figura do professor emérito ou do colaborador voluntário, que continua contribuindo para a universidade graciosamente após sua aposentadoria, embora só tenha uma matrícula. Apesar de algumas tentativas de inibição de reingresso na universidade através deste expediente, liminares na Justiça vêm garantindo a sua continuidade.
Em face da retomada da massiva intervenção estatal na economia, já anteriormente à recente crise mundial, pelo governo de coalizão liderado pelo PT, a mordida do Leão começou a doer na própria carne. A solução foi criar ou expandir programas de bolsas - que não geram encargos - ao invés de contratos formais de trabalho, contraditoriamente ao que o governo frequentemente cobra da iniciativa privada.
Bolsas não são um instrumento estranho à universidade, sempre foram utilizadas como instrumento de fomento à formação, à implantação de uma nova área e assim por diante. No entanto, cada vez mais alguns tipos de bolsas vêm sendo um subterfúgio para não criar novos contratos de trabalho, ou encobrir aditamentos aos contratos já existentes.
É o caso das bolsas de produtividade em pesquisa pagas aos professores 40 horas em dedicação exclusiva das universidades estatais. Gradualmente o CNPq, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, vem ampliando uma folha de pagamento paralela ao SIAPE que remunera professores com produtividade em pesquisa. A sua duração pode ser indefinida. A sua concessão, em tese, depende da produção científica do candidato, na prática, essencialmente, do seu êxito em publicar numa lista de periódicos elaborada pela CAPES, denominada QUALIS, e da anuência dos seus pares.
As consultorias praticadas nas universidades estatais não deixam de configurar em tese uma acumulação indevida. No entanto, o volume destas atividades cresceu tanto que merece um parágrafo à parte neste texto. Existem dois tipos mais comuns de prestação de serviço: projetos e cursos pagos. Eles foram legalizados pelo expediente de sempre - a mais valia. Ou seja, se pagar uma taxa ao Estado pode fazer, desde que alguns procedimentos jurídicos sejam respeitados.
Um deles foi a criação de fundações de apoio á universidade, que se incubiram da gestão destes recursos, ordenando despesas, fazendo pagamentos, etc, e repassando às universidades os saldos destas atividades, socorrendo assim o combalido caixa das IFES. Porém, em muitos casos as fundações foram o rabo que abanou o gato, e não o contrário. Gozando de autonomia financeira, movimentando vultosos recursos, diversas fundações se envolveram em rumorosos escândalos, dos quais o da Universidade de Brasília tornou-se o mais paradigmático.
A degradação dos salários dos docentes das universidades públicas provocou reações que vão do individual ao coletivo, do legal ao marginal, da ortodoxia à heterodoxia. No embate por uma ordenação deste quadro altamente instável dois extremos se confrontam - a restauração de uma isonomia estrita e a livre negociação de salários. Recentemente, o governo tentou uma ordenação das diversas formas de remuneração docente pela sua incorporação no contracheque, através de gratificações. Como na proposta a Dedicação Exclusiva passaria (corretamente) a ser uma gratificação e não mais um direito adquirido, independente do seu cumprimento ou não, o corporativismo uniu liberais e classistas no boicote ao novo plano e mesmo à sua discussão. Fica tudo como está até onde der.


Luis Paulo Vieira Braga é professor associado da UFRJ

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

50 ANOS

“Eppur si muove”
Galileu Galilei


A cidade de Brasília, a UFF e eu estamos fazendo 50 anos aproximadamente na mesma época (com alguns meses de diferença). Numero redondo e simbólico, pretexto para se olhar para trás, mas sempre vivendo o presente e sonhando com o futuro. Brasília é uma cidade surpreendente – patrimônio da humanidade, com um alto grau de complexidade e desenvolvimento, teve, nos últimos anos, 3 senadores cassados (ou que renunciaram para não serem casados) e um governador envolvido no chamado “escândalo do panetone”. Acho que os brasilienses (e os brasileiros) não merecem isso.

Acabei divagando nesse preâmbulo - vamos ao que interessa:

Prometi nas últimas mensagens encaminhar um texto intitulado “5 anos em 50”. Paciência. Farei algum suspense antes de apresentá-lo. Como quase todo cronista em época de férias, aproveitarei para “requentar” alguns textos antigos que, certamente, muitos não leram. Uma espécie de “melhores momentos” do programa. Após um breve período de descanso, volto mais diretamente ao tema prometido.

Em anexo, apresento um texto sobre a UFF que escrevi faz uns 5 ou 6 anos. Evidentemente com algumas atualizações. É a UFF real e sonhada, tudo ao mesmo tempo. Escrevi a pedido, para que se tivesse um texto institucional sintético para entregar a visitantes. O texto, e versões dele andam por aí. Fico contente.


UFF - CONTRIBUINDO PARA UMA SOCIEDADE MELHOR

Em 18 de dezembro de 1960 foi criada em Niterói a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro constituída pela incorporação de cinco faculdades federais (Faculdade de Direito de Niterói, Faculdade Fluminense de Medicina, Faculdade de Farmácia e Odontologia, Escola de Odontologia e Escola Fluminense de Medicina Veterinária) e três estaduais (Escola de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro, Escola Fluminense de Engenharia e Escola de Serviço Social do Estado do Rio de Janeiro). Em novembro de 1965, já tendo incorporado duas faculdades privadas (Faculdade Fluminense de Filosofia e Faculdade de Ciências Econômicas de Niterói) e o Hospital Municipal Antônio Pedro, a UFERJ passou a denominar-se UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão cada vez mais integradas às aspirações da comunidade.

Atualmente atendendo à cerca de 30.000 mil alunos, a UFF é constituída por unidades distribuídas em mais de uma dezena de municípios fluminenses e uma Unidade Avançada sediada em Oriximiná, estado do Pará. No estado do Rio de Janeiro, Niterói é a cidade que abriga a maior parte das suas instalações, incluindo a Reitoria e seus quatro campi principais: Valonguinho, Gragoatá, Praia Vermelha e Ciências Médicas.

Hoje a universidade oferece 69 cursos de graduação, 131 de especialização, 51 de mestrado e 42 de doutorado. Ao completar 50 anos, a UFF se destaca entre as grandes Universidades do país e continua em franca expansão. Uma política consistente de capacitação docente e de contratações tem proporcionado um rápido crescimento do ensino, da pesquisa e da pós-graduação de qualidade em diversas áreas do conhecimento, o que também permite destaque em atividades de extensão universitária.

O desafio atual é participar cada vez mais ativamente do processo de desenvolvimento local a partir de um conjunto de atividades desenvolvidas em regime de parceria e cooperação entre todos os setores da sociedade envolvidos. Um dos objetivos da UFF é influenciar na dinamização da economia regional e nacional, sempre comprometida com o desenvolvimento social e a melhoria da qualidade de vida da população.

Sendo uma das maiores universidades do Brasil e com uma notável inserção regional, a UFF busca parcerias nacionais e internacionais para enfrentar os desafios e oportunidades, num cenário de crescente globalização mundial. Entendemos que o conhecimento surge da necessidade de encontrar novas alternativas, mas, sobretudo, da possibilidade de discussão e troca de idéias, visando à criação de espaços privilegiados para a expressão da criatividade científica e para o diálogo construtivo.

Com a comunidade de professores, alunos e técnicos que possui, a UFF tem sido capaz de enfrentar essas dificuldades e desafios, buscando a consolidação do espaço acadêmico e o sucesso da universidade pública no Brasil, enquanto elemento indispensável para a soberania nacional.


ABOUT THE UNIVERSITY

Universidade Federal Fluminense was founded on December 18th, 1960 as Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UFERJ. After its foundation, five Federal Faculties from Niterói, three Higher Education Schools and two private Faculties were incorporated into it. The Municipal Hospital Antônio Pedro, known currently as Hospital Universitário Antônio Pedro was annexed in 1964 aiming at medical teaching, research and assistance. In 1965 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro was renamed Universidade Federal Fluminense.

UFF ranks among the greatest universities of the country and offers currently 69 undergraduate courses, 51 master’s degree courses and 42 doctor’s degree courses. Educating students at all levels, from undergraduate to the most advanced graduate level. Undergraduate programs are available to all high-school graduates who wish to attend the University.

Instructional programs at the undergraduate level transmit knowledge and skills to students. At the graduate level, students experience with their instructors the processes of developing and testing new hypotheses and fresh interpretations of knowledge. Education for professional careers, grounded in understanding of relevant sciences, literature and research methods, provides individuals with the tools to continue intellectual development over a lifetime and to contribute to the needs of a changing society.

Through our academic programs, UFF helps create an educated workforce that keeps the Brazilian economy competitive. UFF also provides continuing education for professionals to improve their job skills and enhance the quality of their lives.

By some of the best Brazilian researchers and students in hundreds of disciplines at its campuses, laboratories, hospital and other research facilities around the state. UFF provides a unique environment in which leading scholars and promising students strive together to expand fundamental knowledge of human nature, society, and the natural world. Its basic research programs yield a multitude of benefits for Brazil through the creation of new products, technologies, jobs, companies and even new industries, agricultural productivity, advances in health care, improvements in the quality of life.

The goal for UFF is to build a university for the 21st century and beyond: A university that will better serve the world through the quality, impact, and vision of its research, and through the new generation of leaders it will produce.

Saudações acadêmicas
Heraldo


PS: Parabéns para a UFF.

Coincidentemente, após eu haver mencionado o texto “5 anos em 50”, e perguntado se haveria atraso nas obras do plano de expansão da UFF, algumas obras entraram em ritmo bastante acelerado. É claro que não há nenhuma relação de causa e efeito. Contudo, fico contente. Dizem que a empresa encarregada de acompanhar as obras foi mudada, mas isso eu não posso confirmar.

É bacana ver as obras do instituto de Computação finalmente andando. Fui um dos professores da UFF que acompanhou e apoiou de forma bem próxima a transferência do Departamento de Computação do falecido CEG para o finado CTC, visando a criação do IC . Eu era conselheiro do CEP na época, o prof. Pedro Antunes era o Reitor e o professor Cícero o então Diretor do CEG. Tenho sido, portanto, testemunha involuntária da luta pela construção do prédio do IC desde a primeira verba obtida pelos seus pesquisadores num projeto aprovado no primeiro CTINFRA (em 2001, eu creio). Portanto, uma história quase bíblica de mais de 7 anos.